RAI Revista de Administrao e Inovao ISSN: 1809-2039
DOI:
Organizao: Comit Cientfico Interinstitucional Editor Cientfico: Milton de Abreu Campanario Avaliao: Double Blind Review pelo SEER/OJS Reviso: Gramatical, normativa e de Formatao
GESTO SUSTENTVEL DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E DESEMPENHO INOVADOR: UM ESTUDO MULTICASO NO SETOR MINERAL BRASILEIRO
Adilson Carlos da Rocha
Doutorando em Administrao pelo Programa de Ps-Graduao em Administrao na Universidade
Positivo UP
Professor do Centro de Cincias Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Oeste do Paran
UNIOESTE
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
Clandia Maffini Gomes
Doutora em Administrao da Faculdade de Economia, Administrao e Contabilidade da
Universidade de So Paulo FEA/USP
Professora do Departamento de Cincias Administrativas da Universidade Federal de Santa Maria
UFSC
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
Jordana Marques Kneipp
Doutoranda em Administrao da Universidade Federal de Santa Maria UFSC
Professor da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
Caroline Rossetto Camargo
Mestranda em Administrao da Universidade Federal de Santa Maria UFSC
mailto:[email protected]
Web End [email protected] (Brasil)
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo analisar a associao entre a gesto sustentvel da cadeia de
suprimentos e o desempenho inovador do processo produtivo em empresas do setor mineral brasileiro.
Para atingir esse objetivo utilizou-se como base os pressupostos tericos de Pagell e Wu (2009),
Makkonen e Van Der Have (2012) e Gunday et al. (2011). O estudo possui uma abordagem qualitativa
e natureza exploratria e descritiva. Como estratgia de pesquisa, utilizou-se o mtodo de estudo
multicaso, desenvolvido a partir de entrevistas exploratrias e pesquisa documental. Dentre os
principais resultados, foi possvel destacar, em dois casos, a disposio proativa em prol de polticas e
aes que contribuam para a sustentabilidade da cadeia de suprimentos, tendo em vista que foi possvel
evidenciar a adoo de prticas sustentveis e de inovao em processos nas empresas Carvo I e
Ferro-Nquel. Por outro lado, na empresa Carvo II, o pressuposto orientador do estudo no pde ser
corroborado pelas evidncias. Os resultados sugerem que parte das organizaes que atuam no setor
mineral brasileiro est buscando atender s demandas dos seus stakeholders, principalmente no que se
refere ao investimento em aes sustentveis ligadas as dimenses ambientais e sociais.
Palavras-chave: Gesto sustentvel; Inovao; Cadeia de suprimentos; Indstria mineral.
Gesto sustentvel da cadeia de suprimentos e desempenho inovador: um estudo multicaso no setor
mineral brasileiro
1. INTRODUO
A gesto para a sustentabilidade possui como premissa a incorporao de aspectos econmicos, sociais e ambientais na estratgia e nas operaes das organizaes, representando um desafio emergente para as empresas. A adoo de uma gesto sustentvel, que incorpore aspectos econmicos, sociais e ambientais na estratgia e nas operaes das organizaes, considerando os impactos socioambientais relacionados atividade produtiva, cada vez mais representa um desafio e est associada com a obteno de vantagem competitiva pelas organizaes.
De acordo com Van Bommel (2011), a gesto sustentvel deve estar presente na composio de toda a cadeia de suprimentos das atividades industriais. Desta forma, as estratgias de sustentabilidade devem perfazer desde os fornecedores de matria prima e outros suprimentos at os seus consumidores finais.
A gesto de cadeias de suprimentos e a incorporao da sustentabilidade sua gesto so iniciativas que esto sendo utilizadas por diferentes organizaes, de diferentes segmentos mercadolgicos, com o objetivo de obter diferenciais competitivos em relao aos seus concorrentes, e conquistar a longevidade em seu mercado.
Nesse cenrio o engajamento das partes interessadas pode tornar-se uma das mais importantes aes no entendimento, por parte das organizaes, do real significado de desenvolvimento sustentvel e sustentabilidade e de como isso pode agregar valor e responsabilidade a partir das atividades organizacionais.
O setor mineral parece ter desafios ainda maiores quando se trata da incorporao das prticas sustentveis em suas estratgias e processos operacionais em toda a cadeia produtiva, em virtude do impacto ambiental extrativista provocado pela atividade da minerao e a importncia do setor no desenvolvimento econmico e social de uma nao.
A cadeia produtiva mineral brasileira tem sua produo voltada ao mercado interno e externo, contribui no abastecimento de insumos para diversos setores da indstria de transformao, para a agricultura e, de forma significativa, para a indstria da construo civil. Trata-se de um setor econmico no qual prevalecem amplamente os empreendimentos de pequeno e mdio porte, distribudos em todas as regies do pas.
Considerando a necessidade e a importncia de uma gesto focada na sustentabilidade da cadeia produtiva da indstria mineral e a importncia dessa cadeia no desenvolvimento econmico
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brasileiro, este estudo possui como objetivo analisar a associao entre a gesto sustentvel da cadeia de suprimentos e o desempenho inovador do processo produtivo em empresas do setor mineral brasileiro.
A existncia de poucos estudos tericos no Brasil que visam aprofundar e relacionar as prticas de gesto sustentvel e a inovao na cadeia produtiva do setor mineral destaca a relevncia deste estudo. Nesse sentido, os resultados do estudo podem proporcionar um maior conhecimento sobre a gesto sustentvel no mbito da cadeia de suprimentos da indstria mineral e suas relaes com o desempenho inovador nos processos das empresas.
Alm desta seo introdutria, este trabalho apresenta em sua segunda seo o aporte terico do estudo tratando da da gesto sustentvel nas cadeias de suprimento e da avaliao do desempenho inovador. A terceira e quarta seo apresentam o mtodo utilizado e anlise e discusso dos resultados respectivamente. Por fim, apresentam-se as consideraes finais do estudo.
2. A GESTO SUSTENTVEL NA CADEIA DE SUPRIMENTOS
O desenvolvimento sustentvel passa a ser uma das principais preocupaes no ambiente corporativo dos negcios, principalmente nas cadeias produtivas que causam maior impacto na oferta de condies bsicas para a sobrevivncia do planeta. O termo sustentabilidade ganha corpo e expresso poltica na dcada de 1980 a partir da adjetivao do conceito desenvolvimento sustentvel, fruto da percepo de uma crise ambiental global, e de uma conscientizao de que os pases precisavam descobrir maneiras de promover o crescimento de suas economias sem destruir o meio ambiente ou sacrificar o bem-estar das futuras geraes (Nascimento, 2012).
No mbito empresarial, a sustentabilidade operacionalizada, comumentemente, a partir do conceito Triple Bottom Line TBL, termo apresentado por John Elkington, em 1994, o qual considera no somente questes econmicas, mas tambm as questes sociais e do meio ambiente, sugerindo a garantia de oportunidades empresariais e criando um sistema mais transparente, aberto e informativo para os consumidores e demais partes interessadas. (Savitz & Weber, 2007).
As trs dimenses da sustentabilidade, apresentadas pelo TBL, devem estar integradas, de modo que, na esfera ambiental, os recursos naturais sejam utilizados de forma a no prejudicar as geraes futuras, reduzindo os impactos da ao dos processos produtivos. Na perspectiva econmica, faz-se necessria a preservao da lucratividade da empresa e o no comprometimento do seu desenvolvimento econmico. Na esfera social, que inclui a questo da justia social, o objetivo maior
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o desenvolvimento de um mundo mais justo, por meio das relaes com todas as partes interessadas na organizao (Elkington, 2011).
A insero da sustentabilidade na concepo e nos modelos de gesto das organizaes tem sido objetivo de diversos grupos de interesse, os stakeholders. Este interesse surgiu para atender a uma demanda imposta pela sociedade, na qual as organizaes deveriam ser socialmente responsveis, propondo planos e aes que compreendessem as dimenses ambiental, social e tica. Essa nova concepo fortaleceu a criao dos mecanismos legais e institucionais de defesa do meio ambiente. De acordo Villas Boas (2011), a criao dos mecanismos legais constitui um marco para que a atividade extrativista da minerao atue com responsabilidade e minimize seus impactos tanto ambientais como sociais.
As organizaes se veem em um contexto no qual so desafiadas a minimizar as perdas das suas operaes correntes, ao mesmo tempo em que esto reorientando seus portflios de competncias em busca de tecnologias e habilidades mais sustentveis. Ainda so desafiadas a se engajarem em uma ampla interao com as partes interessadas, atentando para as demandas atuais, bem como para o modo como poderiam desenvolver solues economicamente interessantes para os problemas sociais e ambientais do futuro (Hart & Milstein, 2003).
Segundo Villas Boas (2011), a indstria da minerao depende cada vez mais de as suas atividades estarem em conformidade com as normas legais vigentes, e cada vez mais ligadas s questes socioambientais que, na maioria das vezes, ultrapassam os limites do local de explorao. H um escopo grande envolvendo questes sociais ao longo da cadeia produtiva da indstria mineral e nas suas relaes com o ambiente local de produo.
Para Hart e Milstein (2003), a busca pela sustentabilidade deve ser considerada em conjunto, como um portflio, no qual as estratgias e prticas tm o potencial de reduzir os custos e riscos, elevar a reputao e a legitimidade da organizao, acelerar o processo de inovao e o reposicionamento no ambiente de negcio. Essas sero aes de vital importncia para a criao de valor s partes interessadas.
A gesto da cadeia de suprimentos apresenta-se, no ambiente de negcios, como uma ferramenta que permite ligar o mercado, a rede de distribuio, o processo de produo e a atividade de compra de tal modo que os consumidores tenham um alto nvel de servio ao menor custo total, simplificando, assim, o complexo processo de negcios e ganhando em eficincia (Bowersox, Closs & Cooper, 2006). De acordo com Ballou (2006), a gesto da cadeia de suprimentos se refere integrao de todas as atividades associadas com a transformao e o fluxo de bens e servios, desde as empresas
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fornecedoras de matria-prima at o usurio final, incluindo o fluxo de informao necessrio para o sucesso.
Diante dessa necessidade de estabelecer relacionamentos estratgicos, Brito e Berardi (2010) destacam uma crescente demanda em integrar questes ambientais e sociais gesto da cadeia de suprimentos por meio de presses externas aos negcios. Para Pagell e Wu (2009), os estudos existentes at ento no abordam os modelos de negcios e processos de deciso subjacentes gesto sustentvel da cadeia de abastecimento. O entendimento desses modelos e processos poder auxiliar as organizaes a gerenciarem a dinmica intrnseca e prioridades concorrentes entre as empresas e metas socioambientais.
De acordo com Seuring (2011), a Gesto Sustentvel da Cadeia de Suprimentos compreende a gesto dos fluxos de informao, material e capital, bem como a cooperao entre as empresas ao longo da cadeia, integrando as metas de todas as trs dimenses do desenvolvimento sustentvel, ou seja, econmico, ambiental e social, que so derivadas das mais diversas partes interessadas nas empresas que compem uma cadeia produtiva. Na Sustainable Supply Chain Management - SSCM, critrios ambientais e sociais precisam ser cumpridos pelos membros dentro da cadeia de suprimentos, enquanto se espera que a competitividade seja mantida, satisfazendo as necessidades das partes interessadas.
Uma cadeia de suprimentos sustentvel reflete a capacidade da empresa para planejar, mitigar, detectar, responder e se recuperar de potenciais riscos globais. Riscos estes envolvendo a comercializao, o desenvolvimento do produto, a seleo de canais, as decises de mercado, o abastecimento, a complexidade de transporte, a regulao do governo e do setor, a disponibilidade de recursos, a gesto de talentos, as plataformas alternativas de energia e segurana (Closs, Speier & Meachan, 2011).
Para Seuring e Muller (2008), a SSCM apresenta trs aspectos que a distinguem da SCM: (i) demanda que se examine um nmero maior de impactos em uma cadeia de suprimento estendida; (ii) considera um grupo mais numeroso de objetivos de desempenho em razo da insero das dimenses ambiental e social da sustentabilidade; e (iii) apresenta maior necessidade de integrao e cooperao entre membros da cadeia de suprimento.
Pagell e Wu (2009) sugerem que as prticas que direcionam a uma cadeia de suprimentos mais sustentvel so as melhores na gesto tradicional da cadeia de suprimentos, acrescentando novos comportamentos. Segundo esses mesmos autores, a capacidade de inovao est associada com a sustentabilidade. Assim, a capacidade organizacional para inovar , ento, um precursor para a gesto sustentvel bem-sucedida da cadeia de suprimentos.
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Outro atributo organizacional considerado como um precursor para a gesto sustentvel da cadeia de suprimentos a orientao gerencial. A literatura sugere que as empresas precisam ser proativas e comprometidas. Ser proativo e comprometido somente pode ser eficaz se o modelo de negcio e os elementos ambientais e sociais de sustentabilidade estiverem devidamente alinhados com a cadeia produtiva (Pagell & Wu, 2009). Com base em seus estudos, Pagell e Wu (2009) sugerem um modelo de prticas para Sustainable Supply Chain Management, o qual mostra-se baseado tanto em aspectos relacionados integrao de metas de sustentabilidade s prticas e atividades cotidianas de SCM quanto em novos comportamentos adotados em cadeias sustentveis, que as conduzem a um bom desempenho em todas as dimenses do TBL.
Dentre os novos comportamentos identificados em SSCM, Pagell e Wu (2009) apontam dois grupos: (1) Uma nova conceituao da cadeia de suprimento, referente s partes interessadas, alm de fornecedores diretos e clientes (ex: ONGs, governos, comunidades ou concorrentes diretos); (2) Um direcionamento explcito na continuidade da base de fornecedores, buscando uma base estvel e capaz de atender s demandas da cadeia de suprimento, por meio das seguintes prticas: transparncia, rastreabilidade, certificao e descomoditizao, alm de iniciativas de desenvolvimento de fornecedores.
Uma caracterstica verificada nas empresas analisadas por Pagell e Wu (2009) o alinhamento por meio da internalizao das metas de sustentabilidade ao negcio de forma que o desempenho no econmico (entenda-se, social e ambiental) torna-se um fator crtico de crescimento da organizao e do seu desempenho financeiro. Uma vez inseridas no negcio, so repassadas tambm cadeia de suprimento.
2.1 Avaliao do Desempenho Inovador
O processo de inovao possui papel fundamental nas estratgias de crescimento para entrar em novos mercados, ampliar poder mercadolgico e proporcionar empresa uma vantagem competitiva. Motivados pelo aumento da concorrncia nos mercados globais, as empresas comearam a entender a importncia da inovao, uma vez que, rapidamente, mudana de tecnologias e de competio global intensa corroem o valor acrescentado aos produtos e servios existentes (Gunday, et al., 2011).
De acordo com o Manual de Oslo (OCDE, 2007), estudos sobre inovao e discusses de polticas enfatizam a importncia de se considerar a inovao de uma perspectiva ampla. Uma viso fundamentada em conhecimento concentra-se nos processos interativos por meio dos quais o
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conhecimento criado e trocado internamente e entre outras organizaes. Ainda segundo o Manual de Oslo podem ser introduzidos nas empresas quatro tipos diferentes de inovao, tais como: inovao de produto, de processo, de marketing e inovao organizacional. Inovaes de produto e processo esto intimamente relacionados com o conceito de evoluo tecnolgica (OCDE, 2007).
A inovao de processo a implementao de uma nova produo ou significativa melhora no mtodo de entrega. Isto inclui alteraes significativas nas tcnicas, equipamento e/ou softwares. As inovaes de processo podem ter a inteno de diminuir os custos unitrios de produo ou entrega para aumentar a qualidade, ou para produzir ou entregar produtos novos ou significativamente melhorados (OCDE, 2007).
No mbito da gesto das inovaes em processos, o resultado depende, entre outras variveis, da habilidade do desenvolvimento e da implementao do processo da inovao incremental contnua. Neste processo, eventualmente ocorrem melhorias significativas como a adequao a uma nova gerao de equipamentos, automao industrial e informatizao de processos. Contudo, a evoluo contnua das melhorias que condicionar o xito de tais propsitos (Bessant & Tidd, 2009).
Grande parcela das pesquisas sobre inovao reconhece que a atividade inovadora muito complexa e, consequentemente, difcil de ser mensurada, portanto, cria-se um grande desafio para pesquisadores que tentam entender os seus determinantes (Makkonen & Van Der Have, 2012). Muitos estudos utilizam um nico indicador, tais como: pesquisa e desenvolvimento(P&D), patentes, citaes de patentes, ou anncios de novos produtos; argumentando que o indicador especfico que aplicado tem deficincias a menos do que os outros indicadores. Alguns estudos utilizam dois ou mais indicadores de gerar um construto (Hagedoorn & Cloodt, 2003).
Diante dessas dificuldades, Makkonen e Van Der Have (2012) sugerem outra forma de medio para a inovao com a aplicao de ndices de inovao compostos, que foram introduzidos pela primeira vez na dcada de 1990 para medio de nvel de inovao de empresas. Como havia muitos indicadores de inovao, os pesquisadores argumentam que cada indicador individual apenas uma indicao parcial do esforo de inovao total realizado. Diante disso, alguns autores pioneiros afirmam que os ndices de inovao so superiores a qualquer varivel nica sobre inovao.
Para Gunday et al. (2011), o desempenho inovador a combinao de resultados globais da organizao, como resultado de renovao e melhoria esforos feitos considerando vrios aspectos inovadores da empresa, entre eles, processos, produtos e estrutura organizacional. Dessa forma, destacam que o desempenho inovador uma construo composta com base em vrios indicadores de desempenho relativos, por exemplo, novas patentes, anncios de novos produtos, projetos, processos e novos arranjos organizacionais.
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Gunday et al. (2011) sugerem variveis que possam indicar o desempenho inovador em produtos e processos. Essas variveis foram utilizadas para explorar os efeitos das inovaes organizacionais, de processo, de produto e marketing sobre os diferentes aspectos do desempenho da empresa, incluindo performances inovadoras, mercado, produo e finanas. O Quadro 1 apresenta as principais variveis utilizadas por Gunday et al. (2011) para mensurar a inovao em produtos e processos.
Variveis de inovao em produtos Variveis de inovao em processos
1. Qualidade de fabricao, componentes e materiais dos produtos atuais;
2. Eliminao de valor no adicionando atividades nos processos de produo
3. Custo de fabricao de componentes e materiais dos produtos atuais
4. Diminuio dos componentes de custos variveis em processos de fabricao, tcnicas, mquinas e software.
5. Desenvolvimento de produtos atuais que levam a uma maior facilidade de uso para os clientes e para a satisfao do cliente melhorou
6. Aumento da qualidade do produto em processos de fabricao, as tcnicas, equipamento e software.
7. Desenvolvimento de novos produtos com as especificaes tcnicas e funcionalidades totalmente diferentes dos atuais
8. Eliminao de valor no adicionado atividades em processos relacionados a entrega.
9. Desenvolvimento de novos produtos com componentes e materiais totalmente diferentes dos atuais
10. Diminuio do custo varivel e/ou aumento da velocidade de entrega em processos relacionados com logstica de entrega.
Quadro 1 Variveis para mensurar inovao em produtos e processos
Fonte: Gunday et al. (2011), traduzido pelo autor.
Gunday et al. (2011) concluem que a inovao de produto aparece como um fator crtico para o desempenho inovador, pois esse tipo de inovao atua como uma ponte levando impactos positivos das inovaes de processo para o desempenho inovador. Por estas razes, os gestores devem investir mais na capacidade de inovao e apoiar novas tentativas de introduo de inovaes, tanto em produto, processo como na estrutura organizacional.
Avaliando as inovaes em processo quando essas contribuem alavancam a produtividade, a organizao pode adquirir uma vantagem de custo sobre a concorrncia, permitindo uma margem sobre custos mais elevados para o preo de mercado prevalecente ou, dependendo da elasticidade da demanda, o uso de uma combinao de menor preo e maior margem sobre custos em comparao a concorrncia, para aumentar sua fatia de mercado e seu retorno (OCDE, 2007).
Os resultados constatados pelo estudo de Gunday et al. (2011) substanciam o modelo conceitual proposto e oferece vrias implicaes gerenciais. Primeiro, os gerentes das empresas devem dar mais nfase para as inovaes, tendo nestas os mais importantes instrumentos para alcanar
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um comportamento competitivo sustentvel. Segundo, melhorar o desempenho inovador depende do grau de implementao das inovaes.
Com base nos achados tericos fundamentados pelos estudos e modelos tericos propostos por Pagell e Wu (2009), os quais enfatizam a necessidade e importncia de gesto sustentvel das cadeias de suprimento e os estudos de Makkonen e Van Der Have (2012) e Gunday et al. (2011), que tratam do desempenho inovador como potencial de vantagens competitivas no ambiente atual e considerando o problema de pesquisa proposto, juntamente com os conceitos referenciais elencados, tem-se a proposio de que a integrao da sustentabilidade na gesto da cadeia de suprimentos est associada inovao em processos na indstria mineral.
3. MTODO DO ESTUDO
O estudo possui natureza qualitativa e quanto aos objetivos propostos, caracteriza-se como exploratrio, pois a inteno do estudo era proporcionar ao pesquisador maior conhecimento sobre um determinado fenmeno, no qual o pesquisador parte de pressupostos e hipteses e aprofunda seus estudos nos limites de uma realidade especfica, buscando antecedentes e conhecimentos para torn-lo explcito (Trivios, 2007).
Como estratgia de pesquisa, utilizou-se o mtodo de estudo multicaso, com o objetivo de descrever as prticas de gesto sustentvel e o desempenho inovador em processos em diferentes empresas que fazem parte da cadeia de suprimentos da indstria mineral brasileira. De acordo com Yin (2005, p. 32), um estudo de caso uma investigao emprica que investiga um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenmeno e o contexto no esto claramente definidos.
As tcnicas utilizadas para a coleta dos dados foram entrevista semiestruturada e pesquisa documental. O protocolo utilizado para entrevista foi elaborado a partir dos pressupostos tericos, com escopo na gesto para a sustentabilidade e na inovao em processos, no qual buscou identificar as condies que favorecem a integrao da sustentabilidade na gesto da cadeia de suprimentos e sua associao com a inovao de processos. A pesquisa documental em relatrios e publicaes em mdias foi utilizada neste estudo com objetivo de subsidiar e enriquecer os dados coletados por meio das entrevistas.
O modelo conceitual para o estudo foi desenvolvido a partir da fundamentao terica, com base nos estudos desenvolvidos por Pagell e Wu (2009); Makkonen e Van Der Have (2012); Gunday
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et al. (2011), conforme ilustra a Figura 1.
Figura 1 Modelo conceitual desenvolvido para o estudo
As entrevistas foram realizadas com empresas que desenvolvem atividades na produo de matria-prima (empresas extrativistas dos recursos minerais). Foram selecionadas trs empresas pertencentes ao setor mineral, tendo como principal critrio de escolha a acessibilidade, a disponibilidade e o interesse das empresas. As empresas estudadas foram denominadas para fins deste estudo como Carvo I, Carvo II e Ferro-Nquel. As entrevistas foram realizadas com gestores e responsveis indicados pelas empresas no primeiro trimestre de 2013. O Quadro 2 resume o perfil dos entrevistados.
Empresa Cargo/Funo
Administradora de Empresas
Carvo I Analista Ambiental 2000 05 anos Biloga
Carvo II Chefe da Diviso Tcnica e
Planejamento 1995 23 anos Gelogo
Ferro-Nquel
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Ingresso na empresa
Tempo de atuao no setor
Formao
Carvo I Diretora do Sistema de
Gesto e Qualidade 1990 17 anos
Diretora de Desenvolvimento Sustentvel
2003 10 anos Administradora
de Empresa
Quadro 2 Perfil dos entrevistados
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
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Para anlise dos dados, utilizou-se o mtodo de anlise de contedo, que, segundo Moraes (1999), consiste em uma tcnica para leitura e interpretao do contedo de materiais oriundos de comunicao verbal ou no verbal. Dessa forma, a partir das questes definidas a priori foram analisados os dados obtidos, buscando uma melhor compreenso das evidncias. A anlise dos dados inerentes pesquisa documental pautou-se em verificar os contedos que de alguma forma expressavam prticas inerentes gesto sustentvel e as aes que representassem evidncias quanto ao desempenho inovador em processos das empresas participantes do estudo.
4. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS
Buscando preservar a identificao das empresas participantes, optou-se em omitir a razo social e nome fantasia, mencionando-se apenas sua localizao. O Quadro 3 apresenta a nominao atribuda s empresas, a atividade desenvolvida na cadeia da indstria mineral e sua localizao.
Empresa Atividade na cadeia Localizao/Estado
CARVO I Extrao mineral Santa Catariana CARVO II Extrao mineral Santa Catariana FERRO-NQUEL Extrao mineral So Paulo/Gois/Minas Gerais
Quadro 3 Nominao e identificao das empresas participantes do estudo
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
As prticas de gesto sustentvel na cadeia de suprimentos e o desempenho inovador em processos foram analisados a partir de duas dimenses e cinco categorias de anlise e suas respectivas variveis (prticas), conforme ilustrado no Quadro 4.
Dimenses Categorias de
anlise Prticas / Variveis
Comprometimento organizacional referente s prticas de gesto sustentvel
Integrao do desenvolvimento sustentvel no processo de tomada de decises
Avaliao das prticas de gesto sustentvel observando as tendncias do seu negcio
Sistemas de mensurao das prticas gerenciais adotadas em prol da sustentabilidade
Prticas ou sistemas de Gesto da Qualidade Total, Produo Enxuta, etc.
A sustentabilidade faz parte da conversao diria e influencia no processo de tomada de deciso Valores adotados pela empresa so semelhantes aos valores adotados por seus parceiros na cadeia de suprimentos
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Prticas de gesto sustentvel na cadeia de suprimentos
Prticas realizadas no ambiente interno da empresa
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mineral brasileiro
Transparncia quanto a informaes sobre o fluxo de recursos na cadeia
Desenvolvimento de Anlises do Ciclo de Vida Prticas de rastreabilidade de produtos na cadeia de suprimentos
Estratgias de avaliao peridica com objetivo de avaliar os impactos da atividade empresarial Avaliar quem so os componentes que integram sua cadeia de suprimentos
Seleo, critrios e desenvolvimento dos fornecedores Anlise de riscos das fontes de suprimentos Estratgias de compra observando o custo total e no somente preos
Estratgias para dar continuidade aos fornecedores Desenvolver fornecedores locais
Comercializao de processos, projetos e marcas Divulgao das prticas inerentes a sustentabilidade Gesto dos circuitos fechados (logstica reversa) Prticas que envolvem a reutilizao, reciclagem e descarte dos produtos e materiais de maneira responsvel
Desenvolvimento da transparncia
Pesquisa e Desenvolvimento
Patentes e marcas
Certificaes
Novos produtos e servios antes dos concorrentes Introduo de inovaes em seus processos de trabalhos e mtodos
Adaptao ou renovao de sistemas administrativo de forma a manter-se em sintonia com o ambiente. Eliminao de atividades que no adicionam valor em processos de produo, tcnicas, e sistemas
Gesto de custos variveis relacionados aos processos de produo e a logstica de distribuio
Velocidade relacionada aos processos de logstica e distribuio
Capital humano: Disponibilidade M.O e Capacitao e aprendizagem dos recursos humanos
Mercado: Comportamento da demanda e Tecnologia disponvel para o negcio
Infraestrutura disponvel para o negcio
Quadro 4 Dimenses, categorias de anlises e variveis utilizadas no estudo
Fonte: Elaborado a partir de Pagell e Wu (2009), Makkonen e Van Der Have (2012), Gunday et al. (2011).
A seguir so apresentados os casos estudados com a caracterizao das empresas (casos) pertencentes cadeia de suprimentos da indstria mineral que participaram da pesquisa, apresentando os resultados, as anlises e as discusses acerca das evidncias encontradas.
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Prticas externas envolvendo fornecedores
Prticas externas envolvendo clientes
Desempenho inovador
Inovao em processos
Capacidade de inovao
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4.1 Empresa Carvo I
A empresa foi criada em 1918 para a extrao de carvo mineral e est localizada na regio Sul do Estado de Santa Catarina, possui uma estrutura de 15 unidades produtivas, administrativas e de pesquisa. Ao longo dos anos, a empresa diversificou suas atividades e atualmente possui negcios na indstria carbonfera, florestamento e reflorestamento, metalurgia, agronegcio, entre outras.
A empresa considerada pioneira na explorao do carvo mineral em escala industrial, na Regio Sul do Brasil, e tambm a primeira a utilizar mtodos mais modernos para sua extrao e beneficiamento, como o uso do minerador contnuo e do espessador de lamelas. A empresa dispe de um corpo funcional de tcnicos e engenheiros que desenvolvem boa parte dos equipamentos utilizados internamente nas diversas operaes da empresa.
A Empresa Carvo I classificada como mdia para grande empresa com base em seu faturamento bruto anual, possui cerca de 750 colaboradores e est presente em pelo menos oito municpios do estado catarinense. A empresa filiada ao Instituto Brasileiro de Minerao - IBRAM e ao Sindicato da Indstria da Extrao de Carvo do Estado de Santa Catarina - SIECESC.
Com base nas evidncias resultantes dos dados coletados pela entrevista e em relatrios publicados pela empresa, possvel afirmar que a empresa Carvo I tem adotado a maioria das prticas elencadas pelo modelo conceitual proposto. Destacam-se as prticas de gesto internas e as externas, que envolvem os clientes.
As prticas internas tm recebido uma ateno significativa pela empresa, principalmente quanto a aes que possam contribuir para um desenvolvimento sustentvel. As prticas externas ligadas aos clientes recebem uma ateno, principalmente por meio de aes que visem atender a demandas nas comunidades locais e o processo de transparncia com essa parte interessada. As prticas externas que envolvem os fornecedores parecem ainda no receberem ateno semelhante s demais. A postura da Empresa Carvo I permite afirmar que est contribuindo para uma cadeia de suprimentos sustentvel, principalmente na regio na qual desenvolve as suas operaes.
Quanto ao desempenho inovador em processos, o conjunto de evidncias encontrado indica que a empresa tem sido pioneira em aes inovadoras, fazendo com que se destaque em sua cadeia produtiva no desenvolvimento de novos processos e equipamentos que buscam melhorar o desempenho operacional, visando atender crescente demanda pelo seu principal produto e diminuir os passivos socioambientais resultantes de suas atividades.
Com base no conjunto de evidncias possvel identificar na empresa Carvo I, caractersticas
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inerentes a uma empresa focal. Segundo Dal, Roldan e Hansen (2011), as empresas focais ou principais com melhor integrao da sua rede de suprimentos, em termos de objetivos, estratgias, processos e troca de informaes, estaro criando uma expressiva vantagem competitiva para toda a sua cadeia produtiva. Essas empresas podem produzir um diferenciado valor para os seus stakeholders, evidenciando a importncia da gesto da cadeia de suprimentos na busca de um diferencial competitivo perante seus concorrentes e do melhor atendimento dos desejos de suas partes interessadas.
Diante das evidncias encontradas, possvel afirmar que as polticas e a orientao gerencial em prol de prticas que corroboram para uma cadeia de suprimentos sustentvel esto contribuindo para o desempenho inovador nos processos da empresa Carvo I.
4.2 Empresa Carvo II
A empresa Carvo II foi criada em 1943 por meio da fuso entre outras duas carbonferas que se consolidou em 1955. Sua atividade no setor de minerao do carvo busca atender s necessidades do setor energtico nacional a partir de jazidas prprias, garantindo o insumo bsico para a gerao de energia termeltrica. A empresa filiada ao Instituto Brasileiro de Minerao - IBRAM, entidade nacional representativa das empresas e instituies que atuam na indstria da minerao, e ao Sindicato da Indstria da Extrao de Carvo do Estado de Santa Catarina - SIECESC. A empresa classificada como uma mdia-grande empresa com base em seu faturamento anual. Possui cerca de 940 colaboradores em seu quadro funcional.
Com base nas evidncias resultantes dos dados coletados por meio da entrevista com o gestor possvel verificar que a empresa Carvo II tem adotado algumas prticas inerentes a uma gesto sustentvel na sua cadeia de suprimentos. As principais prticas internas de gesto sustentvel adotadas em algum grau, de acordo com as evidncias foram: a) apresentar um comprometimento proativo; b) integrar o desenvolvimento sustentvel no processo de tomada de decises; c) adotar valores e critrios semelhantes aos adotados pelos stakeholders; d) avaliar de forma peridica, com o objetivo de analisar os impactos da atividade empresarial nos ecossistemas e comunidade; e) analisar os componentes que integram a cadeia de suprimentos na qual a empresa integrante. Outras prticas como promover e incentivar as questes inerentes sustentabilidade durante a conversao diria no ambiente interno e desenvolver anlises do ciclo de vida e rastreabilidade de suas matrias-primas e produtos, no foram corroboradas pelas evidncias resultantes da entrevista.
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Dentre as prticas analisadas, considerando as prticas internas e externas envolvendo fornecedores e clientes, as prticas internas se sobressaem em comparao com as externas. No entanto, verifica-se que a adoo dessas prticas apresenta um vis direcionado para a gesto ambiental, diante disso, no possvel afirmar que o desenvolvimento dessas prticas esteja contribuindo para uma gesto sustentvel no mbito da empresa e de sua cadeia de suprimentos.
De acordo com Seuring (2011), na gesto sustentvel da cadeia de suprimentos, critrios ambientais no so suficientes, pois critrios sociais, entre outros, precisam ser cumpridos pelos membros dentro da cadeia de suprimentos, enquanto se espera que a competitividade seja mantida satisfazendo as necessidades das partes interessadas. Para Wu e Pagell (2011), a gesto da cadeia de suprimentos sustentvel diz respeito a todas as trs dimenses descritas no conceito Triple-Bottom-Line.
O conjunto de evidncias verificadas pelas variveis que possam representar o desempenho inovador em processos, na empresa Carvo II, demonstra que ela no apresenta um perfil inovador. A priori, verifica-se que a empresa mantm uma postura reativa em sua cadeia produtiva, buscado atender os requisitos legais e mnimos na conduo de suas operaes.
Quanto s variveis referentes capacidade de inovao analisadas, as evidncias sugerem que a empresa visualiza uma demanda crescente do mercado, porm pode ter dificuldade para atender a essa demanda, principalmente em aspectos que envolvem investimentos futuros em novos projetos, tecnologias e infraestrutura.
Pautando-se nas evidncias resultantes da anlise dos dados e buscando confront-las com a proposio central que orienta este estudo, possvel afirmar que a empresa Carvo II no tem uma postura proativa em adotar prticas de gesto sustentvel com contribuies para formao de uma cadeia de suprimentos sustentvel. A priori, esta postura tem reflexos no desempenho inovador em seus processos e na sua capacidade de inovar.
4.3 Empresa Ferro-Nquel
A empresa denominada neste estudo como Ferro-Nquel foi criada em 1917 e est entre as maiores mineradoras do mundo, sendo referncia na explorao de platina e diamante e com participao expressiva em cobre, nquel, minrio de ferro, carvo trmico e siderrgico.
No Brasil, a empresa iniciou suas operaes em 1973 e atualmente gera mais de quatro mil empregos diretos e dez mil indiretos. Possui hoje trs unidades de negcio (UN) no pas: UN Nquel; UN Minrio de Ferro e UN Fosfato e Nibio, alm de uma diviso de explorao. No Brasil, esto
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concentrados os dois dos maiores investimentos da empresa em todo o mundo: o projeto Minas-Rio e a planta de Barro Alto, em Gois, inaugurada no final de 2011. Desde 2007, foram investidos aproximadamente US$ 14 bilhes no Brasil.
A empresa Ferro-Nquel filiada s seguintes instituies: International Council on Mining and Metals ICMM; World Business Council for Sustainable Development WBCSD; Instituto Brasileiro de Minerao IBRAM; e Conselho Empresarial Brasileiro para Desenvolvimento Sustentvel CEBDS.
Diante do conjunto de variveis utilizado por este estudo, com o objetivo de verificar se a empresa Ferro-Nquel atuando no Brasil apresenta uma orientao gerencial em prol de uma gesto sustentvel no mbito de sua cadeia de suprimentos, possvel afirmar que a empresa vem adotando grande parte das prticas elencadas pelo modelo conceitual proposto.
Dentre as prticas adotadas, destacaram-se as de gesto no mbito interno, nas quais a poltica de gesto integrada com princpios definidos que buscam o desenvolvimento sustentvel o direcionador para formao de uma cadeia sustentvel. Entre as prticas externas, destacou-se a poltica com as fontes de suprimento por meio de um Cdigo de Desenvolvimento Sustentvel com fornecedores, e a preocupao com o desenvolvimento das fontes de suprimentos locais, fazendo com que toda cadeia de suprimentos se engaje e compartilhe o compromisso com o desenvolvimento sustentvel.
As evidncias indicam que a Ferro-Nquel incorporou s suas polticas de gesto os aspectos inerentes sustentabilidade. Segundo Wolf (2011), as empresas precisam entender essas expectativas a fim de definir metas de sustentabilidade e estratgias em nvel corporativo. Para Wolf (2011), a adoo de prticas de gesto sustentvel ser essencial para as organizaes transformarem a estratgia de sustentabilidade empresarial em estratgias de sustentabilidade adequadas para a cadeia de suprimentos, buscando maximizar seu desempenho e atender s demandas das demais partes interessadas.
Quanto ao desempenho inovador em processos, o conjunto de evidncias demonstra que a empresa tem uma postura inovadora em suas operaes e recebe destaque nas cadeias nas quais suas unidades de negcio esto inseridas. A maioria das variveis utilizadas pelo modelo proposto destacada pelas evidncias resultantes da entrevista e dos relatrios analisados. Diante disso, possvel verificar um perfil de organizao inovadora. Essa constatao pode ser destacada com os investimentos dispendidos pela empresa na rea de Pesquisa e Desenvolvimento, a qual busca desenvolver novas tecnologias na atividade de minerao para suas Unidades de Negcio. Diante das
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evidncias resultantes possvel apontar que as polticas e a orientao gerencial em prol do desenvolvimento sustentvel contribuem para o perfil inovador apresentado pela empresa Ferro-Nquel.
4.4 Principais concluses do estudo
O modelo conceitual desenvolvido com base nos estudos de Pagell e Wu (2009); Makkonen e Van Der Have (2012); Gunday et al. (2011) permitiu identificar prticas similares e diferenciadas em relao s prticas de gesto sustentvel que contribuam para uma cadeia de suprimentos sustentvel. Quanto ao desempenho inovador, as aes desenvolvidas tambm apresentaram variaes entre as empresas. As semelhanas e as diferenas quanto adoo das prticas de gesto sustentvel e a postura inovadora em processos so apresentadas de forma resumida no Quadro 5.
Categorias de anlise Prticas / Variveis Empresas
Ca-I Ca-II Fe-Ni
Comprometimento organizacional referente s prticasde gesto sustentvel S S S Integrao do desenvolvimento sustentvel no processode tomada de decises S N S Avaliao das prticas de gesto sustentvel observandoas tendncias do seu negcio S S S Sistemas de mensurao das prticas gerenciaisadotadas em prol da sustentabilidade S N S Prticas ou sistemas de Gesto da Qualidade Total,Produo Enxuta, etc. S S S A sustentabilidade faz parte da conversao diria einfluencia no processo de tomada de deciso N N S Valores adotados pela empresa so semelhantes aosvalores adotados por seus parceiros na cadeia desuprimentos
Seleo, critrios e desenvolvimento dos fornecedores S S S Anlise de riscos das fontes de suprimentos S S S Estratgias de compra observando o custo total e nosomente preos S S S
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Prticas realizadas no ambiente interno da empresa
S S S
Transparncia quanto a informaes sobre o fluxo derecursos na cadeia S N S
Desenvolvimento de Anlises do Ciclo de Vida S N S Prticas de rastreabilidade de produtos na cadeia desuprimentos N N S Estratgias de avaliao peridica com objetivo deavaliar os impactos da atividade empresarial S N S Avaliao de quem so os componentes que integramsua cadeia de suprimentos S N S
Prticas externas envolvendo fornecedores
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mineral brasileiro
Estratgias para dar continuidade aos fornecedores N N S Desenvolvimento de fornecedores locais N N S
Comercializao de processos, projetos e marcas N N N Divulgao das prticas inerentes sustentabilidade S N S Gesto dos circuitos fechados (logstica reversa) N N N Prticas que envolvem reutilizao, reciclagem edescarte dos produtos e materiais de maneiraresponsvel
Pesquisa e Desenvolvimento S N S Patentes e marcas S S S Certificaes S S S Novos produtos e servios antes dos concorrentes S N S Introduo de inovaes em seus processos de trabalhose mtodos S N S Adaptao ou renovao de sistemas administrativos deforma a manter-se em sintonia com o ambiente. S N S Eliminao de atividades que no adicionam valor emprocessos de produo, tcnicas e sistemas S N S Gesto de custos variveis relacionados aos processosde produo e logstica de distribuio S N S Velocidade relacionada aos processos de logstica edistribuio N N S
Capital humano: 1) Disponibilidade M.O S S S 2) Capacitao e aprendizagem S N S Mercado: 1) Comportamento da demanda S S S 2) Tecnologia disponvel S N S Infraestrutura N N N S= Sim (prticas identificadas) N= No (prticas no identificadas pelas evidncias)
Quadro 5 Resumo das evidncias
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Diante das evidncias inerentes s prticas de gesto sustentvel que possam contribuir para que a cadeia de suprimentos seja sustentvel, e conforme os pressupostos elencados pelo modelo conceitual desenvolvido para este estudo possvel concluir que as empresas Carvo I e Ferro-Nquel apresentam uma disposio e uma postura que podem estar contribuindo para a formao de suas cadeias de suprimento com vis sustentvel.
Em um quadro comparativo entre as prticas de gesto internas e externas, verifica-se que as prticas de gesto desenvolvidas no ambiente interno esto mais presentes nas polticas de gesto dessas empresas. Prticas como sistemas de gesto da qualidade total, produo enxuta, valores semelhantes aos valores adotados por seus parceiros na cadeia de suprimentos, transparncia, desenvolvimento de ACV; estratgias de avaliao peridica com objetivo de avaliar os impactos da
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Prticas externas envolvendo clientes
S S S
Desenvolvimento da transparncia S N S
Inovao em processos
Capacidade de inovao
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atividade empresarial e as avaliaes dos componentes que integram sua cadeia de suprimentos esto presentes na gesto das empresas que compem esses trs casos.
A postura proativa dessas empresas tambm evidenciada por prticas que envolvem a maioria dos seus stakeholders, na qual a estratgia e as aes que buscam estreitar as relaes com as comunidades nas quais desenvolvem suas operaes parecem estar cada vez mais incorporada s polticas que orientam a gesto dessas empresas. As estratgias e polticas de gesto das empresas Carvo I e Ferro-Nquel esto de alguma forma ligadas s dimenses de sustentabilidade postuladas pelo conceito Triple Botton Line, no qual a busca por um equilbrio entre o desenvolvimento econmico, ambiental e social considerado vital para a formao de cadeias sustentveis.
As evidncias referentes a outra empresa (Carvo II), no contribuem para afirmar que essa empresa est contribuindo para a formao de cadeias de suprimento sustentveis. Essa concluso pautada na observao de que a orientao gerencial e as prticas adotadas pela empresa em questo no convergem em partes com prticas de gesto sustentvel, elencadas pela literatura que fundamenta este estudo. Cabe ressaltar que as evidncias inerentes s prticas de gesto sustentvel da empresa Carvo II indica que a organizao dispende esforos que buscam uma gesto com um vis sustentvel, no entanto, o foco desses esforos direcionado apenas para a dimenso ambiental.
As variveis referentes ao potencial inovador e capacidade de inovar em seus processos (Makkonen e Van Der Have, 2012; Gunday et al., 2011) formaram o escopo de anlise apresentado para cada caso de forma individualizada. No quadro comparativo entre os casos estudados, verifica-se que, em dois casos, a maioria das variveis observadas foi confirmada.
Nesse quadro comparativo, cabe destacar que a varivel que compreende as aes desenvolvidas para aumentar a velocidade em processos relacionados com a logstica de distribuio no adotada pela maioria dos casos estudados. Esse resultado pode estar ligado varivel infraestrutura, na qual as evidncias indicam que a infraestrutura que abrange os meios de transporte disponvel no atende s demandas atuais e futuras da indstria mineral no pas. O conjunto de evidncias resultante dos casos analisados demonstra que as empresas Carvo I e Ferro-Nquel apresentam um perfil inovador diante das variveis elencadas pelo modelo conceitual, como possveis indicadores de inovao em processos e capacidade de inovao.
As evidncias referentes empresa Carvo II no contribuem para afirmar que a empresa apresente um perfil inovador em seus principais processos. A empresa adota uma postura reativa quanto aos aspectos de inovao nos processos de minerao, principalmente nas etapas de extrao e beneficiamento, ou seja, a empresa procura inovar de forma que atenda apenas s demandas legais e mercadolgicas locais.
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mineral brasileiro
Resgatando a proposio central que orientou este estudo, o qual busca verificar se h uma associao entre a gesto sustentvel da cadeia de suprimentos e o desempenho inovador em processos, possvel afirmar que as empresas Carvo I e Ferro-Nquel, que apresentaram uma orientao de gesto sustentvel adotando grande parte das prticas elencadas pelo modelo conceitual, tambm apresentam um perfil inovador em seus processos. Diante desses resultados, possvel apontar que a adoo de prticas em prol da sustentabilidade pode estar contribuindo para o desempenho inovador em processos e para a formao de cadeias de suprimentos sustentveis.
Quanto s variveis que buscaram verificar a capacidade de inovao das empresas em estudo, as evidncias revelam que a disponibilidade de recursos humanos no um limitador para as empresas que se encontram no subsistema extrativista da cadeia (Carvo I, Carvo II e Ferro-Nquel).
A percepo do comportamento das demandas do mercado destacada em todos os casos, os quais reconhecem a existncia de uma demanda crescente pelos produtos tanto em nvel de commodities quanto em produtos industrializados, e tambm h disponibilidade de tecnologias para atender a essa demanda. Quanto infraestrutura disponvel para as operaes na indstria mineral brasileira, as evidncias revelam que os recursos disponveis, principalmente ligados aos meios de transporte, so considerados por todas as empresas participantes desse estudo como um limitador para atendimento das demandas crescentes desse setor produtivo no Brasil.
Diante da abordagem e foco deste estudo, possvel concluir que a Gesto Sustentvel em Cadeias de Suprimento pode ser motivada por alguns fatores, como pela demanda de condies contingenciais, por exemplo, os consumidores e governos exigindo bens e servios que sejam menos nocivos ao meio ambiente e a sociedade. Ainda, pode ser um fenmeno vinculado oferta, ou seja, as organizaes dispendem esforos de forma deliberada para se tornarem mais socialmente responsveis e ambientalmente conscientes.
Qualquer que seja o catalisador para o empreendimento em prticas de gesto sustentvel, tanto vinculado demanda como oferta, pode impulsionar e contribuir para a formao de cadeias de suprimentos mais sustentveis. Os exemplos dos casos analisados neste estudo demonstram como uma posio estratgica em adotar prticas de gesto sustentvel pode desencadear resultados inovadores, que definem os aspectos do modelo de negcio e novas oportunidades para a organizao e para a cadeia produtiva.
5. CONSIDERAES FINAIS
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Em consequncia das expectativas e presses sociais, notvel uma evoluo nos estudos e pesquisas que analisam fenmenos ligados indstria mineral, no entanto, no Brasil, ainda so encontrados poucos estudos que buscam verificar o envolvimento das empresas do setor mineral com orientao para gesto sustentvel. Essa lacuna representou uma oportunidade para este estudo, tendo em vista a importncia da indstria mineral no desenvolvimento econmico brasileiro. O estudo em pauta teve como objetivo analisar a relao entre a gesto sustentvel da cadeia de suprimentos e o desempenho inovador do processo produtivo em empresas do setor mineral brasileiro
Diante do conjunto de evidncias constatadas, os principais resultados indicam que as prticas de gesto que configuram a formao de cadeias de suprimentos sustentvel fazem parte do escopo estratgico da maioria dos casos estudados. Nas empresas Carvo I e Ferro-Nquel, as evidncias corroboraram para essa concluso. Para a empresa Carvo II, os resultados no indicam que essa organizao vem contribuindo de forma efetiva para a gesto sustentvel no mbito de sua cadeia produtiva.
Quanto ao desempenho inovador e capacidade de inovao em processos, os resultados verificados a partir das variveis fundamentadas pelo modelo conceitual proposto, revelam que dois casos analisados (Carvo I e Ferro-Nquel) apresentam um perfil inovador em seus processos. No caso que envolve a empresa Carvo II, as evidncias permitem concluir que empresa apresenta ainda uma postura reativa no campo da inovao, principalmente nos processos de explorao e beneficiamento do seu principal produto, o carvo energtico.
Refletindo sobre os resultados deste estudo, notvel a complexidade que envolve os processos decisrios das organizaes, suas relaes com as diversas partes interessadas em suas cadeias de suprimento, pois esse novo contexto demanda novas formas de orientar as decises. A concepo da Gesto Sustentvel da Cadeia de Suprimentos permite, pela abrangncia de seus conceitos, promover uma integrao ainda maior do que possibilitava a perspectiva da SCM tradicional. Assim, esta nova abordagem pode servir como concepo estratgica ao desenvolvimento de processos ao longo de toda a cadeia, promovendo uma gesto social e ambientalmente correta e economicamente sustentvel.
O mtodo de estudo multicaso foi adotado nesse estudo por ser considerado o mais adequado para se atingir o objetivo. Embora no seja possvel generalizar os resultados, dada a caracterstica qualitativa do estudo, o desenvolvimento dos casos permitiu confirmar a associao entre as variveis conforme proposto pelo modelo conceitual da pesquisa. Pode-se considerar, devido s limitaes dos estudos de caso, que houve uma confirmao da proposio desenvolvida, no entanto, as evidncias
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Gesto sustentvel da cadeia de suprimentos e desempenho inovador: um estudo multicaso no setor
mineral brasileiro
encontradas no podero ser extrapoladas para o universo considerado na pesquisa, restringindo-se apenas ao conjunto de empresas participantes.
Para estudos futuros, sugere-se que se busque ampliar a amostra com o objetivo de aprofundar os resultados apresentados e permitir outras anlises visando encontrar fatores que expliquem o comportamento das empresas em relao ao fenmeno estudado. Desse modo, ser possvel proceder a outras anlises, podendo, por exemplo, desenvolver um estudo com abordagem quantitativa, de modo a verificar a adoo de prticas de gesto sustentvel na cadeia de suprimentos e sua influncia no desempenho inovador em processos.
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Gesto sustentvel da cadeia de suprimentos e desempenho inovador: um estudo multicaso no setor
mineral brasileiro
SUSTAINABLE MANAGEMENT OF THE SUPPLY CHAIN AND INNOVATION
PERFORMANCE: A MULTICASE STUDY ON THE BRAZILIAN MINERAL SECTOR
ABSTRACT
This study aimed to analyze the association between the sustainable management of the supply chain
and the innovation performance of the production process in companies in the Brazilian mineral sector.
To achieve this goal we used based on the theoretical assumptions of Pagell and Wu (2009),
Makkonen and Van Der Have (2012) and Gunday et al. (2011). The study has a qualitative approach
and exploratory and descriptive nature. As a research strategy, we used the multi case study method,
developed from exploratory interviews and documentary research. Among the main results, it was
possible to highlight, in two cases, the proactive provision in favor of policies and actions that
contribute to the sustainability of the supply chain, given that it was possible to demonstrate the
adoption of sustainable practices and innovation in processes in Coal and Iron-Nickel companies.
Furthermore, the company Coal II, the guiding assumption of the study could not be corroborated by
the evidence. The results suggest that the organizations operating in the Brazilian mineral sector is
seeking to meet the demands of its stakeholders, particularly with regard to investment in sustainable
actions related environmental and social dimensions.
Key Words: Sustainable Management; Innovation; Supply chain; Mineral industry.
___________________
Data do recebimento do artigo: 22/06/2014
Data do aceite de publicao: 06/05/2015
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Copyright Milton de Abreu Campanario 2015
Abstract
This study aims to analyze the association between sustainable supply chain management and the innovative performance of the production process in companies in the Brazilian mineral sector. To achieve this goal was used as the basis of theoretical assumptions of Pagell and Wu (2009), Makkonen and Van Der Have (2012) and Gunday et al. (2011). The study has a qualitative approach and exploratory and descriptive nature. As a research strategy, we used the multi case study method, developed from exploratory interviews and desk research. Among the main results, it was possible to highlight, in two cases, the proactive willingness to support policies and actions that contribute to the sustainability of the supply chain. This attitude demonstrates that the organizations operating in the Brazilian mineral sector is seeking to meet the demands of its stakeholders, particularly as related environmental and social dimensions. In another case, the guiding assumption of the study could not be corroborated by the evidence.
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