53
ARTIGOS
MODELO SINRGICO DE PESQUISA SUBSIDIADA: TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIA, CRIAO DE EMPRESAS E INOVAO
Joo Bento Oliveira*
Doutor em Administrao de Empresas pela Fundao Getlio Vargas de So Paulo FGV/SPProfessor do Mestrado em Administrao da Universidade Federal de Uberlndia UFU E-mail: [email protected] [Brasil]
Louis Jacques Filion
Doctor of Entrepreneurship Lancaster UniversityDirector of Rogers-J.A.Bombardier Chair of Entrepreneurship, HEC Montreal. The Montreal Business SchoolE-mail: [email protected] [Canad]
Resumo
O artigo analisa a natureza da transferncia de tecnologia desenvolvida por pesquisa subsidiada em instituies acadmicas e centros de pesquisa, e mostra algumas experincias que foram bem sucedidas no exterior. Atravs de estudo realizado no Canad, analisa os modelos de transferncia de tecnologia com a criao de empresas de base tecnolgica (EBTs) e com licenciamentos de patentes, comparando os resultados em termos de gerao de empregos e renda. Demonstra a definio de EBT, empreendedorismo tecnolgico e processo de inovao, bem como as defesas e controvrsias sobre a criao de empresas a partir da pesquisa aplicada. Em seguida apresenta tendncias mundiais das pesquisas subsidiadas, e compara o modelo tradicional de pesquisa com o modelo sinrgico que estimula a transferncia de tecnologia. Apresenta os benefcios e riscos da criao de empresa tecnolgica e, por fim, conclui que a criao de empresas a partir dos resultados da pesquisa estimula o empreendedorismo tecnolgico e a inovao, com benefcios para a organizao que deu origem empresa, ao pesquisador-empreendedor, e para a sociedade.
Palavras-chave: Pesquisa subsidiada; Empresa de base tecnolgica; Empreendedorismo tecnolgico; Inovao.
* O autor contou com apoio da CAPES para Estgio Ps-Doutoral no Exterior, realizado na Rogers-
J.A.Bombardier Chair of Entrepreneurship, HEC Montreal. The Montreal Business School.
RAI Revista de Administrao e Inovao ISSN: 1809-2039
Organizao: Comit Cientfico Interinstitucional Editor Cientfico: Milton de Abreu Campanario Avaliao: Double Blind Review pelo SEER/OJS Reviso: gramatical, normativa e de formatao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
54
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
1 INTRODUO
A gerao de conhecimento e tecnologia um processo que demanda uma quantidade de recursos que usualmente est fora do alcance dos membros individuais de uma sociedade. Uma razo para isso o fato de que apenas uma parcela do tempo e dos recursos dedicados ao estudo e pesquisa gera solues de valor aplicativo. No entanto, as sociedades que pretendem competir no mundo moderno entendem que devem investir em pesquisa, e estruturam-se para que essa gerao ocorra. No Brasil em particular, a gerao de cincia e tecnologia (C&T) tem ocorrido, sobretudo em instituies acadmicas. Dos cerca de cento e cinqenta mil cientistas e pesquisadores em atuao no Brasil, 82% esto nas universidades e 18% esto nos centros de pesquisa de empresas privados (CRUZ, 2008). A transferncia de tecnologia da rea de onde ela gerada para o setor produtivo requer a existncia de mecanismos eficazes. Ou seja, preciso que haja um sistema de incentivos capazes de levar transferncia. Diversos tm sido os modelos propostos e praticados, como grandes empresas contratando servios de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das universidades, universidades patenteando e disponibilizando tecnologias no mercado e montagem de incubadoras de empresas ligadas a universidades para a criao de uma empresa de base tecnolgica (EBT). Apesar das experincias internacionais bem sucedidas, no Brasil percebe-se uma dificuldade em encontrar as melhores formas de subsidiar, apoiar e promover o empreendedorismo tecnolgico (PLONSKI, 1999). Essa ineficincia pode ser considerada ainda mais grave pelo fato de no contexto brasileiro, ao contrrio dos pases mais avanados, as empresas no apresentarem tradio de investimento em P&D (FLEURY, 1999) e os profissionais mais qualificados estarem concentrados nas universidades e no no setor produtivo.
2 A NATUREZA DA CRIAO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLGICA
Por definio, uma empresa de base tecnolgica criada a partir de tecnologias desenvolvidas essencialmente dentro da organizao em que se origina essa empresa. Essa organizao pode ser uma universidade, um centro de pesquisa ou uma empresa privada. Normalmente, tal empresa tecnolgica possui mais de 50% das operaes em P&D, a maioria de seu pessoal altamente qualificada e possui uma elevada densidade tecnolgica. As principais fontes de fundos so poupanas pessoais e das famlias dos fundadores e os produtos dirigem-se ao mercado global. As primeiras vendas so realizadas h mais de um ano aps a criao da empresa. Assim, para haver a criao de uma nova EBT so necessrios uma nova tecnologia, os atores empresariais e tambm apoios criao dessa empresa (KADJIYOUALEU; FILION, 2002).
No Canad, e mais recentemente no Brasil, os atores do mundo da pesquisa e do mundo dos negcios reconhecem a pertinncia de desenvolver uma maior complementaridade de interesses dos setores privados com os da pesquisa subvencionada. Em uma poca de globalizao acelerada, devem-se adotar modelos interativos que permitam colocar no mercado os resultados da pesquisa, para que com os recursos obtidos continuem a realizar pesquisas de ponta. O principal entrave a essa prosperidade e ao desenvolvimento econmico est na dificuldade de adotar estruturas de inter-complementaridade entre a pesquisa e a sua criao de valor.
Nos Estados Unidos (EUA), a Lei Bayh-Dole, de 1980, permite s universidades patentear e licenciar, com exclusividade, invenes financiadas por fundos federais. De acordo com Zacks (2000), em 1998 as invenes universitrias contriburam para cerca de 280.000 empregos e geraram uma estimativa de US$ 33,5 bilhes na atividade econmica. Segundo esse
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
55
autor, essa lei terminou por exercer um papel capital tanto por estimular a economia americana quanto por permitir o lanamento de novas tecnologias, influenciando fortemente a vida das pessoas envolvidas. Devido ao grande aumento de licenciamentos pelas universidades americanas, essa lei tornou-se controversa e objeto de debate enquanto poltica pblica. Para as 84 instituies dos EUA que responderam s pesquisas de 1991 e 2000 da Association of University Technology Managers, o nmero de invenes aumentou 84%, a solicitao de novas patentes cresceu 238%, os acordos de licenciamento cresceram 161%, e os royalties cresceram em mais de 520%. De acordo com Thursby e Thursby (2003), os defensores da Lei Bayh-Dole argumentam que, sem ela, muitos resultados de pesquisas realizadas com fundos federais permaneceriam nos laboratrios.
Depois de vinte e oito anos, a situao americana um modelo de interao sinrgica entre a pesquisa e a comercializao dos resultados da pesquisa. Atualmente esse modelo se impe em muitas partes do mundo, e a existncia de um parque que sempre lana novas empresas de bases tecnolgicas favorece a prosperidade econmica. As pequenas e mdias EBTs comercializam um nmero crescente de produtos e de processos cuja concepo e posterior desenvolvimento repousam essencialmente sobre uma expertise universitria. Nos Estados Unidos, vrias grandes firmas americanas consideram que a pesquisa subvencionada e universitria necessria ao seu desenvolvimento e acelerao da inovao de seus produtos (MANSFIELD, 1998).
Filion e Lefebvre (2003) consideram que a pesquisa subvencionada oferece uma vivncia de conhecimentos e de tecnologia que so daqui em diante essenciais vida da sociedade. Avalia-se a qualidade de vida no apenas pela atividade econmica, ausncia de poluio, segurana das pessoas, mas tambm pela implantao rpida dos resultados da pesquisa sob a forma de produtos comercializveis e acessveis ao pblico, e a melhoria da maneira de viver das coletividades.
O movimento de gerao de saber e de novas tecnologias no se restringe mais apenas educao e formao. Nos dias de hoje, a participao da pesquisa subvencionada e dos processos de inovao na vida da sociedade pode se efetuar sob a forma de patentes vendidas ou licenciadas a uma empresa j existente, ou forma de criao de uma nova empresa tecnolgica que produzir ou comercializar os resultados da pesquisa. E essa nova via de comercializao contribuir para criar conexes que estimularo futuras pesquisas (FILION; LUC; FORTIN, 2003).
Depois de meados da dcada de 90, o nmero de empresas criadas no Canad a partir de uma inovao realizada por pesquisa subvencionada dobrou, como se pode ver na Tabela 1.
Tabela 1 - Aumento do nmero de criao de empresas de base tecnolgica no Canad 1999
Ano de incorporao
Antes de 1980
Joo Bento Oliveira e Louis Jacques Filion
De 1980 a 1984
De 1985 a 1989
De 1990 a 1994
De 1995 a 1998
No determinado
Total
Nmero 22 38 54 115 115 22 366 % 6 10 15 31 31 7 100
Fonte: Bordt e Read (1999)
Observa-se que o nmero de criao de empresas cresceu em mais de 100% na primeira metade da dcada passada, mantendo o nvel de crescimento no perodo restante. No que diz respeito a resultados econmicos, outro estudo compara a gerao de empregos e de receitas com duas modalidades de transferncia de tecnologia. Os realizadores da pesquisa
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
56
cujos resultados so apresentados na Tabela 2 consideram que a criao de EBTs, mais do que a concesso de licenas para a comercializao, aparece como uma escolha mais desejvel para as universidades canadenses, como tem ocorrido nas universidades americanas. De acordo com Gu e Whewell (1999), essa opo permite instaurar novos tecidos sociais mais bem adaptados a uma inter-relao sinrgica entre a pesquisa, a empresa e a sociedade.
Tabela 2 - Tipo de transferncia tecnolgica e crescimento. Comparao econmica (empregos e
rendimentos gerados) entre a concesso de licenas e a criao de empresas tecnolgicas no
Canad (dcada de 90)
TIPO DE TRANSFERNCIA LICENA CRIAO DE EMPRESA
TECNOLGICA
Nmero 750 107 Criao de empregos 4 000 5 700 Criao de empregos por unidade 5,3/licena 53/ empresa criada
Can $ gerados por vendas $ 5.000.000 $ 9.000.000 Can $ gerados por unidades $6.600/licena $84. 100/empresa
Fonte: Gu e Whewell (1999)
Observa-se que a criao de EBTs no perodo analisado contribuiu mais que a concesso de licenas economia canadense. As 107 empresas recenseadas criaram 5.700 empregos, gerando dez vezes mais postos de trabalho por unidade que a venda de licenas para comercializao de produtos. Estima-se que as outras repercusses econmicas decorrendo da criao de EBTs so de 20 a 30 vezes superiores quelas decorrentes de concesso de licenas. Elas implicam a fabricao e a comercializao de produtos a partir de novas premissas, enquanto a concesso de licenas limita-se utilizao de equipamentos e de recursos j existentes para fabricar e comercializar os produtos. Outras repercusses da criao de empresas tecnolgicas no so econmicas: elas tambm desenvolvem diversos setores de pesquisa que geraro numerosos efeitos sinrgicos sobre as novas atividades de pesquisa. Alm disso, uma EBT emergente necessita adquirir expertises em governana administrativa para validar os novos mercados, compor uma fora de vendas, desenvolver estratgia de marketing e canais de comercializao, definir modelos de precificao e realizar parcerias (OLIVEIRA; VIOLA, 2007).
3 CRIAO DE EMPREGOS ESPECIALIZADOS COM EMPREENDEDORISMO
TECNOLGICO
O emprego, em particular o emprego altamente especializado, um dos vetores econmicos mais dinamizados pela criao de empresas de base tecnolgica. No Canad, os resultados das pesquisas sobre criao de empresas demonstraram a dificuldade das novas empresas de alta tecnologia em recrutarem pessoal cientfico. O principal obstculo refere-se ausncia de pessoal especializado nos domnios da nova tecnologia de ponta. As pessoas que trabalham nessas empresas so freqentemente procedentes dos grupos de pesquisa que deram origem a elas. Foram estudantes de mestrado ou doutorado que aplicaram suas pesquisas e constituram empresas. Fora dessa fonte restrita, as novas empresas criadas no encontram facilmente pessoas competentes no setor da nova tecnologia emergente.
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
57
Cruz (1999) considera que a formao de profissionais qualificados e a gerao constante de pesquisa de ponta so indispensveis para a consolidao de um setor produtivo dinmico, e o processo de inovao s completa o seu ciclo dentro das empresas, quando as tecnologias geradas em laboratrio so incorporadas em produtos e comercializadas com sucesso no mercado. Assim, argumenta Cruz (1999), para intensificar qualquer tipo de inovao essencial a presena de universidades, centros de pesquisa e entidades de apoio s EBTs iniciantes. A ao de levar os resultados de pesquisa e tecnologias para o mercado foi denominada por Ndonzuau, Pirnay e Surlemont (2002), empreendedorismo tecnolgico, caracterizado principalmente pela gerao de novas EBTs por empreendedores com experincias anteriores em atividades de P&D, seja em grandes empresas ou em ambientes acadmicos.
4 CATEGORIAS DE CRIAO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLGICAS
De acordo com Bozeman (2000), Roberts (1991), Smilor, Gibson e Dietrich (1990), h algumas categorias bsicas de criao de EBTs como: criao interna (spin-off) um membro do pessoal de uma organizao ou instituio de pesquisa cria uma empresa a partir de uma tecnologia desenvolvida na organizao ou instituio; criao externa (spin-in) uma empresa criada por um pesquisador externo organizao, mas utilizando uma tecnologia desenvolvida nessa organizao; criao de sada (spin-out) a empresa criada porque a organizao que desenvolveu a tecnologia no quer mais essa tecnologia. tambm o caso de instituies ou universidades fortemente orientadas para a pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, com interesse em atuar como uma fonte de tecnologia para os empreendedores em potencial.
As novas EBTs originadas de um centro de pesquisa ou de uma universidade possuem algumas caractersticas comuns. Fundamentalmente, como mostra a Figura 1, os pesquisadores tecnolgicos atuam dentro de trs direcionadores bsicos de tecnologia: cincia de materiais, cincia da vida e cincia da informao. Nesses direcionadores de tecnologia, as pesquisas abordam todas as reas de engenharia, medicina, gentica, biologia, biotecnologia, nanotecnologia, telecomunicaes, softwares etc.
Joo Bento Oliveira e Louis Jacques Filion
Engenharia bio-molecular
Engenharia gentica
Sistemas humanos
Neuro-inteligncia hologrfica
Sistemas robticos
Modelagem e simulao de sistemas
Gerenciamento do conhecimento
Engenharia de software Comunicao em banda larga e redes
Sensores especializados
Materiais energticos
Fontes de energia
Figura 1 - Os direcionadores de tecnologia
Fonte: Oliveira e Moriguchi (2006)
Estrutura e Design de Materiais
Cincia
Cincia dos materiais
da vida
Cinciada informao
Tecnologia a laser
Nanotecnologia
Novos materiais e componentes microeletrnicos
Processamento de alta-resoluo
Figura 1 - Os direcionadores de tecnologia
Fonte: Oliveira e Moriguchi (2006)
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
58
Como observados por Kadji-Youaleu e Filion (2002) e Oliveira e Moriguchi (2006), o mais comum que uma EBT seja constituda por um grupo de pesquisadores com uma mesma formao tecnolgica, com uma pequena equipe empresarial (menos de 5 scios), cuja maioria no possui formao em gesto. Man, Lau e Chan (2002) observaram que a habilidade de gerar idias de negcios inovadores vista como necessria, mas no uma condio suficiente para empreendedores desenvolverem negcios que criam valor, com vantagens competitivas sustentveis e baseadas em inovao de seus produtos e processos.
Apesar das competncias relacionadas com o reconhecimento e desenvolvimento de oportunidades de mercado, outras competncias so multidisciplinares e incluem o relacionamento e construo de alianas, competncias conceituais, organizacionais, estratgicas e de comprometimento. Dentro de uma universidade h a grande oportunidade de parcerias entre os profissionais e pesquisadores das reas tecnolgicas com profissionais e pesquisadores da rea de gerenciamento, como forma de constiturem equipes multidisciplinares.
4.1 CONTROVRSIAS SOBRE A CRIAO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLGICA
Com a gerao de mais empregos e receitas devido criao de EBTs, pode-se mencionar tambm que ela contribui para diversificar as empresas no pas, dinamizar a indstria, e manter o patrimnio cientfico dentro do territrio nacional. Outros fatores de grande importncia so a promoo da cultura empreendedora no interior das universidades e instituies de pesquisa, e a associao firme do mundo dos negcios com o mundo da pesquisa.
Apesar de a criao de EBT ser cada vez mais freqente no Canad, esse tipo de transferncia tecnolgica permanece ainda pouco conhecido e freqentemente objeto de crtica. A criao de empresa tecnolgica aparece, para alguns, como uma maneira de conduzir as universidades e outras instituies de alto saber a desempenharem mais um papel de ator econmico e a relegar ao segundo plano sua verdadeira misso, ou seja, a educao, a formao e a pesquisa dedicada ao avano do conhecimento. Mais ainda, a criao de empresa tecnolgica descrita, por alguns, como sendo o fruto de simples interesse individual de pesquisadores que desejam aproveitar ao mximo das estruturas universitrias e de organismos subvencionados (FILION; LEFEBVRE, 2003). Dentro da comunidade universitria brasileira observa-se ainda a ausncia de consensos a respeito do tema (OLIVEIRA; DE PAULA, 2006), e na comunidade universitria canadense observou-se uma cultura no empresarial do mundo da pesquisa, a falta de vontade e liderana dos lderes institucionais, conformismo, conservadorismo e o medo da ao (FILION; LUC; FORTIN, 2003).
A criao de empresa tecnolgica no questiona a misso e o papel das universidades, mas a maneira de continuar a exercer essa misso e esses papis, diante de transformaes nas sociedades e da velocidade do desenvolvimento da tecnologia em que os indivduos atuam. A criao de uma empresa por pesquisadores, estudantes de graduao e ps-graduao e professores, fundada sobre um saber desenvolvido em um meio pblico e para-pblico torna-se uma nova forma de expresso e contribuio do mundo da pesquisa.
5 REMODELAGEM DAS INSTITUIES DE ENSINO E DIMINUIO DOS
FUNDOS PBLICOS DESTINADOS PESQUISA
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
59
Numerosos estudos sobre o mundo da pesquisa subvencionada, levadas tanto em nvel nacional quanto internacional, conduzem a uma remodelagem das instituies de ensino, de acordo com a Organisation de Cooperation et de Developpement Economiques (1998). Trs maiores tendncias foram identificadas como responsveis por essa transio.
A primeira a importncia do saber e de sua renovao dentro da economia que, por conseqncia, tem de direcionar os resultados da pesquisa subvencionada para resultados mais concretos a serem compartilhados com diversos atores econmicos
A segunda tendncia junta os movimentos da globalizao, abertura de naes, de regies e de instituies de ensino no mundo. As universidades esto operando mais e mais sobre uma cena internacional. Elas interagem dentro de um jogo de competio cada vez mais de parcerias, nas quais elas se unem para o desenvolvimento da cincia e para assegurar uma alimentao eficaz de informaes, de saberes inovadores e para se tornarem agentes ativos em seus pases de origem. Alm disso, as universidades e suas unidades de pesquisa se vem tambm confrontadas a uma forte concorrncia para a aquisio de parcerias comerciais. Em nvel mundial h universidades que possuem parcerias com empresas multinacionais de tecnologia da informao, de eletrnica, gentica, laboratrios farmacuticos, dentre outras empresas que utilizam tecnologias de ponta. Essa rivalidade entre atores universitrios aumenta a importncia do financiamento privado dentro da pesquisa subvencionada.
E a terceira tendncia com respeito s universidades dos pases industrializados a diminuio constante da proporo de despesas pblicas (em relao ao PIB) que afeta a pesquisa subvencionada.
Dentro desse contexto, pode-se melhor compreender a pertinncia da transferncia de tecnologia, em particular pela criao de empresas de base tecnolgica, a necessidade e vontade de desenvolver esses mecanismos de transferncia, mas tambm manter a sua popularidade. A comercializao do conhecimento intelectual vem modificar progressivamente a viso e mesmo a misso da universidade ao satisfazer trs objetivos: diversificar as fontes de financiamento da pesquisa subvencionada, renovar a cultura da pesquisa, e mesmo a de seus atores, e finalmente orientar a prtica da pesquisa mais direcionada s necessidades da sociedade.
No Canad, o desenvolvimento da pesquisa universitria repousa essencialmente sobre o financiamento governamental. No curso dos anos 1990 houve uma baixa importante nesses fundos. O financiamento do governo federal pesquisa universitria canadense regrediu de 61% em 1984 para 47% em 1996. exceo dos Estados Unidos, em que passou de 75% em 1984 para 73% em 1996, essa baixa no financiamento ocorreu em escala mundial. A Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE) publicou em 1998 um relatrio demonstrando uma dramtica reduo das despesas pblicas em pesquisa e desenvolvimento dentro do setor de educao superior dos pases industrializados. No Brasil, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq), maior agncia fomentadora de pesquisa no Brasil, cortou cerca de 15% das bolsas de iniciao cientfica em todo o pas em 2002 (TRIBUNA DO NORTE, 2007). A contrapartida para a manuteno da pesquisa universitria nos pases desenvolvidos tem sido o financiamento privado. De acordo com o relatrio da OCDE, em 1999 o financiamento privado em P&D universitria foi de 11% no Canad, 8,7% na Alemanha, 6,1% no Reino Unido e 5,7% nos Estados Unidos (ORGANISATION DE COOPERATION ET DE DEVELOPPEMENT ECONOMIQUES, 1998).
6 A PESQUISA SUBVENCIONADA: DE UM MODELO TRADICIONAL A UM
MODELO SINRGICO
Joo Bento Oliveira e Louis Jacques Filion
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
60
Na poca atual, pode-se considerar que os recursos para a pesquisa so sempre insuficientes. Compreende-se que o modelo tradicional de reconhecimento universitrio e de promoes seja essencialmente baseado nas publicaes, mais precisamente na cota de colquios, congressos e de revistas especializadas dentro das quais os artigos so publicados. Em realidade, valorizam-se exageradamente as publicaes e deixa-se de valorizar a aplicao da pesquisa. Depois de o artigo ter sido publicado, os pesquisadores no se interessam em procurar uma empresa para desenvolver o produto. Consideram mais vantajoso para a
carreira iniciar outra pesquisa, para publicar um novo artigo. Assim, as repercusses para a sociedade que financia as pesquisas so freqentemente mnimas ou mesmo nulas. A lgica desse sistema implica que so necessrios sempre mais e mais fundos para gerar mais e mais pesquisas que geram freqentemente apenas poucas repercusses sobre a sociedade da qual eles se originam. Esse o modelo tradicional cuja caracterstica fundamental o reconhecimento universitrio das publicaes por seus pares, e no qual as pesquisas ficam restritas ao mbito acadmico e no h transferncia de conhecimento. Como esse modelo se mantm, necessrio que outros pesquisadores e outros atores sociais gerem recursos e riquezas para continuarem a financiar as pesquisas (FILION; LEFEBVRE, 2003).
De acordo com Filion e Lefebvre (2003), o modelo sinrgico de pesquisa expresso pela criao de empresas tecnolgicas um modelo em que o reconhecimento vem da contribuio da pesquisa vida das coletividades que a geram. Alm da criao de empregos e pagamento de impostos, h os efeitos multiplicadores para a sociedade, como a compra de outros produtos e servios, e os efeitos retroativos, como a melhor definio das pistas a seguir pela pesquisa fundamental, contribuies freqentemente substanciais s instituies, no apenas sob a forma de taxas e royalties, mas tambm como doaes e recursos financeiros. Acrescentam-se a tais efeitos a motivao do pesquisador e a abertura de campos de pesquisas estimulantes para os jovens pesquisadores, em particular os estudantes de doutorado. Existe uma constelao de pesquisadores que so desenvolvidos em torno de uma EBT tanto no Canad quanto no Brasil.
Acredita-se que o lanamento de EBTs uma realidade que vai se impor, e que ganhar popularidade progressiva nos prximos anos. Por trs da escolha desse modelo situa-se a lgica implacvel e incontornvel da economia. A estrutura de relaes entre a pesquisa, a universidade, o financiamento da pesquisa, o Estado, as empresas e a sociedade, entrou em um processo de mudana rpida e profunda. Em efeito, nenhuma sociedade no mundo consegue manter um nvel de inovao competitiva utilizando um modelo tradicional de pesquisa subvencionada.
A razo fcil de compreender: as sociedades que continuam a financiar as pesquisas cujos resultados no podem gerar valor agregado encontrar-se-o mais e mais dentro de uma situao na qual no haver bastantes fundos para manter a competio com as sociedades que geram valor agregado com a colocao no mercado dos resultados das pesquisas. Esses resultados podem tambm ser comercializados para empresas j existentes, e as unidades de pesquisa recebero um percentual dessa transao. E quando os resultados da pesquisa so comercializados, os pesquisadores nela envolvidos geram o dinamismo empreendedor que tende a repetir esse modelo (FILION; LEFEBVRE, 2003).
Os custos das pesquisas tm sido mais elevados, em particular nas universidades que contam tambm com as pesquisas fundamentais. Como a competio entre as universidades se tornou mundial, elas valorizam a pesquisa como meio de transferncias tecnolgicas e de criao de empresas tecnolgicas. A transferncia de tecnologia sob a forma de criao de EBT permite colocar um tecido organizacional e um esprito empreendedor em torno das unidades de pesquisa. Isto cria uma dinmica forte devido aos efeitos da reciprocidade das empresas
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
61
tecnolgicas com as instncias de pesquisa a partir das quais elas so lanadas. Essas novas empresas estimulam ao seu redor, fornecem novas temticas, bem como meios para a pesquisa, e permite que os pesquisadores empreendedores desenvolvam as vises potentes e globais.
7 BENEFCIOS DA CRIAO DE EMPRESAS DE BASE TECNOLGICA
Para a organizao que deu origem a empresa de base tecnolgica
Em um primeiro momento, ao se aplicar a nova tecnologia no mercado, est-se valorizando essa tecnologia e tambm os pesquisadores que a desenvolveram. Os pesquisadores adquirem novas competncias em um processo dinmico de aprendizagens cruzadas, ao relacionarem-se com profissionais de diferentes reas e do mundo de negcios. A capacidade financeira da organizao que deu origem empresa cresce (vendas de patentes, licenas de comercializao, de direitos, aquisio de aes, e contratos de pesquisa que vm da nova empresa), e esse crescimento possibilita a aquisio de novos equipamentos, alm de aumentar a capacidade de pesquisa da instituio. Como resultado, a instituio de ensino que faz pesquisa pode criar novos programas de estudos, recrutar novos estudantes e pesquisadores e criar novos empregos para acompanhar o crescimento dos laboratrios. E tanto a instituio quanto seus laboratrios tero a sua reputao expandida no meio de pesquisa e empresarial, com repercusso nacional e internacional (OLIVEIRA; FILION, 2007).
Para os pesquisadores- empreendedores
Joo Bento Oliveira e Louis Jacques Filion
Ao empreenderem uma nova tecnologia, os pesquisadores esto fazendo tambm uma transferncia de suas aprendizagens, aprofundando e diversificando as pesquisas e o desenvolvimento cientfico. O pesquisador desenvolve uma autonomia e passa a atuar em um estgio de viglia tecnolgica, sempre desenvolvendo inovaes para permanecer no mercado em constante evoluo. E, por fim, ele ter tambm rendimentos adicionais como resultado de seu trabalho.
Para a sociedade
A criao de uma EBT com possibilidade de atuao em nvel nacional e internacional cria riquezas, gera empregos, diversifica o parque industrial, contribui para o desenvolvimento do pas, para a progresso cientfica e para a melhoria das condies de vida da populao. Os docentes e pesquisadores tendem a se voltar cada vez mais para o mercado, substituindo as tradicionais relaes de prestao de servios pela participao efetiva no capital societrio de novas empresas. Esse movimento dos indivduos, por sua vez, deve promover tambm uma integrao crescente entre universidades e setor produtivo, o que promete gerar desenvolvimento econmico para os locais que souberem incentivar e gerenciar esse tipo de relao (ETZKOWITZ; WEBSTER; HEALEY, 1998).
8 CARACTERSTICAS DO AMBIENTE UNIVERSITRIO E EFEITOS
POSITIVOS SOBRE A TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIA
Uma particularidade importante da consolidao da transferncia de tecnologia dentro de centros de pesquisa e universidades a valorizao da pesquisa aplicada na cultura da instituio. H a tendncia de valorizao das atividades externas do professor/pesquisador, e os critrios de contratao podero incluir a experincia prtica e o comportamento empresarial. Alm da lgica do ensino, da pedagogia e da pesquisa nos critrios de contratao, passa-se a
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
62
considerar tambm a lgica da contribuio social e a lgica empresarial. Comea-se a aperfeioar os programas de formao empreendedora e a sua difuso em todas as unidades acadmicas das universidades.
No Brasil comea-se agora a valorizar o registro de patentes dos resultados de pesquisas tecnolgicas nas universidades e centros de pesquisa pblicos, em sintonia com chamada Lei da Inovao (Lei n 10.973), em vigor desde dezembro de 2004 e regulamentada em outubro de 2005. Em seu artigo 16, menciona que as Instituies de Cincia e Tecnologia (ICT) devero dispor de Ncleo de Inovao Tecnolgica (NIT), prprio ou em associao com outras ICT, com a finalidade de gerir sua poltica de inovao. Cada ICT dever informar ao Ministrio da Cincia e Tecnologia a sua poltica de propriedade intelectual, patentes requeridas ou concedidas e contratos de licenciamento ou transferncia de tecnologia. De acordo com Marcovitch (1999), o futuro das empresas brasileiras passa pelo desenvolvimento de produtos dentro do prprio pas, sendo fundamental uma aproximao maior entre as instituies acadmicas e o setor produtivo. Nessa direo, percebe-se que o incentivo ao empreendedorismo tecnolgico-acadmico assume papel central nas discusses de cooperao universidade-empresa e de incentivo inovao. Com respeito ao NIT, verifica-se agora a necessidade de instituir equipes de especialistas da rea de gesto e negcios para se conhecer e avaliar as diferentes fontes de financiamento, avaliar a viabilidade econmica e comercial das novas tecnologias e, sendo viveis, recomendar incubadora de empresas ou ao centro empreendedor.
9 RISCOS DA TRANSFERNCIA DE TECNOLOGIA E CRIAO DE EMPRESA
DE BASE TECNOLGICA
Para a organizao que transfere tecnologia
Podem ocorrer desigualdades de tratamento e desmotivao daqueles que no esto envolvidos na criao de empresa e que no utilizam os recursos da organizao me. Tambm, inerente a todo negcio, h o risco de malogro das empresas criadas. Em casos de a nova empresa criada contratar pessoal especializado do laboratrio de pesquisa, podero ocorrer desestruturaes organizacionais cclicas nos laboratrios.
Para os pesquisadores-empreendedores
Os pesquisadores que participam da criao de uma EBT tero que aprender a trabalhar sobre dimenses mltiplas pesquisa e gesto s vezes em detrimento da pesquisa, o que pode causar crescimento de tenses, de stress e aumento das horas de trabalho. Tambm tero que aprender a gerir vrios riscos, alguns ligados criao da empresa e outros ligados aos prazos de publicao de trabalhos cientficos.
Para a sociedade
Existe o risco de compra das firmas criadas por multinacionais. Pode haver tenses entre as instituies onde se exerce a transferncia de tecnologia e as outras instituies que no o fazem. E tambm, o risco de desequilbrio social entre os criadores de empresas e aqueles que no participam do processo de criao.
10 FATORES GOVERNAMENTAIS E INFLUNCIA SOBRE A TRANSFERNCIA
DE TECNOLOGIA
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
63
Pode-se citar a necessidade de polticas fiscais, de critrios de concesso das subvenes de pesquisa que incluem repercusses econmicas, e de polticas de desenvolvimento industrial. No Brasil h incentivos s EBTs, como os editais da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministrio de Cincia e Tecnologia, as Fundaes de Amparo a Pesquisas estaduais (FAPs) e o CNPq. Deve, porm, haver um cuidado para no ocorrer um gap na liberao de recursos para projetos j aprovados das empresas de base tecnolgica que iniciaram suas operaes. Pode-se tambm estimular o financiamento de incubadoras de elevada tecnologia ligada s universidades, para que possam realizar um trabalho mais eficiente de apoio s empresas de base tecnolgica, necessidade esta verificada por Oliveira e De Paula (2006). Com maior quantidade de fontes para financiar a pesquisa e a possibilidade de sua aplicao com repercusses positivas para a sociedade, pode-se obter mais e melhores equipamentos para os laboratrios e estimular os jovens pesquisadores para esse mercado de trabalho.
11 CONCLUSO
Uma nova cultura de empreendedorismo e de inovao est surgindo no seio da universidade. Com a consolidao da transferncia de tecnologia como atividade inerente s universidades e centros de pesquisa, comea-se a pensar a pesquisa no apenas como "produo e transferncias de saber", mas tambm como "criao de riqueza". Existem experincias internacionais bem sucedidas de transferncia de tecnologia desenvolvida por instituies acadmicas e originadas de pesquisas subsidiadas, que beneficiam a sociedade em termos de emprego e renda.
No Brasil h uma ineficincia quanto transferncia de tecnologia, pois, ao contrrio de outros pases desenvolvidos, as empresas no apresentam tradio de investimento em P&D e os profissionais mais qualificados esto concentrados nas universidades e no no setor produtivo. Como a inovao s completa o seu ciclo dentro das empresas, quando as tecnologias geradas em laboratrio so incorporadas em produtos e comercializadas com sucesso no mercado, a criao de EBTs passa a ser uma alternativa importante a ser considerada. Para isto essencial a presena de universidades, centros de pesquisa e entidades de apoio s EBTs iniciantes, e principalmente empreendedores com experincias anteriores em atividades de P&D, seja em grandes empresas ou em ambientes acadmicos.
Em vrios pases as verbas para a pesquisa acadmica tm diminudo, gerando nas universidades uma tendncia a compartilharem os resultados da pesquisa subvencionada com os atores econmicos e a atuarem de forma competitiva na aquisio de parcerias com empresas multinacionais de tecnologia da informao, eletrnica, laboratrios farmacuticos, alimentos e outros. Foi apresentado um modelo sinrgico pesquisa subsidiada, que estimula a transferncia de tecnologia e a criao de empresas. Com ela verificou-se que a criao de EBTs a partir de pesquisa subsidiada pode gerar benefcios para a organizao que deu origem a empresa, ao pesquisador-empreendedor e para a sociedade, alm de estimular o empreendedorismo tecnolgico nas instituies de ensino e pesquisa.
REFERNCIAS
BORDT, M.; READ, C. Enqute sur la commercialisation de la proprit intellectuelle dans le secteur de l'enseignement suprieur. Ottawa: Statistique Canada, 1999.
BOZEMAN, B. Technology transfer and public policy: a review of research and theory. Research Policy, Amsterdam, v. 29, n. 4-5, p. 627-655, 2000.
Joo Bento Oliveira e Louis Jacques Filion
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
64
CRUZ, C. H. B. A universidade, a empresa e a pesquisa. Revista Humanidades, Braslia, n. 45, p. 15-29, 1999.
CRUZ, C. H. B. O sistema de C&T como parte do sistema nacional de inovao. Disponvel em: <http://ftp.mct.gov.br/cct/resumo3.htm>. Acesso em: 25 abr. 2008.
ETZKOWITZ, H.; WEBSTER, A.; HEALEY, P. (Eds.). Capitalizing knowledge: new intersections of industry and academia. New York: State University of New York, 1998.
FILION, L. J.; LEFEBVRE, G. Faire le point sur lessaimage technologique: les effets multiplicateurs de lessaimage technologique. Montreal: HEC Montreal, 2003.
FILION, L. J.; LUC, D.; FORTIN, P. A. Lessaimage dentreprises: vers de nouvelles pratiques entrepreneuriales. Montral: Transcontinental, 2003.
FLEURY, A. Gerenciamento do desenvolvimento de produtos na economia globalizada. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GESTO DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO, 1., Belo Horizonte, 1999. Anais... Belo Horizonte. UFMG, 1999. p.1-10.
FORTIN, P. A. La culture entrepreneuriale: un antidote la pauvret. Montral: Transcontinental, 2002.
GU, W.; WHEWELL, L. La recherche universitaire et la commercialisation de la proprit intellectuelle au Canada. Ottawa: Industrie Canada, 1999.
KADJI-YOUALEU, C.; FILION, L. J. Essaimage technologique: examen de la documentation. Montreal: HEC Montral, 2002.
LUC, D.; SAVARY, I.; FILION, L. J. Guide sur lessaimage dentreprises technologiques.
Montreal: HEC Montral, 2003.
MAN, T. W. Y.; LAU, T.; CHAN, K. F. The competitiveness of small and medium enterprises: a conceptualization with focus on entrepreneurial competencies. Journal of Business Venturing, New York, v. 17, n. 2, p. 123-142, 2002.
MANSFIELD, E. Academic research and industrial innovation and update of empirical findings. Research Policy, Amsterdam, v. 26, n. 7-8, p. 773-776, 1998.
MARCOVITCH, J. A cooperao da universidade moderna com o setor empresarial. Revista de Administrao, So Paulo, v. 34, n. 4, p. 13-17, 1999.
NDONZUAU, F. N.; PIRNAY, F.; SURLEMONT, B. A stage model of academic spin-off creation. Technovation, Amsterdam, v. 22, n. 5, p. 281-289, 2002.
ORGANISATION DE COOPERATION ET DE DEVELOPPEMENT ECONOMIQUES. La recherche universitaire en transition. Paris: OCDE, 1998.
OLIVEIRA, J. B.; FILION, L. J. Vantagens da criao de empresas de base tecnolgica como instrumento de transferncia de tecnologia. In: SEMINRIO NACIONAL DE PARQUES
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
65
TECNOLGICOS E INCUBADORAS DE EMPRESAS, 17., Belo Horizonte, 2007. Anais... Braslia: Anprotec, 2007. 1 DD-ROM.
OLIVEIRA, J. B.; VIOLA, C. H. The technological information incubated companies and the importance of market orientation. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON INFORMATION SYSTEMS AND TECHNOLOGY MANAGEMENT, 4., So Paulo, 2007. Proceedings So Paulo: TECSI, 2007. 1 CD-ROM.
OLIVEIRA, J. B.; MORIGUCHI, S. N. Innovative ways for teaching entrepreneurship: a university case. In: INTERNATIONALIZING ENTREPRENEURSHIP EDUCATION & TRAINING CONFERENCE, 16., So Paulo. 2006. Proceedings... So Paulo: FGV, 2006. 1 CD-ROM.
OLIVEIRA, J. B.; DE PAULA, G. M. Incubadoras de empresas e a busca de um modelo auto-sustentvel: o caso do Tringulo Mineiro e Alto Paranaba. Revista Gesto & Tecnologia, Pedro Leopoldo, v. 7, n. 1, p. 115-136, 2006.
PLONSKI, G. A. Cooperao universidade-empresa: um desafio gerencial complexo. Revista de Administrao, So Paulo, v. 34, n. 4, p. 5-12, 1999.
ROBERTS, E. B. Entrepreneurs in high technology: lessons from MIT. New York: Oxford University Press, 1991.
SMILOR, R. W.; GIBSON, D. V.; DIETRICH, G. B. University spin-out companies: technology start-ups from UT-Austin. Journal of Business Venturing, New York, v. 5, n. 1, p. 63-76, 1990.
TRIBUNA DO NORTE. Pesquisa universitria sofre derrota. Disponvel em: <http://www.universia.com.br/html/noticia/noticia_clipping_cjdg.html>. Acesso em: 17 abr. 2007.
THURSBY, J. G., THURSBY, M. C. University licensing and the Bayh-Dole Act. Science, Washington, v. 301, n. 5636, p. 1052, 2003.
ZACKS, R. The university research scorecard. Technology Review, Boston, v. 103, n. 4, p. 88-90, 2000.
A SYNERGIC MODEL OF GOVERNMENT SUBSIDIZED RESEARCH: TECHNOLOGY TRANSFER, CREATION OF COMPANIES AND INNOVATION
Abstract
This paper analyzes the nature of technology transfer, when technology is developed under government subsidized research in academic institutions or research centers. It presents some experiences that have been successful abroad. Based on a study carried out in Canada, the paper analyzes models of technology transfer bearing the creation of technological companies and licensing of patents, comparing the results in terms of generation of jobs and income. It departs
Joo Bento Oliveira e Louis Jacques Filion
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
66
from the definition of technological companies, technological entrepreneurship and innovation process, to arrive at the controversies on the creation of companies arising from applied research. Next, the paper presents international trends on government subsidized research, to compare the traditional model of research with a synergic model that stimulates technology transfer. It looks at the benefits and risks of the creation of technological companies, to argue that the creation of companies from the researchs outcomes stimulates technological entrepreneurship and innovation, with gains for the research institution that generates the technological company, the researcher-entrepreneur and society.
Keywords: Government subsidized research; Technological company; Technological entrepreneurship; Innovation.
___________________
Data do recebimento do artigo: 17/03/2008
Data do aceite de publicao: 29/04/2008
ARTIGOS - Modelo sinrgico de pesquisa subsidiada: transferncia de tecnologia, criao de empresas e inovao
_________________________________
RAI - Revista de Administrao e Inovao, So Paulo, v. 5, n. 1, p. 53-66, 2008.
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer
Copyright Milton de Abreu Campanario 2008
Abstract
This paper analyzes the nature of technology transfer, when technology is developed under government subsidized research in academic institutions or research centers. It presents some experiences that have been successful abroad. Based on a study carried out in Canada, the paper analyzes models of technology transfer bearing the creation of technological companies and licensing of patents, comparing the results in terms of generation of jobs and income. It departs from the definition of technological companies, technological entrepreneurship and innovation process, to arrive at the controversies on the creation of companies arising from applied research. Next, the paper presents international trends on government subsidized research, to compare the traditional model of research with a synergic model that stimulates technology transfer. It looks at the benefits and risks of the creation of technological companies, to argue that the creation of companies from the research's outcomes stimulates technological entrepreneurship and innovation, with gains for the research institution that generates the technological company, the researcher-entrepreneur and society.
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer