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ARTIGOS
TRANSFERNCIA DE CONHECIMENTOS CIENTFICOS E TECNOLGICOS DA
UNIVERSIDADE PARA O SEGMENTO EMPRESARIAL
Maurcio Fernandes Pereira
Doutor em Engenharia de Produo pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Professor adjunto 4 da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
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Pedro Antnio de Melo
Doutor em Engenharia de Produo e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Professor do Departamento de Cincias da Administrao - CAD e do Programa de Ps-Graduao em Administrao - CPGA
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Marcos Baptista Dalmau
Doutorado em Engenharia de Produo pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC Professor adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
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Carlos Augusto Harger
Mestrando no Programa de Ps-Graduao em Administrao pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
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Resumo
O artigo apresenta um panorama de como est estruturado o processo de cooperao entre a Universidade e o segmento empresarial em nveis mundiais e prope diretrizes para implementao e fortalecimento do processo nas universidades latino-americanas. Os resultados do estudo indicam que a transferncia de conhecimentos uma prtica rotineira em universidades asiticas, europeias e norte-americanas, especialmente a partir do sculo XIX com o advento da Universidade da Pesquisa. O surgimento de uma nova Universidade, muito mais aberta, interativa e empreendedora, em todas as suas frentes de atuao, fica evidenciado no pensamento dos autores que compem o texto, e consolida a mxima acadmica de que a Universidade somente poder cumprir seus princpios e finalidades se tiver liberdade para produzir, sistematizar e disponibilizar para a sociedade os seus resultados de pesquisas e projetos educacionais. Prope-se a criao de uma Agncia de Inovao Tecnolgica, como agente importante na interface desse novo modelo de Universidade, alinhada com as necessidades da sociedade e tendncias de um mundo globalizado
Palavras-chave: Universidade, transferncia de conhecimento, agncia de Inovao.
RAI Revista de Administrao e Inovao ISSN: 1809-2039
Organizao: Comit Cientfico Interinstitucional Editor Cientfico: Milton de Abreu Campanario Avaliao: Double Blind Review pelo SEER/OJS Reviso: gramatical, normativa e de formatao
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1 INTRODUO
A Universidade destaca-se no cenrio mundial como uma das instituies mais importantes da sociedade, principalmente quando se consideram as exigncias das economias globalizadas e o processo de inovao e mudanas contnuas nas organizaes e na sociedade. Efetivamente, essa instituio secular vem desempenhando um papel determinante na sociedade na qual se insere, seja exercendo sua funo precpua de ensino na formao de cidados e profissionais para o mercado de trabalho, seja nas funes pesquisa e extenso, contribuindo com o desenvolvimento e/ou aperfeioamento de grandes invenes colocadas a servio da sociedade.
As universidades, j dissertava Drucker (1999), caracterizam-se como instituies de servio e possuem responsabilidades sociais muito importantes. Elas no diferem muito das demais organizaes, especialmente no que se refere aos encargos de seus administradores, ao seu planejamento e sua estrutura organizacional. Entretanto, possuem valores e objetivos em que a diferena est, fundamentalmente, nas finalidades. Seu cliente no realmente um cliente da forma como o conhecemos, ele um contribuinte. Contribui financeiramente, independentemente de us-la ou no, com seus impostos, contribuies ou alocao de custos indiretos. Sobretudo, seu produto no serve para satisfazer desejos e necessidades individuais, mas sociais. Finalmente, o autor classifica-as como organizaes tpicas de sociedades desenvolvidas.
A Universidade, especialmente nas ltimas dcadas do sculo XX, conforme acentua Didrikson (2000), deslocou seus interesses por cultura e conhecimento geral, universal ou meramente profissional e tcnico. Vive, portanto, um de seus momentos paradoxais. Ao mesmo tempo em que se v amarrada s suas bases histricas, est diante de uma realidade global impositiva, que a remete a um comprometimento social mais eficaz.
Pode-se conjecturar, a partir do cenrio paradigmtico deste sculo XXI, que a Universidade est vivendo um dos seus momentos mais significativos desde suas origens, contudo, notadamente a partir da segunda metade do sculo XX, quando o conhecimento universal, sobretudo nas reas cientfica e tecnolgica, tem gerado mais conhecimento do que os perodos que marcaram o restante da histria da humanidade. Todavia, a adaptao da instituio universitria s mudanas exigidas pelo mercado enseja, certamente, uma reflexo bastante criteriosa, haja vista os princpios e finalidades que a tm norteado ao longo dos sculos.
2 O CONHECIMENTO E O MUNDO ORGANIZACIONAL
A transio de uma sociedade industrial para uma baseada no conhecimento e na informao tem trazido grandes mudanas para o ambiente social e organizacional. Vive-se neste sculo XXI um dos raros momentos da histria, um momento mesclado de oportunidades e de grandiosos desafios, com regras e estilos que refletem direta e indiretamente na maneira de viver das pessoas e dos sistemas organizacionais.
O conhecimento a nova moeda de troca. As organizaes sociais esto inseridas neste ambiente dinmico, de crescente competitividade e mudanas radicais e contnuas, supostamente ainda no enfrentados desde a Revoluo Industrial. So tempos em que diuturnamente, se quebram e/ou surgem novos paradigmas, que exigem modernas abordagens pessoais e profissionais.
A globalizao dos mercados est submetida ao conhecimento, competncia individual, ao aparecimento de competidores cada vez mais empreendedores, e nesse contexto
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turbulento, o conhecimento que gera inovao regra geral. Mas ele deixa de ser apenas uma ferramenta e transforma-se no caminho pelo qual as ideias, sistemas e pessoas se convertem em valor agregado. A inovao exige pessoas com habilidades criativas que estejam receptivas ao novo continuamente.
As organizaes tm em suas mos um enorme desafio suportado pelos avanos cientficos e tecnolgicos. Elas esto sendo motivadas pela necessidade de responder a um mercado globalizado que se expande. Diante dessa realidade, infelizmente, em uma parte significativa de organizaes, o horizonte parecer cada vez mais nebuloso, especialmente para as que insistirem em continuar copiando o que fazem os concorrentes.
A alternativa de sobrevivncia est na capacidade que as empresas tero de dar um giro radical em seus planos estratgicos, fazer predominar a inovao em oposio imitao, ou seja, definitivamente colocar o conhecimento a servio da gerao de valor e faz-lo mais rpido que a concorrncia e de forma constante.
Nesse turbilho, a crise institucional e o crescente ndice de desemprego atingiram pases com solidez empresarial como a Inglaterra, o Japo, os Estados Unidos, o Canad e a Alemanha. Todos esses fatos, a rigor, tm contribudo substantivamente para o desequilbrio de economias e do sistema de produo do mundo inteiro, principalmente nos pases emergentes, como o caso do Brasil, Rssia, ndia e China, refletindo na sociedade como um todo.
Se o sculo XX pode ser considerado como um grande e fecundo laboratrio, uma incubadora de modelos organizacionais, denominado por pensadores da Administrao como o sculo das organizaes, o sculo XXI inicia-se com a crise dos modelos administrativos sedimentados. O modelo de produo preconizado por Taylor e aplicado por Ford, no incio do sculo passado, est sendo delineado por novos processos e estratagemas provenientes de uma nova maneira de olhar o mundo, as pessoas e o meio ambiente. Em todos os pases desenvolvidos, argumenta Drucker (1999), a sociedade transformou-se em uma sociedade de organizaes.
Diante de um cenrio econmico de crescente competitividade, em que cada vez maior o desafio de reunir as condies fundamentais para o crescimento sustentvel, o futuro de organizaes sociais como as universidades passa, necessariamente, por repensar sua estrutura, modelo de gesto e posicionamento perante as ondas de mudanas que vm ocorrendo na sociedade. Se por um lado h avanos considerveis em sua estrutura e funcionamento, por outro, h tradicionalismos e corporativismos, incompatveis com a contemporaneidade e a velocidade das mudanas e inovaes exigidas pelo mercado e pela sociedade.
Em funo dessa realidade, essa investigao tem como objetivo principal conhecer e analisar o processo de transferncia de conhecimentos cientficos e tecnolgicos das Universidades latino-americanas e caribenhas para o segmento empresarial. Para dar suporte ao objetivo geral, foram escolhidos os seguintes objetivos especficos: 1) averiguar o estado da arte do processo de transferncia de conhecimentos cientficos e tecnolgicos das Universidades para o segmento empresarial; 2) conhecer e propor diretrizes para a interface entre as universidades e o segmento empresarial.
3 A TRANSFERNCIA DE CONHECIMENTOS CIENTFICOS E
TECNOLGICOS DAS UNIVERSIDADES PARA O SEGMENTO EMPRESARIAL
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A transferncia de conhecimentos cientficos e tecnolgicos resultante da parceria entre a Universidade e o segmento empresarial realidade e prtica rotineira em economias como Japo, Estado Unidos, Canad, Inglaterra e Alemanha. Nesses pases, j se consolidou a ideia de que a parceria entre esses segmentos um dos mecanismos fundamentais para incrementar a competitividade, o desenvolvimento cientfico e tecnolgico e a difuso de tecnologias. Alm disso, a interface apresenta-se como uma estratgia importante na consolidao de uma economia empreendedora, moderna, que dever contribuir significativamente para a melhoria dos indicadores socioeconmicos das naes.
Em pases emergentes, como o caso da China, da Rssia, da ndia, da Coria do Sul, do Mxico e do Brasil, a parceria que gera transferncia de conhecimentos cientficos e tecnolgicos do segmento acadmico para o empresarial destaca-se como um dos principais instrumentos de difuso de tecnologias indutoras de desenvolvimento.
Os avanos cientficos e tecnolgicos em nveis globais, especialmente em reas estratgicas, como telecomunicaes, infotecnologia, robtica, biotecnologia, nanocincia e nanotecnologia, alcanaram nveis espantosos. Apenas para exemplificar, a nanotecnologia saiu da fico, deixou de ser um modismo nos pases com maior potencial de investigao, e acionou o sinal de alerta nos ambientes cientficos e tecnolgicos do mundo inteiro. Cientistas do campo da Fsica, Qumica, Biologia, Matemtica e Engenharias esto voltando seus esforos para acelerar as descobertas na busca pela expertise que possibilite a construo de nanomquinas que os permitir entrar e manipular esse estranho, complexo e desafiante Universo, o nanomundo. O controle das nanopartculas j uma realidade e est permitindo ao homem criar tecnologias inteiramente novas com impacto na economia e demais reas do conhecimento.
Avanos importantes so apresentados sociedade tambm nas reas mdica, biomdica, energtica e agropecuria. Eles geralmente comeam nos laboratrios das universidades, nos centros de excelncia ou nas grandes empresas, em parceria com pesquisadores provenientes dessas instituies.
Com a reconfigurao scio-poltico-econmica, a cincia do sculo XXI mudou de ritmo, deixou de caminhar e comeou a dar saltos cada vez maiores e com maior velocidade. Em razo dessa dinmica, vem surpreendendo e preocupando o segmento industrial de todos os nveis, no apenas de pases desenvolvidos, mas principalmente dos pases em desenvolvimento que, despreparados e desprovidos de prticas inovadoras, de laboratrios e de potencial humano para pesquisa, se veem obrigados a voltar seus olhos para um dos poucos lugares privilegiados na gerao de novos conhecimentos: a Universidade.
Autores acadmicos e representantes de empresas promovem a cooperao como uma oportunidade indita de transferncia de novas tecnologias desenvolvidas nas Universidades para o setor produtivo, que, por consequncia, reverter em benefcios para toda a sociedade. Por outro lado h os que, quando no a refutam integralmente, buscam discutir a transparncia do processo, identificando vantagens, aes ou perigos na parceria. Se no podem impedi-la pelas circunstncias e tendncias do mercado e da prpria dinmica acadmica, procuram cercar-se de meios seguros da manuteno do atual status quo. Partem do pressuposto que preciso defender a Universidade como um patrimnio inalienvel da sociedade.
Percebe-se, na Universidade, que a discusso a respeito de suas relaes com o setor produtivo tem-se caracterizado como um tema recorrente e paradigmtico. O que se observa, todavia, que independentemente de seus protagonistas, a cooperao est crescendo muito rapidamente. Se as instituies e as pessoas no esto preparadas, so pegas de surpresa e
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podem sofrer revezes irreparveis em seu patrimnio e em suas vidas, ou at mesmo perdlas.
Em alguns pases latino-americanos, como Brasil, Chile e Argentina, a onda da cooperao, de certa maneira, j no to ameaadora, tendo em vista que j se faz presente e incorporada s rotinas de muitas instituies. Essa realidade, por conseguinte, tem propiciado aos interessados na questo, favorveis ou no, inesgotveis fontes de reflexo e discusso.
A inovao constante nos produtos e servios, exigida pela nova ordem mundial, de certa forma, est impondo s universidades, sejam elas pblicas ou privadas, o desafio da produtividade e competitividade, questionando-as e colocando-as frente a frente com seus valores e paradigmas mais sedimentados.
4 DIMENSES DO PROCESSO DE TRANSFERNCIA DE
CONHECIMENTOS DA UNIVERSIDADE PARA O SEGMENTO EMPRESARIAL
A exemplo do que ocorreu na Europa, na Amrica do Norte e em alguns pases da sia, como China, Japo, Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan, a parceria entre as universidades latino-americanas e o segmento empresarial dever inserir- se nesse novo contexto mundial, mesmo despontando como uma temtica das mais polmicas discutidas hoje no mbito desses segmentos.
O papel da cooperao Universidade Segmento Empresarial e sua relevncia para o desenvolvimento econmico e social de universidades da Amrica Latina, de acordo com Plonski (1999), tem como marco o ano de 1968. Naquela ocasio, o diretor da Comisso Nacional de Energia Atmica para a Argentina, Jorge Sbato, e Natlio Botana, pesquisador do Instituto para Integrao da Amrica Latina, entenderam e propuseram que, para a superao do desenvolvimento da regio e seu acesso condio de sociedade moderna, fosse realizada uma ao decisiva no campo da pesquisa cientfico-tecnolgica. Para esses estudiosos, a Amrica Latina estava apenas comeando a se conscientizar da importncia dessa questo. Os estudos de Sbato e Botana culminaram com o que viria a ser chamado de Tringulo de Sbato. Entendiam que para a participao da regio no desenvolvimento cientfico e tecnolgico seria fundamental que houvesse uma ao conjunta do governo, da estrutura produtiva e da infraestrutura cientfico-tecnolgica.
Essa configurao foi apresentada graficamente como um tringulo apoiado numa base, em que o governo ocupa o vrtice superior e os demais elementos, os vrtices da base. Para Plonski (1999), no Tringulo de Sbato ocorrem trs tipos de nexos: intrarrelaes entre os componentes de cada vrtice; inter-relaes, que se estabelecem entre os pares de vrtices e extrarrelaes, que so as que se criam entre uma sociedade e o exterior.
Alguns dos princpios estabelecidos pelo Tringulo de Sbato ainda permanecem na agenda da Amrica Latina: a necessidade vital de dinamizar as relaes entre os atores e o reconhecimento da dificuldade de estabelecer as inter-relaes horizontais. Entende o autor que isso representa uma pista do porqu de a cooperao universidade-empresa comear a tomar flego na regio apenas na dcada de 1990. Assim, trs instrumentos criados em 1990 se constituem no divisor de guas nos esforos da cooperao nos pases respectivos: a Lei de Promoo e Fomento Pesquisa Tecnolgica, na Argentina; a Lei Marco da Cincia e Tecnologia, na Colmbia e a Poltica Industrial e de Comrcio Exterior, no Brasil, com os programas de apoio capacitao tecnolgica da indstria e de qualidade e produtividade dela decorrentes (PLONSKI, 1999).
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5 DIRETRIZES PARA A COOPERAO UNIVERSIDADE E SEGMENTO
EMPRESARIAL NA AMRICA LATINA E CARIBE
Propor diretrizes para um modelo de cooperao pode ensejar uma enormidade de reflexes e questionamentos que, a rigor, poderiam inviabilizar as recomendaes aqui apresentadas. Entretanto, a proposta que se coloca em discusso no representa um modelo definitivo, que exija a implementao imediata de todos os seus aspectos, ou parte deles, mas serve como parmetro, se considerarmos que est suportada pela experincia vivenciada por universidades representativas da regio e que esto frente do processo.
Experincias exitosas nas reas de transferncia de conhecimento em todo o mundo tm demonstrado que um processo de cooperao eficaz passa, necessariamente, pela existncia de determinados agentes que do suporte interface. Sem eles, o processo torna-se fragmentado, no institucional e corre o risco de trazer mais malefcios do que benefcios para a instituio. Na sequncia, apresentam-se os requisitos e aes entendidos como fundamentais para a ocorrncia de um processo de cooperao, no mbito da Universidade, Governo e Segmento Empresarial.
5.1 UNIVERSIDADE
Autonomia: a autonomia a base da cooperao entre as Universidades e o segmento empresarial. Pode-se afirmar que imprescindvel e sem ela as universidades, especialmente as pblicas, no podem sequer pensar em estabelecer parcerias, porque normalmente se encontram enredadas pelo excesso de leis e burocracias, prprias do aparato estatal.
Comunicao: a comunicao um pr-requisito fundamental a ser considerado na parceria. Um sistema integrado de rdio, TV, jornal e Internet sempre podem valorizar as aes da Universidade, principalmente quando notificam seu potencial humano, resultados de pesquisas ou os projetos em andamento. A falta desse mecanismo de interface tem se caracterizado como um dos maiores empecilhos para a cooperao. O conhecimento restrito a grupos de saberes especficos ou armazenamento de ideias tem sido uma prtica rotineira na histria da Universidade. a sabedoria dos papis, da prateleira, dos congressos entre pares e dos vastos currculos para ostentao. No Brasil, est em processo de sedimentao a RedeIFES que atualmente est estruturada em 20 rdios universitrias distribudas em 19 Instituies Federais de Ensino Superior. Conta, ainda, com 24 TVs universitrias e outras cinco em processo de implementao ou concesso. Por esse sistema, as instituies esto interligadas, o que permite a disponibilizao em tempo real de contedos multimdia. Essa rede objetiva, em parceria com TV pblica potencializa a produo e a divulgao de contedo acadmico, produzido nas universidades.
Formao do Capital Intelectual: a interface entre os trs segmentos tem como suporte um bem intangvel e verdadeiramente imprescindvel que o capital intelectual que d suporte s instituies. Nesse caso, somente instituies que investem na formao de crebros podem interagir com sucesso. O desenvolvimento contnuo de profissionais tcnicoadministrativos, professores e pesquisadores um dos principais fatores de desempenho das instituies nessa rea. Um quadro de pessoas altamente qualificadas, especialmente nos nveis de mestrado e doutorado no exerccio das funes ensino, pesquisa e extenso, torna possvel a criao de novos saberes. Nesse sentido, as instituies devem propiciar os meios para que a equipe de profissionais esteja permanentemente em processo de desenvolvimento e potencializao.
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Formao e Capacitao de Dirigentes: a Universidade precisa criar mecanismos de formao e capacitao dos dirigentes na rea de gesto universitria. As lideranas devem estar preparadas no apenas para atender e solucionar as necessidades acadmicas, mas tambm para gerenciar um moderno e complexo sistema de interao com a sociedade e seus diversos setores, entre eles o empresarial. Precisa formar dirigentes que estejam conscientes da realidade global, que tenham viso holstica, que estejam prontos para exercer os quatro pilares fundamentais da aprendizagem, preconizados por DElors (1998), ou seja, aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. importante que saibam, ainda, interagir com tecnologia da informao e comunicao, com redes internacionais, que conheam os modernos processos administrativos, sistemas integrados de gesto e que saibam administrar os entraves burocrticos prprios da administrao pblica. Sobretudo, devem ser preparados para ser e fazer acontecer o pensar criativo da equipe, que exeram a liderana participativa, que sejam capazes de reconhecer competncias e o potencial individual dos colaboradores, ou seja, que conheam e saibam trabalhar com pessoas.
Fundos de Incentivo Pesquisa Institucional: a criao de fundos de incentivo pesquisa institucional pode gerar um sinergismo que alcanar propores inimaginveis no processo de formao acadmica, seja na graduao, seja na ps-graduao, especialmente em projetos de iniciao cientfica, em que o aluno ter seu primeiro contato com a pesquisa. Alm disso, esses fundos tm a funo de possibilitar aos alunos e professores a participao em congressos ou eventos cientficos. Os recursos desses fundos podem ser provenientes de percentuais subtrados de projetos de cooperao, fundaes de apoio pesquisa, cursos de especializao e aperfeioamento e at mesmo do prprio oramento da universidade. Os fundos de pesquisa devem ser amplos, atingindo a todas as reas de atuao da Universidade, de tal sorte que qualquer pesquisador docente ou discente possa beneficiar-se deles.
Pesquisa Cientfica e Tecnolgica: a pesquisa cientfica e tecnolgica na Universidade est pautada pela busca sistemtica e planejada de novos conhecimentos e mtodos de produo de bens de consumo e de servios. Este um requisito fundamental para o processo de cooperao. Sem pesquisa, a interface praticamente impossvel, porque a empresa espera resultados inovadores, enquanto a Universidade precisa gerar continuamente novos conhecimentos.
Laboratrios de pesquisa: laboratrios com infraestrutura e tecnologia de ponta esto na base da criatividade e da inovao e podem refletir no nvel da pesquisa desenvolvida. A empresa busca resultados concretos e inovadores; para atingi-los, vai apostar em universidades que possuam laboratrios com pessoas competentes que desenvolvam pesquisas que resultem em um produto comercializvel. Quando a empresa escolhe os laboratrios de uma universidade para fazer um estudo de um projeto que culminar num produto final porque sabe que ali tem gente para fazer isso com qualidade e confiana nos resultados.
Legislao e Centralizao do Processo de Cooperao: a legislao no processo de transferncia de conhecimentos fundamental. Sem ela o processo fragmenta-se e foge ao controle da instituio. preciso definir os procedimentos com regras claras. A formalizao de contratos deve ser um processo bsico. Nesse caso, preciso centralizar o processo no gabinete do reitor, do vice-reitor ou pr-reitoria de pesquisa e extenso, ou melhor ainda, criar uma Agncia de Inovao Tecnolgica. A centralizao e amparo em bases legais solidificam o processo de cooperao.
A fragmentao, o descontrole e desconhecimento institucional nas parcerias pem em risco os princpios e finalidades da Universidade. Uma relao desregulamentada permite aos
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envolvidos receberem recursos desordenadamente e at mesmo de maneira ilegal. No se pode desconsiderar que, sem um controle institucional e eficaz na execuo desse tipo de trabalho, com pelo menos estabelecimento de carga horria e uso da mquina institucional, pode ocorrer desvios de interesse por parte dos pesquisadores, alm de o trabalho acadmico correr o risco de se tornar enfadonho e desinteressante.
A transferncia de conhecimentos da Universidade no pode ocorrer de maneira fragmentada, fragilizada e sem regras disciplinatrias. Na prtica, sabe-se que o processo ocorre isoladamente, e muitas vezes sem a anuncia da prpria instituio. Normalmente, o processo fundamenta-se nas relaes diretas entre pesquisador e empresa, mas a responsabilizao civil pelo processo da Universidade.
5.2 SEGMENTO EMPRESARIAL
Na America Latina est sedimentada a ideia, tanto no meio acadmico como no empresarial, que pesquisa coisa de Universidade. E, por conta dessa ideologia, tambm se cultivou o modelo de Universidade que desenvolve tecnologia. Em funo dessa cultura, quase a totalidade das atividades das universidades voltada para a pesquisa cientfica e inovao tecnolgica. Contudo, o sucesso da cooperao no pode ficar apenas a merc do potencial cientfico e tecnolgico do segmento universitrio. Pases altamente desenvolvidos reconhecem que o segmento empresarial tem que dar sua contribuio cincia. Nos Estados Unidos, pas mais industrializado do mundo, mais de 80% dos doutores que saem das universidades esto no ambiente empresarial, enquanto na Amrica Latina e Caribe esta realidade inversamente proporcional.
A contratao de doutores pelas empresas uma iniciativa que leva conjugao de conhecimentos, efetividade e competncia cientfica entre os dois segmentos. A iniciativa pode ocorrer pelo menos de duas formas, por contratao ou por meio de bolsas concedidas ao doutores, em parcerias com universidade ou centros de pesquisas.
5.3 GOVERNO
Na composio trplice do processo de cooperao que gera transferncia de conhecimentos, o governo tem um papel relevante no estmulo, proposio de leis e implementao de aes que resultem em mais cincia e tecnologia. A participao do Estado torna-se fundamental, porque ele ainda o principal financiador das universidades latinoamericanas e caribenhas. Pressupe-se, assim, que o Estado dever comprometer-se, efetivamente, com:
Investimentos em Educao, Cincia e Tecnologia: o investimento em educao, cincia e tecnologia imprescindvel para que o governo possa estar efetivamente includo nesta trplice aliana. Sem ele os demais segmentos acabam sendo prejudicados, especialmente quando se considera que alguns elementos desse processo so requisitos sine qua non para a existncia e a afirmao da cincia como agente propulsor da criatividade e da inovao.
Se o Governo no faz investimentos em um sistema de ps-graduao forte, que tenha como meta a formao de pessoal em nvel de mestrado e doutorado, a pesquisa no se faz presente. Sem uma infraestrutura de trabalho e de salrios, com pesquisadores capacitados e laboratrios compatveis com os nveis requeridos pela cincia moderna, tambm no dever haver pesquisa.
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Os pases latino-americanos ainda investem pouco em educao, cincia e tecnologia. Quando se considera o montante aplicado por pases altamente desenvolvidos como Estados Unidos, Alemanha, Japo, Canad, esse percentual est muito aqum do necessrio, o que acaba por refletir em um baixo nvel tecnolgico e de competitividade, muito distantes do patamar necessrio. Tome-se como exemplo o Brasil, a dcima economia do mundo e primeira da Amrica Latina, e a Argentina, a segunda economia da Amrica Latina, mas que investem do PIB no mais do que 0,80% e 0,56% em educao e 0,65% e 0,49%, em cincia e tecnologia, respectivamente (INSTITUTO INTERNACIONAL PARA LA EDUCACIN SUPERIOR EM AMRICA LATINA Y EL CARIBE, 2008).
Secretaria de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico: a criao de uma secretaria de desenvolvimento cientfico e tecnolgico, em nvel estadual, um dos caminhos possveis para a centralizao e difuso de polticas pblicas de investimentos na rea. A criao desse organismo permite a organizao em nveis macros do processo e tem como objetivo financiar e estimular pesquisadores, universidades e centro de pesquisas, na busca pelo conhecimento novo. Ela serviria, ainda, como agente centralizador de interface entre agentes articuladores da cooperao, como as agncias de inovao tecnolgica, escritrios de transferncia de tecnologia, redes e incubadoras de base empresarial e tecnolgica, e os demais agentes.
5.4 AES CONJUNTAS: UNIVERSIDADE, SEGMENTO EMPRESARIAL E GOVERNO
Polos e Parques Tecnolgicos: o pice da trplice aliana, Universidade, Segmento Empresarial e Governo est na criao de polos e parques tecnolgicos. Eles podem ser considerados um segundo estgio mais avanado do processo e indicam a maturidade da relao e o momento de colher os resultados mais expressivos. Nos polos e parques tecnolgicos h uma expectativa muito grande de que eles sejam ambientes transformadores das pesquisas levadas a cabo nas universidades e centros de pesquisa. sabido que a inovao no ocorre, necessariamente, dentro das Universidades, mas quando esta transfere o conhecimento para o Segmento Empresarial.
Os polos e parques tecnolgicos so projetos importantes, na medida em que esto voltados de maneira constante para os setores que precisam do desenvolvimento de novas tecnologias, como o caso das empresas.
Apoio s Micro e Pequenas Empresas: o segmento empresarial latino-americano est fundamentalmente organizado com micro e pequenas empresas. Esse, portanto, um segmento em que os trs atores, Universidade, Governo e Segmento Empresarial, devem unir foras. Se considerarmos que a grande base da pirmide organizacional no mundo inteiro formada por empresa desse porte, h que se tomar conscincia dessa realidade e tentar fortalec-la.
Propriedade Intelectual e Patentes: a Amrica Latina e o Caribe so detentores de uma riqueza biolgica extraordinria. Embora essa realidade seja conhecida de todo o mundo, pouco se conhece de sua biodiversidade, especialmente da Amaznia seja por sua imensido e escassez de pesquisas e estudos, seja pela falta de divulgao no mbito regional. Fato preocupante tambm o desconhecimento do potencial que essa diversidade biolgica pode representar para o desenvolvimento econmico e social dos pases que compem a regio.
O patenteamento de produtos e servios j regra geral no segmento empresarial. Entretanto, o segmento universitrio ainda no tem know-how nem estrutura financeira nessa
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rea. Felizmente, h indicativos de que comea a se interessar pela questo. Muitas instituies esto criando mecanismos reguladores ou discutindo a importncia de aprovar legislao especfica, mas isso uma cultura que dever ser implantada muito lentamente, especialmente considerando que o investimento alto.
Incubadoras de Base Tecnolgica e Empresarial: a criao de incubadoras de base tecnolgica e empresarial vem crescendo em larga escala no mundo inteiro. Esse fato ocorre, predominantemente, pela necessidade das universidades sintonizarem suas relaes com o segmento empresarial e tambm pela viso empreendedora que comea a se firmar em determinados segmentos da vida acadmica. A implementao de incubadoras permitiria o surgimento de condies e facilidades necessrias para o desenvolvimento de novas empresas e negcios, gerando emprego, renda e desenvolvendo a cultura empreendedora nas comunidades. As incubadoras esto assentadas sobre o eixo de proviso de servios ou ativos do conhecimento. Dentre as aes e fatores de xito destacam-se: a) criao de empresas e gerao de empregos com altos valores agregados de conhecimento; b) prestao de servios de apoio como proviso de espao fsico; c) acesso a servios gerais, administrativos ou servios de consultoria; d) interao e apoio das universidades; e) disponibilidade de fundos de capital inicial, fundos de capital de risco; f) incorporao de talento humano de alta qualificao; g) inovao radical de produtos e processos (COLCIENCIAS, 2008).
6 AGNCIA DE INOVAO COMO MECANISMO DE INTERFACE PARA A
TRANSFERNCIA DE CONHECIMENTOS CIENTFICOS E TECNOLGICOS
A Universidade uma instituio consagrada no contexto poltico, econmico e social dos pases, sobretudo, por suas aes extensionistas e de cooperao com a sociedade. Ao longo de seus mais de oito sculos de existncia, e fundamentalmente a partir da criao da Universidade da Pesquisa, na Alemanha, e Universidade da Extenso, nos Estado Unidos, no sculo XIX, consolidadas no sculo XX, vem assumindo posies de destaque que lhe asseguram um carter inovador, uma identidade de competncias e de responsabilidades poucas vezes experimentados por outra instituio. Enquanto agente indutor de conhecimentos e construtor de uma nova realidade social, a Universidade se estabelece como uma das instituies de maior relevncia na construo de um mundo melhor.
As iniciativas acontecem em todas as reas de atuao, seja formando profissionais para atender a demanda da sociedade, seja pesquisando e colocando disposio dessa sociedade os resultados de seus conhecimentos.
O que se observa, contudo, que muitas de suas aes ainda esto num estgio muito incipiente. Se a formao de bons profissionais tem merecido o reconhecimento da sociedade, o mesmo no ocorre nas demais reas com tamanha intensidade. Embora os avanos na pesquisa sejam muitos, e representativos, muito ainda h que se fazer, principalmente tornar disponveis os resultados. Sendo assim, acredita-se que, para a sociedade usufruir dos benefcios da pesquisa, necessrio que a instituio universitria latino-americana faa um redimensionamento dessa rea, revendo suas polticas de transferncia de conhecimentos cientficos e tecnolgicos, o que, por si s, j requer uma reflexo profunda.
Nesse sentido, prope-se a criao de uma Agncia de Inovao e Transferncia de Conhecimentos Cientficos e Tecnolgicos, a qual serviria como mecanismo capaz de minimizar as dificuldades apresentadas e ampliar uma histria de sucesso e credibilidade junto sociedade. Alm de aprofundar suas relaes com a sociedade, num exemplo vivo de retorno ao que dela recebe, a Universidade poder, a partir desse ato, contribuir significativamente para o desenvolvimento do parque industrial dos pases, colocando
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disposio do segmento empresarial de micro, pequenas, mdias e grandes empresas todo o conhecimento cientfico e tecnolgico resultante de suas pesquisas.
Uma Agncia dessa natureza pode representar uma oportunidade de a Universidade se estabelecer definitivamente como uma instituio que tem vocao para a pesquisa e fortalecer a Extenso como uma de suas prticas mais fortes; sobretudo, voltar-se ao atendimento de demandas sociais concretas e buscar uma aproximao definitiva com a sociedade.
A Agncia dever estabelecer um novo paradigma para a reorganizao da pesquisa cientfica na Universidade. Adicionalmente, ir incentivar e oportunizar por meio de um programa multidisciplinar a pesquisa bsica ou aplicada de carter inovador, de modo a permitir que o conhecimento gerado seja transferido para os diversos segmentos da sociedade, subsidiando um novo olhar, uma nova maneira de trabalhar as polticas estabelecidas para as universidades, ou ainda, como prope Yunus (2000), a Universidade dever deixar transbordar um pouco desse saber para as populaes vizinhas e assim mostrar sua totalidade.
A Agncia dever ter, no mbito externo, a tarefa de estabelecer interfaces com as demais Instituies de Ensino Superior, com os organismos de fomento pesquisa, alm de viabilizar parcerias com organizaes governamentais, com Federaes das Indstrias, com representantes das associaes de micro e pequenas empresas, e com o terceiro setor, ou seja, cooperativas, fundaes e organizaes no governamentais (ONGs), entre outros organismos que estimulam o desenvolvimento das Micro Pequenas e Mdias Empresas MPMEs, o maior universo empresarial da Amrica Latina.
Alm disso, deve constituir-se como uma entidade referencial e de interfaces entre os centros de ensino, departamentos e pesquisadores, assumindo a responsabilidade pela centralizao de todos os projetos cientficos e tecnolgicos j desenvolvidos ou em desenvolvimento nas universidades, permitindo a interdisciplinaridade e uma dinmica jamais vista antes na Instituio.
6.1 MISSO E OBJETIVOS DA AGNCIA
A Agncia dever ter como misso precpua: fortalecer as relaes de cooperao da Universidade com a sociedade organizada, em especial, com o segmento empresarial e dever ter como objetivos:
a) No mbito Interno: construir um sistema de parcerias que permita a interdisciplinaridade entre as funes de ensino, pesquisa e extenso com os segmentos representativos da comunidade acadmica, estabelecendo relaes entre os diversos centros de ensino, faculdades, institutos e departamentos; b) Na Comunidade Local: estimular o desenvolvimento de um ambiente capaz de atrair investimentos baseados no conhecimento e a criao de empresas de base tecnolgica, alm de dar suporte s atuais instituies de pesquisa; d) No Pas: contribuir com as polticas pblicas de criao de um desenvolvimento sustentvel, fortalecendo e incrementando o sistema de pesquisa e uma poltica de inovao tecnolgica eficaz; apoiar, elaborar e implementar projetos que venham a contribuir com as polticas do Executivo; d) Na Amrica Latina e no Caribe: apoiar e fortalecer parcerias que permitam a integrao entre as Instituies de Ensino Superior e demais centros de pesquisa
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visando, sobretudo, fortalecer o desenvolvimento da regio latino-americana e caribenha. e) No Mundo: Estabelecer interfaces com centros de pesquisas, universidades, agncias similares, ONGs e organismos internacionais, como a UNESCO.
A Agncia dever desenvolver pelo menos cinco grandes linhas de ao:
1) Ser um agente assessor de Dirigentes e Pesquisadores da Universidade, na formao de parcerias com o segmento empresarial, instituies de ensino e pesquisa, agncias de fomento, visando gerao e difuso de conhecimento e tecnologia;
2) Organizar e divulgar a capacitao tecnolgica da Universidade; 3) Estimular o desenvolvimento de uma cultura empreendedora, envolvendo discentes, docentes e pessoal tcnico-administrativo;
4) Apoiar a prospeco das fontes de financiamento nacionais e internacionais pesquisa e aos programas de transferncia de tecnologia;
5) Estimular, capacitar e assessorar dirigentes, pesquisadores e tcnicoadministrativos da Universidade na proteo da propriedade intelectual e na transferncia de tecnologia.
6.2 Base de Especialistas e de Pesquisas
A criao de um banco de dados de especialistas no mbito da Agncia permitir aos pblicos interno e externo visualizar o referencial cientfico e tecnolgico existente na instituio. Essa base de dados dever se constituir de pesquisadores da Universidade, especialistas por rea de competncia, que estejam ou que tenham desenvolvido algum tipo de experincia nas reas de ensino, pesquisa e extenso. Dever ter como objetivos: disseminar o potencial humano existente na instituio e difundir conhecimentos cientficos e tecnolgicos tanto no mbito interno como no externo. A Internet ser a ferramenta bsica, que permitir o acesso irrestrito e gratuito aos dados institucionais, de qualquer parte do pas ou do mundo.
O banco de dados de pesquisas dever servir como um agente indutor e difusor do conhecimento acumulado, alm de servir como centro irradiador de novas pesquisas e de oportunidades comunidade universitria. Esse banco permitir comunidade interna e externa conhecer os projetos desenvolvidos na instituio ao longo de sua existncia. Evidentemente que esse tipo de banco de dados precisar buscar mecanismos de segurana que resguardem o direito de propriedade intelectual.
6.3 RGOS COMPLEMENTARES
Visando dinamizar as aes a serem implementadas pela Agncia, devero ser criados ou incorporados Agencia, rgos que tenham como funo dinamizar o processo de transferncia de conhecimentos. Assim, pressupe-se que sua estrutura inicial dever conter pelos menos os rgos abaixo discriminados.
a) Escritrio de Transferncia de Tecnologia ETT
O ETT dever ser um rgo complementar da Agncia de Inovao e Transferncia de Conhecimentos Cientficos e Tecnolgicos cujo atributo principal ser estabelecer
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uma rede de contatos entre os pesquisadores da instituio, os rgos governamentais de fomento pesquisa, as ONGs e o segmento empresarial.
Ele servir de elo entre os diversos segmentos, institucionalizando relaes, orientando parcerias e exercendo a interdisciplinaridade sempre que se manifestar a necessidade de integrao entre as diversas reas do conhecimento, no desenvolvimento dos projetos.
Dentre os principais objetivos de um escritrio de transferncia de tecnologia destacam-se: ser elo e estabelecer contatos com empresas; colaborar com os pesquisadores na orientao do projeto em face das necessidades das empresas; ajudar os pesquisadores na conduo do processo de negociao de contratos de pesquisa tecnolgica; relatar e negociar os contratos de transferncia de tecnologia; acompanhar o desenvolvimento dos projetos contratados entre empresas e a Universidade; buscar financiamento para o projeto em fontes governamentais; assessorar as empresas sobre os diversos aspectos da administrao da tecnologia; estabelecer proteo industrial e o registro de patentes, e, principalmente, divulgar os produtos da Universidade para a interao.
O escritrio de transferncia de tecnologia torna-se importante, especialmente quando se analisa a figura do pesquisador universitrio. Essa figura tem suas atividades voltadas para o desenvolvimento de pesquisas, sejam elas bsicas ou aplicadas dentro de sua rea especfica de atuao. O seu mundo o estudo da cincia. Todavia, quando se depara com a necessidade de apresentar suas pesquisas e de estabelecer relaes para transferncia de tecnologia surgem problemas. Ele no est particularmente familiarizado com questes burocrticas que envolvem o processo. Alm disso, torna-se difcil localizar nichos de mercado, negociar preos, vender seu produto, tendo em vista no ser esta sua rea de atuao.
Cabe, tambm, ao escritrio de transferncia de tecnologia, servir como um minimizador de dificuldades ou barreiras ocasionais surgidas ao longo do processo da cooperao, seja como mediador, seja como esclarecedor para questes muitas vezes mistificadas com relao universidade, por parte dos empresrios e vice-versa (CUNHA, 2002).
b) Departamento de Gesto da Propriedade Intelectual
O Departamento de Gesto da Propriedade Intelectual dever exercer, como principal funo, o estmulo, a proteo jurdica e a explorao econmica das criaes intelectuais. Desempenharia um papel auxiliar na negociao e redao de processos que induzam ao patenteamento de produtos e servios, viabilizando a proteo do conhecimento cientfico e tecnolgico produzido na Universidade.
c) Fundaes de Apoio Pesquisa
Considerando que as fundaes de apoio tm uma funo importante nesse processo, especialmente nos pases em que as universidades no possuem autonomia, ou que possuam legislao centralizadora, sugere-se que para a criao da Agncia de Inovao e Transferncia de Conhecimentos Cientficos e Tecnolgicos haja a participao financeira dessas instituies, especialmente no que tange implementao e manuteno da Agncia.
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As fundaes devero destinar 1% (um por cento) da receita bruta, resultante de projetos e outros tipos de aes administradas e/ou desenvolvidas por elas no mbito da Universidade.
Esse dinheiro ser a base de sustentao da Agncia, em investimento em iniciao cientfica, difuso cientfica, publicaes, congressos, conferncias e outros meios de difuso da cincia.
6.4 PROGRAMAS DE APOIO E COOPERAO
A Agncia dever manter pelo menos dois programas importantes: Programa de Apoio a Micro e Pequenas Empresas e Programa de Cooperao Universidade-Universidade e Centros de Pesquisa:
a) Programa Apoio a Micro e Pequenas Empresas
O programa de apoio a Micro e Pequenas Empresas dever se consolidar como um sistema de integrao da Universidade com o segmento que representa a maioria absoluta dos empresrios e base da economia dos pases latino-americanos e caribenhos. O programa promover iniciativas conjuntas que permitam identificar necessidades e capacitar o segmento, mediante aproveitamento do potencial tecnolgico da Universidade. O programa proporcionar a esse segmento empresarial a oportunidade de buscar nos profissionais da Universidade uma parceria capaz de promover a inovao de seus produtos, processos ou servios, minimizar suas deficincias, alm de se qualificarem para aumentar a competitividade no mercado.
b) Programa permanente de Cooperao Universidade-Universidade e Centro de Pesquisas
O Programa de Cooperao Universidade-Universidade e Centros de Pesquisas dever fortalecer o processo de integrao, por meio da pesquisa, da Universidade com todo o sistema universitrio e demais centros de pesquisa em nvel regional. Alm de permitir a criao de um sistema de parcerias, que possibilite a pesquisadores se unirem no desenvolvimento de projetos conjuntos, incentivar a explorao de temas que resultem em benefcios pesquisa das instituies envolvidas.
7 CONCLUSES
O processo de transferncia de conhecimentos cientficos e tecnolgicos da Universidade para o Segmento Empresarial j um paradigma inevitvel no contexto latinoamericano e caribenho. Diante do quadro de excluso social, de misria e analfabetismo, o fortalecimento da ideia de Universidade com responsabilidade social passa, necessariamente, pelo conceito de que educao um bem pblico, um direito humano inalienvel; neste princpio, entende-se que est implcita a ao direta da Universidade como instrumento de desenvolvimento do profissional, do ser humano cidado e como detentora de um imenso potencial cientfico e tecnolgico que dever ser colocado a servio da sociedade.
As mudanas no meio econmico e social so intensas, e as necessidades do mundo empresarial maiores ainda. Entretanto, mesmo diante de um mercado que cada dia mais pressiona por melhores desempenhos e de um cenrio de globalizao que remete a injustias e fomenta a pobreza, a Universidade no pode limitar-se a uma viso economicista. O papel a ser desempenhado pela Universidade nesse contexto certamente dever transpor uma de suas
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responsabilidades precpuas, ou seja, formar profissionais para o mercado de trabalho. Ela tambm dever destacar-se como agente criativo e impulsionador de inovaes cientficas e tecnolgicas que iro atender as demandas da sociedade, reafirmando seu papel de instituio comprometida com a responsabilidade social.
No que concerne ao pilar da trplice aliana, Universidade, Segmento Empresarial e Governo, entende-se que o vigor das relaes entre esses trs segmentos dever ensejar uma prtica que leve ao desenvolvimento cientfico e tecnolgico e ao equilbrio econmico das naes. Nesse quesito, o Estado dever exercer um papel fundamental, investindo maciamente na educao, na rea de cincia e tecnologia, na criao de leis que ordenaro o processo e na parceria com setores estratgicos, como a Universidade e o Segmento Empresarial. A perfeita articulao desses segmentos resulta em inovaes que geram novos produtos e servios, empregos, renda, impostos e maior competitividade. A experincia tem demonstrado que a cooperao quando chega a esse estgio resulta positivamente para os trs segmentos, deixando aflorar as consequncias em forma de benefcios para toda a sociedade.
Entende-se que o efetivo repasse e difuso de conhecimentos cientficos e tecnolgicos no dever ocorrer apenas entre os trs segmentos, mas tambm entre instituies de ensino, governos e empresas de toda a Amrica Latina, fortalecendo as relaes e a competitividade no mercado internacional. Devero ser criados mecanismos que reforcem a interface entre os trs segmentos, especialmente no que tange legislao; disseminar, incentivar e implementar a criao de incubadoras de base empresarial e tecnolgica e parques tecnolgicos; criar polticas publicas estratgicas que incentivem a cincia e tecnologia; criar um Agente de Interface que agregue os trs segmentos.
A cooperao deve pressupor aes de maior envergadura, pois a Universidade no tem tecnologia de prateleira, no deve ter e nem incentivar aes dessa natureza. Porm, esse fato ocorre em funo de haver uma distoro dos objetivos das universidades, em determinados setores acadmicos e empresariais, que ainda a veem como uma grande empresa prestadora de servios tecnolgicos, provenientes do resultado de suas pesquisas.
No processo de cooperao h uma tendncia natural em investir na pesquisa aplicada. Entretanto, seria um equvoco imaginar que a Universidade pode se desenvolver apenas numa determinada rea. preciso que ela continue aplicando maciamente na pesquisa bsica, porque ela quem na realidade vai dar suporte pesquisa aplicada.
A criao e transferncia de conhecimentos ainda uma funo inerente Universidade, especialmente em pases subdesenvolvidos, pela impossibilidade de as empresas criarem seus prprios laboratrios e de construrem um quadro de pesquisadores de alto nvel, sobretudo porque caro e totalmente fora de cogitao em regies onde h predominncia de micro e pequenas empresas, como o caso dos pases latino-americanos.
A cooperao est se transformando num elemento diferenciador dentro das universidades e das empresas. Alm de incorporar novos conceitos e prticas de ensino e de pesquisa, vem atendendo aos anseios de uma determinada parcela da comunidade acadmica e empresarial, constituindo- se como um processo crescente e irreversvel.
Entretanto, fica evidente no processo de cooperao, que a Universidade no pode simplesmente fazer parcerias com o setor produtivo porque isso se transformou num modismo nacional e internacional. Para que esse fato venha a se consolidar, trazendo benefcios reais s partes envolvidas, extremamente importante fazer uma avaliao, para saber se ela se enquadra nos requisitos mnimos para estabelecer uma parceria capaz de contribuir para o desenvolvimento e a inovao tecnolgica, que beneficie toda a sociedade.
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Logo, para se implementar um programa de parcerias, a Universidade precisa ter uma srie de atributos, pois sem eles se torna inoperante a parceria. Assim, a qualificao de seu pessoal docente com titulao em nvel de doutorado passa a ser fundamental. Laboratrios bem equipados, capazes de desenvolver tecnologia de ponta e pesquisa de base, so imprescindveis no processo, sem os quais no h como imaginar uma contribuio eficaz. A inexistncia desses fatores descaracteriza a cooperao e a Universidade desempenhar apenas o papel de prestadora de servios.
A tendncia da relao aumentar cada vez mais, no apenas pelos fatos assinalados anteriormente, mas, sobretudo, porque as partes envolvidas esto sendo incentivadas a entrar na onda da globalizao, interagindo diretamente com ela. Ou seja, se as empresas, a Universidade, e at mesmo o Estado, no se preocuparem com os novos conhecimentos e com o desenvolvimento de tecnologias vo ser atropelados por essa onda.
importante destacar que o processo somente ter xito se houver a participao irrestrita dos trs segmentos, Universidade, Segmento Empresarial e Governo, conforme preconizado por Sbato e Botana (1968). Nesse sentido, a participao do Estado fundamental, especialmente no repasse de verbas para a expanso do ensino e da pesquisa; e na difuso dos projetos de incentivos inovao tecnolgica e empresarial, a Universidade, como fiel depositria do conhecimento, deve transform-lo continuamente e repass-lo ao segmento empresarial para que este possa transform-lo e aplic-lo para uso de toda a sociedade.
Finalmente, entende-se que o processo de transferncia de conhecimento cientfico e tecnolgico no continente latino-americano e caribenho no dever limitar-se s relaes internas. Ele dever transcender as fronteiras dos pases e incrementar as relaes interinstitucionais com universidades, governos e qui com o segmento empresarial, visando ao desenvolvimento da cincia e aumentando a competitividade da regio em nvel internacional.
REFERNCIAS
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YUNUS, M. O banqueiro dos pobres. So Paulo: tica, 2000.
THE TRANSFER OF SCIENTIFIC AND TECHNOLOGICAL KNOWLEDGE FROM THE UNIVERSITY TO THE BUSINESS SECTOR
Abstract
The article presents an overview of how is structured the process of cooperation between University and business segment in world and proposes guidelines for implementation and strengthening of the process in Latin American universities. The results indicate that knowledge transfer is a routine practice in Asian universities, European and North American, especially from the nineteenth century with the advent of the University of Research. The emergence of a new University, more open, interactive and entrepreneurial in all fronts of action, is evident in the thoughts of authors who compose the text, and consolidates the most academic that the University may only meet its principles and purposes if has the freedom to produce, systematize and make available to society the results of research and educational projects. It proposes the creation of an Agency for Technological Innovation, as an important interface in this new model of university, aligned with the needs of society and trends in a globalized world.
Keywords: University, knowledge transfer, agency for innovation.
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Data do recebimento do artigo: 24/08/2009
Data do aceite de publicao: 05/11/2009
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Copyright Milton de Abreu Campanario 2009
Abstract
The article presents an overview of how is structured the process of cooperation between University and business segment in world and proposes guidelines for implementation and strengthening of the process in Latin American universities. The results indicate that knowledge transfer is a routine practice in Asian universities, European and North American, especially from the nineteenth century with the advent of the University of Research. The emergence of a new University, more open, interactive and entrepreneurial in all fronts of action, is evident in the thoughts of authors who compose the text, and consolidates the most academic that the University may only meet its principles and purposes if has the freedom to produce, systematize and make available to society the results of research and educational projects. It proposes the creation of an Agency for Technological Innovation, as an important interface in this new model of university, aligned with the needs of society and trends in a globalized world.
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