Resumo
A partir da constataçao segundo a qual Deus é "inefável e sem forma", o artigo analisa o uso do nome de Deus em ditos populares da Bíblia e da atualidade. Embora a Bíblia proíba fazer imagens esculpidas da divindade, ela abusa no uso do nome divino e na atribuiçao de metáforas de sua natureza e de suas açoes. O estudo objetiva analisar a ampla utilizaçao do nome de Deus em provérbios, tanto da antiguidade bíblica quanto da atualidade cotidiana. Após as consideraçoes introdutórias sobre o nome de Deus nas diversas religioes, na Bíblia e na boca do povo, expoe-se a ampla citaçao do nome de Deus no livro bíblico de Provérbios, no contexto de toda a Bíblia Hebraica. Para analisar essa realidade, em paralelo, agrupam-se os ditos em torno aos seguintes assuntos: Deus em interjeiçoes populares espontáneas, Deus como criador providente, Deus como retribuidor pelo bem e pelo mal, e Deus parceiro dos seres humanos em sua proposta ética de boa convivência.
Palavras-chave: Deus, Ética, Nome divino, Provérbios, Retribuiçao.
Abstract
From the observation that God is "ineffable and formless", this article analyzes the use of the name of God in popular sayings of the Bible and of the present days. Although the Bible forbids making graven images of divinity, it abuses in the usage of the divine name and the metaphors of his attributes and his actions. This study aims to analyze the extensive use of the name of God in proverbs, both of biblical antiquity as of today life. After the introductory considerations about the name of God in some religions, in the Bible and in the mouth of the people, it explains the wide citation of the name of God in the biblical book of Proverbs, in the context of all the Hebrew Bible. To analyze this reality, in parallel, the proverbs are grouped around the following issues: God in spontaneous popular interjections, God as provident creator, God as retributive for good and evil, and God as partner of humans in his ethics proposal for a good coexistence.
Key words: God, Ethics, Divine name, Proverbs, Retribution.
Artigo recebido em 18 de janeiro de 2016 e aprovado em 22 de setembro de 2016.
Deus sempre é mais do que qualquer imagem (REIMER, 2009, p. 88).
introduçâo
A frase em epígrafe, no inicio deste artigo, bem como o livro referenciado, afirma a inefabilidade de Deus. Para além das diversas teorias sobre as representares de Deus, Haroldo Reimer demonstra o dado essencial, a saber, Deus é "inefável e sem forma". As tentativas de representá-lo nao passam de tateio pelas sombras. Como seus nomes sao múltiplos, ele nao se deixa aferrar, apenas permite representaçoes simbólicas. Se "ninguém jamais viu a Deus", como afirma o Evangelista Joao (Jo 1,18), significa que ele transcende qualquer tentativa de definiçao, e que as palavras balbuciadas podem captar indicios de sua presença no mundo. O "inefável e sem forma" adquire, através da linguagem, contornos de realidade descritível e até narrável.
Mas justamente porque Deus nao pode ser captado em sua plenitude, a historia revela passos alternados, na busca de formas para representar a Deus e, em sentido contrário, na proibiçao de figurá-lo sob qualquer imagem. Se por um lado a Biblia proíbe a representaçao iconográfica de Deus, ou seja, esculturas físicas, por outro lado ela esbanja imagens verbais, quer dizer, linguagem figurada através de metáforas para descrevê-lo.
Na esteira dessa discussao se debruça o presente artigo. Monoteísmo, com a aceitaçao de um único Deus absoluto? Politeísmo, com vários deuses para serem adorados? Aniconismo, enquanto proibiçao de qualquer ícone ou imagem da divindade? Para além desse debate, o artigo analisa a constataçao segundo a qual tanto a Bíblia quanto a tradiçao popular brasileira abusam do uso do nome de Deus. O nome de Deus está na boca do povo, invocado nas situaçoes mais diversas, para justificar os acontecimentos mais inexplicáveis da vida. Seja pela invocaçao absoluta do nome Deus, seja pela recorrência a sinónimos do nome divino, seja pela aplicaçao de metáforas e símbolos da divindade, a linguagem humana nao foge à presença constante de Deus na vida cotidiana.
As diversas religiôes, na impossibilidade de defini-lo, atribuem-lhe nomes variados: Jeová, Zeus, Deus, Alá, Braman, Tupa, Olorum, Guaraci, Oxalá, Jahbulon, Akazarus, entre tantos e tantos outros.
Na própria Bíblia Hebraica, Deus recebe vários nomes, como Yhwh, Elohim, El, Shaddai. Inúmeros outros nomes referem-se a atributos divinos ou a representaçôes e imaginários da divindade, como Deus dos pais, Poderoso de Jacó, Temor de Isaac, Rocha de Israel, Pastor, Poderoso, Criador, Senhor, Meu Rei, Nossa Justiça (METTINGER, 2015).
OIslamismo conserva a tradiçao dos 99 nomes de Deus. Na teologia muçulmana, por sinal, os nomes e atributos divinos sao quatro mil, dos quais mil sao reservados ao conhecimento divino; mil sao conhecidos por Deus, pelos anjos e pelos profetas; e mil por Deus, pelos anjos, pelos profetas e pelos crentes. "Destes últimos mil, trezentos sao mencionados na Torá, trezentos nos Salmos, trezentos nos Evangelhos e cem no Alcorao. Destes cem, noventa e nove sao conhecidos pelos fiéis comuns, ao passo que um é escondido, secreto e acessível apenas aos místicos mais iluminados" (MANDEL, 1999, p. 7).
Metodologicamente, este artigo agrupa provérbios sobre Deus, de acordo com grandes temas teológicos, a saber, Deus criador, Deus providente, justiça divina e ética humana. Para cada tema, sao apresentados, em paralelo, ditos do livro bíblico de Provérbios e expressôes da linguagem cotidiana atual. A análise exegética dos textos nao cabe nos limites deste estudo, podendo ser objeto de investigaçôes futuras. Tampouco se pretende, aqui, uma reflexao teológica aprofundada ou uma análise da cultura brasileira. O objetivo é analisar como é usado o nome de Deus em provérbios e expressôes populares.
1Deus no livro bíblico de Provérbios
O livro de Provérbios faz parte da rica e variada literatura sapiencial. Provérbios condensa, em formas breves e lapidares, séculos de experiência de vida e de expressäo poética de Israel e dos povos vizinhos. O livro se compoe de diversas coleçoes, de épocas variadas, bem como de temas e pontos de vista diferenciados. Assim, igualmente, os nomes de Deus aparecem, em Provérbios, de maneira esparsa e desigual, de acordo com cada coleçâo, cada época e cada teologia (PREUSS, 1981, p. 315-6).
Enquanto no livro de Provérbios os nomes de Deus ocorrem com frequência, em outros livros da Biblia o nome divino sequer é mencionado. É o caso de Ester2 e de Cántico dos Cánticos. O Cántico, por sinal, se caracteriza como poema profano de amor e paixäo, com uma única mençâo ao nome divino em sua forma abreviada, Yah, quando afirma que "O amor é forte, é como a morte... suas chamas sao chamas de fogo, uma faisca de Iahweh!" (Ct 8,6).3
Em outros livros sapienciais, o nome de Deus aparece de maneira polêmica e diferenciada. É o caso de Qoélet, conhecido como Eclesiastes. Por certo, o autor de Qoélet crê em Deus, mas quando se trata de conceituar esse Deus, "o leque de opinioes é amplíssimo" (VÍLCHEZ LÍNDEZ, 1999, p. 444). Há estudos que chegam a afirmar que o Deus de Qoélet é frio e impessoal.4
Bem diferente do Deus do autor de Qoélet é o conceito do Deus do autor de Jó. No livro de Jó, por sinal, pode-se discutir, com mais razäo, o debate entre várias concepçoes de Deus.5
No livro de Provérbios, sendo o nome de Deus citado de maneira intensa, mas esparsa e desigual, diversas questoes permanecem sem resposta. Para o escopo do presente estudo, bastam constataçoes que fundamentaräo as análises, na sequência.
Nem todos os nomes divinos bíblicos aparecem no livro de Provérbios. "Os outros nomes do Deus de Israel, atestados na Bíblia, estäo ausentes de Provérbios: 'o Senhor', 'o Altíssimo', 'o Todo Poderoso', ou 'o Deus dos Poderes' e 'El', DEUS" (LELIÈVRE, 1993, p. 61).
Numa estatística simplificada, segundo Preuss (1981, p. 338, nota 12), "'Javé' ocorre 20 vezes em Pr 10-15; 33 vezes em Pr 16.1-22,16. A coleçâo de Pr 25-28 o tem apenas em Pr 25.22, e a de Pr 28-29 cinco vezes. 'Elohim (Deus) só ocorre em Pr 25.2".
Boström, num estudo que visa justamente "reconhecer e descrever várias qualidades usadas para retratar Deus no livro de Provérbios" (BOSTRÖM, 1990, p. 31) apresenta uma estatística semelhante à de Preuss, com pequenas variaçoes numéricas, chegando a um total de 99 referências ao nome divino, o que corresponde a mais de 10% dos 915 versículos do livro bíblico de Provérbios (BOSTRÖM, 1990, p. 33-4).
Após a estatística completa sobre o uso do tetragrama divino, no livro de Provérbios, Leliévre (1993, p. 62) se pergunta por que Yhwh está ausente em diversos capítulos de Provérbios e concentrado em outros, como em Pr 15 e 16? O autor rechaça a resposta de Whybray e de outros exegetas, segundo os quais os versículos Yahwistas foram introduzidos para corrigir aqueles profanos. No Judaísmo em geral e, particularmente, no livro de Provérbios, as diversas realidades conflitivas da vida säo agregadas de maneira integradora e complementar, sem oposiçâo ou intolerância.
Essa constataçâo se verifica, além do mais, pela adoçâo, por parte de Provérbios, de paralelos literários e teológicos com a literatura sapiencial das culturas circunstantes, sobretudo do Egito e da Mesopotâmia. De acordo com Preuss (1981, p. 317), "A literatura sapiencial nao adota, no seu falar em Javé, as afirmaçôes sobre a sua natureza e o seu agir, peculiares ao resto do AT... em contraposiçao... fala de Javé exatamente da mesma maneira que a literatura sapiencial do Antigo Oriente fala de Deus ou dos deuses". A pesquisa de Boström (1990) ilustra de maneira ampla e diversificada essas mesmas conclusôes.
Se o nome de Deus está na boca do povo, tanto na Biblia quanto na atualidade, a análise seguinte identificará alguns desses usos mais comuns.
2O nome de Deus em interjeiçoes da linguagem popular
O nome de Deus, Yhwh, é a palavra mais repetida na Biblia Hebraica. Ocorre um total de 6.823 vezes, na contagem de Brown, Driver e Briggs (apud JENNI, 1978, col. 970), com pequenas variaçôes para mais ou para menos ocorrências. A forma abreviada deste nome, Yah se encontra 50 vezes na Biblia Hebraica. Somente no livro biblico de Provérbios o nome Yhwh ocorre 87 vezes segundo a referência de Jenni, ou praticamente 100 vezes conforme Boström (1990, p. 34). Apesar do mandamento de "nao pronunciar o nome do Senhor teu Deus (Yhwh eloheka) em vao" (Ex 20,7), o nome divino aparece, na Biblia, em situaçoes as mais diversas.
No livro de Provérbios, como se constata, nao é diferente. A coleçao de Pr 10,1-22,16 emprega diversas vezes a expressao "abominaçao de Yhwh", para referencias negativas, e "favor de Yhwh" para práticas positivas (PREUSS, 1981, p. 324-5).
Balança falsa é abominaçao para Yhwh,
mas o peso justo tem o seu favor (Pr 11,1).
Abominaçao para Yhwh sao os lábios mentirosos,
o seu favor é para os que praticam a verdade (12,22).
O sacrificio dos ímpios é abominaçao para Yhwh,
mas o seu favor é para a oraçao dos homens retos (15,8).6
No linguajar popular, Deus é certamente a invocaçao mais recorrente. E isso se comprova na vida cotidiana. Além de Jesus, Maria e dos santos, o nome de Deus está presente em provérbios, ditos, expressöes e atitudes. Essa prática é o resultado de séculos de catequese, reflexo da teologia ensinada e cristalizada em ditos populares. Nesse substrato teológico, Deus é expressao automática, palavra mágica ou objeto de devoçao. A ideia de confiar em Deus de maneira cega, como se ele agisse milagrosamente, e interviesse de maneira automática chama-se providencialismo.7 Fazer o sinal da cruz pode ser um gesto automático, tanto na passagem pela frente de uma igreja quanto na entrada do campo de futebol, para começar o jogo. Em expressöes corriqueiras, do dia a dia, o nome de Deus é empregado como simples interjeiçao, de maneira consciente ou inconsciente: Deus! Oh Deus! Meu Deus! Meu Deus do céu! 8
Esse uso estende-se a inúmeras expressöes, podendo ser aplicado como uma invocaçao positiva do nome de Deus, ou como um protesto ou até mesmo como um xingamento: Deus me livre! Valha-me Deus! Haja Deus! Deus nos acuda! Pelo amor de Deus! Em nome de Deus!
Para cada momento da vida, há uma maneira de invocar a Deus, seja para almejar o que virá de melhor, seja para agradecer o que se passou ou para exaltar e fazer um augúrio: Se Deus quiser! Graças a Deus! Deus que ajude!
A uma criancinha muito linda e graciosa, nao se tecem elogios, que é para evitar quebranto, na superstiçao popular, mas se faz uma invocaçao a Deus: Benza Deus! Deus o guarde!
No momento de dizer boa noite para dormir, ou na hora de despertar, as crianças saúdam os pais com um pedido de bênçao, conforme o antigo costume portugués, e os pais respondem com a invocaçao da bénçao divina: Deus te abençoe!
Quando alguém dá um espirro, sinal mais evidente de vitalidade, deseja-se saúde, com diversas formas de invocar a Deus: Deus te crie! Deus te dê saúde! Deus te dê vergonha!
Quando alguém se despede, é usual desejar a companhia de Deus, tanto para quem parte quanto para quem fica. Essa saudaçao é particularmente usual no Estado de Goiás: Vai com Deus! Fique com Deus! Deus te acompanhe!
Quando alguém quer reclamar a sua porçao ou garantir o seu pedaço, ao sentir-se discriminado, reclama: Também sou filho de Deus!
Para garantir a própria palavra, é usual jurar em nome de Deus. O costume de jurar sobre a palavra de Deus, simbolizado pela mao sobre a Biblia, é atestado nos tribunais, tanto civis quanto eclesiásticos. Apesar de a própria Biblia proibir terminantemente o juramento (Mt 5,34-36), a mesma Biblia registra diversos juramentos com o nome próprio de Deus Yhwh (Dt 6,13; 10,20; Is 19,18; 48,1 etc). Nao raro, o juramento é posto na boca divina: Eu juro por mim mesmo (Is 45,23).
E na linguagem corriqueira, coloquial, desde a infância até a idade adulta, o juramento brota espontaneamente, para assegurar a palavra dada: Juro por Deus! Por Deus do Céu!
Talvez a maneira mais típica de se agradecer, na prática da gratuidade solidária, seja apelar para Deus, como o credor de todas as dividas: Deus lhepague! Dever a Deus e a todo mundo. Foi ao Deus dará. Quem dá aos pobres empresta a Deus (cf. Pr 19,17; 22,9; 28,27).
Exalta-se a Deus, sobretudo, para louvá-lo ou para safar-se de situaçoes dificeis. A grandeza e transcendéncia de Deus é declarada de maneira clara e inequívoca: Deus é mais. Deus é dez. Só Deus é grande (atribuido a Antonio Conselheiro).
Outras expressöes passaram por adaptaçoes lingüísticas, mas contêm o nome de Deus em sua raiz. A lingua portuguesa vulgarizou a palavra tedéu, com sentido de festa ou confusao, originada do latim te-déum (a ti Deus), primeiras palavras do hino ambrosiano de louvor (FERREIRA, 1999, p. 1935).
Dizer adeus é recomendar alguém a Deus, desejar que Deus esteja com a pessoa. A mesma expressao possui traduçao equivalente nas línguas neolatinas adiós, adieu, addio. Igualmente o inglés goodbye é a forma abreviada de God be with ye (Deus esteja contigo). (PIMENTA, 2004, p. 15).
A interjeiçao oxalá é a adaptaçao portuguesa do árabe in-xa 'llah, queira Deus, literalmente se quiser Deus/Alá (NIMER, 2005, p. 593).
O inseto conhecido como louva-a-Deus ganhou este nome popular justamente pela sua posiçao quando pousa e junta as patas dianteiras, à semelhança de uma pessoa rezando, de joelhos. Outros idiomas conservam imagem semelhante, mas a partir da raiz grega mántis, profeta. Playing mantis (inglés), mantis (espanhol), mante (francês), mantide (italiano). (PIMENTA, 2002, p. 134).
A palavra entusiasmo provém do grego enthousiasmos "espécie de furor de inspiraçao divina que se apossa da alma: de enthous, inspirado por um deus e asthma, sopro" (VICTORIA, 1958, p. 64).
Perante esse uso e abuso do nome de Deus no dia a dia, alguns aspectos chamam a atençao, relacionados com a própria teologia e seu significado. Os próximos itens agrupam, tematicamente, alguns provérbios, de acordo com os principais atributos divinos, criaçao, providência, retribuiçao, ética e parceria humana. Da aproximaçao entre provérbios bíblicos e populares, procede-se à análise crítica, a fim de identificar o pensamento teológico que motiva tais expressöes.
3Deus criador e providente
Deus é criador do universo e dos seres humanos e, ademais, protetor dos pobres e desvalidos. Essa convicçao, presente em toda a Biblia, encontra constantes ecos na atualidade. Igualmente nas demais culturas do Antigo Oriente Médio, seja do Egito, seja da Mesopotâmia, há textos paralelos que ilustram as mesmas convicçoes (LELIÈVRE, 1993, p. 75-6).
No livro de Provérbios, Deus aparece como o criador e ordenador, seja dos seres humanos, seja do universo, seja de todas as relaçoes humanas. Nao só, mas Deus é quem mantém a ordem e o equilibrio de modo que tudo dele depende (BOSTRÖM, 1990). Segundo Alonso Schökel e Vílchez Líndez (1984, p. 29), "Nos livros bíblicos sapienciais, Deus é fonte de conhecimento, limite do conhecimento, tema de reflexao; é guia da conduta humana, que ele julga e sanciona; é autor de uma organizaçao religiosa ordenada pelos dois polos do respeito e da confiança".
Yhwh fundou a terra com sabedoria,
e firmou o céu com o entendimento (3,19).
O ouvido que ouve, o olho que vê,
Yhwh os fez a ambos (20,12).
Rico e pobre se encontram;
a ambos fez Yhwh (22,2).
Além de ter criado o Universo, Deus o mantém e o sustenta. A criaçao é fruto da sabedoria divina, que a conserva e a recria constantemente. A providência divina nao descuida nenhum detalhe, mas dedica especial atençao a quem pratica a justiça.
Yhwh nao deixa o justo faminto,
mas reprime a cobiça dos impios (10,3).
Xeol e Perdiçao estao diante de Yhwh:
quanto mais o coraçao humano! (Pr 15,11).
Mais vale pouco com temor de Yhwh,
do que grandes tesouros com sobressalto (15,16).
Na tradiçao popular brasileira, a grandeza e transcendência de Deus exageram a tal ponto o poder de sua providência que se expressam num providencialismo. Com isso, às vezes se exalta a Deus, na certeza de que ele sempre "dá um jeitinho" ou "quebra o galho". Deus é tao bondoso e tao sábio, que nos atende na medida de nossas necessidades, como diversos provérbios o expressam:
Deus dá o frio conforme o cobertor.
Deus dá a canga conforme o pescoço.
Quando Deus tira os dentes, alarga a goela.
Deus, quando tira os dentes, endurece as gengivas.
Deus mede o vento à ovelha tosquiada.
Quando se fecha uma porta Deus sempre abre uma janela.
Ocorre também como concessao de privilégios a quem nao pode deles usufruir, como forma de compensaçao: Deus dá nozes a quem nao tem dentes. Deus nao dá asas à cobra. É o pensamento atrelado à teologia da retribuiçao, exposta no próximo item. Ou ainda, pelo pior, quando se faz qualquer estultice, pode-se apelar para que a providência divina supra fiascos e fracassos. É doutrina teológica e senso comum atribuir o mal ao diabo e o bem a Deus. Mas também é comumente aceito que Deus compensa as lacunas humanas: Deus escreve direito por linhas tortas (cf. 16,4; 20,30). Ou: À criança e ao borracho, Deus poe a mao por baixo.
Se a providência divina supre as deficiências humanas, essa espécie de última esperança se mantém como certeza proclamada: De hora em hora, Deus melhora. Pouco com Deus é muito. Muito sem Deus é nada (cf. Pr 15,16; 16,8).
O mesmo pensamento de confiança em Deus desemboca, com frequência, numa atitude passiva, como se a açao de Deus suprisse magicamente as deficiências humanas ou como se a sorte ou o destino estivesse traçado nos projetos divinos. É o que se chama fatalismo.9 Deus quis assim. É a vontade de Deus. Deus sabe o que faz. Coloca nas maos de Deus! O que Deus risca ninguém rabisca. Deus querendo, até o deserto amanhece chovendo. Só Deus é perfeito, o resto vem com defeito. O homem poe e Deus dispoe (cf. Pr 16,1.9; 19,21; 21,2). O homem faz e Deus desfaz.
No exagero, isso adquire traços de etnocentrismo10, que se manifesta com a manipulaçao da origem e da açao de Deus. Vale nas manifestaçoes populares, sobretudo em futebol, com relaçao ao time mais fraco. Também pode adquirir ares de democracia ou de nacionalismo. A voz do povo é a voz de Deus. Deus é brasileiro. Deus é gaúcho. Cristo é carioca.
Na sequência desse viés que quer adonar-se do poder divino, nao falta a expressao do individualismo. Deus deu a vida para cada um cuidar da sua. Cada um por si e Deus por todos.
Com essa ideia de Deus criador e providente, está bastante interligada a ideologia seguinte, do Deus que retribui de acordo com os méritos de cada pessoa.
4O Deus da retribuiçao
Tanto na Biblia quanto na tradiçao popular, impoe-se um pensamento comum, embora perigoso, conhecido como teologia da retribuiçao. Em palavras simples, significa que Deus retribui a cada pessoa conforme os seus méritos, ou seja, pessoas que fazem o bem sao abençoadas por Deus e as que fazem o mal sao amaldiçoadas de acordo com sua maldade. Com base na lei do taliao "Olho por olho, dente por dente, pé por pé..." (Ex 21,24), pressupoe a aplicaçao de uma justiça retributiva absoluta, baseada na própria justiça divina.11
A doutrina da retribuiçao, ampla e complexa, pode ser interpretada de maneiras diversas. Na própria Biblia, ela é contestada e questionada, por exemplo nos livros de Jó e Eclesiastes. Em Provérbios, ela nao obedece a uma lógica linear. Apresenta-se, entretanto, como uma elaboraçao da própria proposta de sabedoria, segundo a qual, a cada açao decorre uma consequência, seja positiva, seja negativa. Embora haja provérbios que equilibrem a responsabilidade humana com a divina, como será apresentado no item seguinte, há os que veiculam o pensamento da retribuiçao, como uma lei de causa e efeito. Segundo essa lei, Deus aceita ou abomina os comportamentos, de acordo com a conduta de cada ser humano.
Abominaçao para Yhwh säo os lábios mentirosos,
o seu favor é para os que praticam a verdade (12,22).
Quem faz caridade ao pobre empresta a Yhwh,
e ele dará a sua recompensa (19,17; cf. 12,2.9).
Para quem dá ao pobre näo há necessidade,
mas quem dele esconde seus olhos terá muitas maldiçoes (28,27).
Nos provérbios do Brasil, Deus aparece como justiceiro e castigador em diversos ditos populares, recalcando assim a teologia da retribuiçao pela via negativa. Deus tarda, mas näo falha. Deus näo mata, mas castiga. Deus näo mata, mas aleija.
Outros provérbios frisam a retribuiçao pela via positiva, isto é, Deus está sempre pronto a premiar o bem, na medida de sua misericórdia e dos méritos de quem o pratica. Deus é pai, näo é padrasto. Deus sempre perdoa, os homens às vezes, a natureza nunca. Deus castiga com a mäo esquerda e afaga com a direita.
A ideia da retribuiçao valoriza a fé, em detrimento das açoes, como forma de suprir limitaçoes e fracassos. A fé passa a ser, negativamente, o álibi para o agir humano, quer pelo bem quer pelo mal. Fé em Deus e pé na tábua. Fé em Deus e unha no povo.
A teologia da retribuiçao reflete uma ideia parcial de Deus e de sua justiça. Essa ideia se baseia na relaçao de pagamento, como se Deus fosse devedor das boas açoes humanas e vingador das más açoes. Entretanto, essa imagem de Deus vingativo se faz presente tanto em textos bíblicos quanto na mentalidade popular hodierna. Vale, porém, reafirmar a realidade constante do Deus que é amor, misericordia e perdao.
Mas nao só de retribuiçao vivem a Biblia e o pensamento popular. Noutra linha teológica mais coerente, é a parceria entre o ser humano e Deus que constrói o caminhar da historia.
5Ética e parceria humana
A pessoa que busca a sabedoria procura comportar-se de acordo com a ordem do universo, estabelecida por Deus. Esse é o ideal da pessoa sábia, na busca do equilibrio entre a ordem divina e o comportamento humano. Isso se traduz numa atitude ética, como forma de bem viver com felicidade.
Numa tese bem elaborada, Sun Myung Lyu defende que "O livro de Provérbios, como um todo, claramente se apresenta como um discurso autoritativo moral" (LYU, 2012, p. 6). Na argumentaçao do autor, há um tom religioso que fundamenta os ensinamentos de Provérbios, em vista das virtudes éticas que chamam para a formaçao do caráter. Embora a hipótese possa ser questionada, ela tem o mérito de valorizar a formaçao humana em vista da vivência com sabedoria e retidao.12
A tese de Boström, por sua vez, apresenta de maneira equilibrada, o Deus do livro bíblico de Provérbios, em sua relaçao com os seres humanos. Trata-se de um Deus pessoal, atento a fracos e indefesos, especificamente pobres, órfaos e viúvas e, consequentemente, comprometido com as causas das pessoas justas. Embora, por um lado, Provérbios apresente um Deus transcendente, por outro lado acentua a representaçao de um Deus próximo às pessoas e envolvido pessoalmente com os seus problemas (BOSTRÖM, 1990, p. 193-238).
Muitos provérbios bíblicos, portanto, apontam para o comportamento da pessoa sábia ou justa, como forma de corresponder à característica do Deus que prima pela justiça. Dessa sintonia entre a Deus que se engaja pessoalmente com as situaçoes de injustiça e a conduta humana que corresponde a tal apelo divino, surge a proposta de um mundo de equilibrio e bem-estar. Alguns provérbios traduzem essa realidade com a metáfora do caminho, na proposta de seguir os passos de Yhwh (Pr 10,29, dentre outros).
Quem anda na retidao teme a Yhwh,
quem se desvia dos seus caminhos o despreza (14,2).
Recomenda a Yhwh tuas obras,
e teus projetos se realizarao (16,3).
O coraçao do homem planeja o seu caminho,
mas é Yhwh que firma seus passos (16,9; cf. 16,1; 19,21; 21,2, com o correspondente O homem propöe, Deus dispöe).
O comportamento humano mais comumente exigido, em Provérbios, é o temor de Yhwh. Temor de Yhwh é a atitude de respeito do ser humano perante Deus, para distinguir a distância entre um e outro. Trata-se de um tema tipicamente bíblico e raro no Antigo Oriente Médio (PREUSS, 1981, p. 327-32): Que o teu coraçao nao inveje os pecadores, mas o dia todo tenha temor de Yhwh (Pr 23,17). 13
Na tradiçao popular brasileira, há ocorrências positivas, em que a parceria humana é valorizada, em seu esforço em colaborar com a força divina. Nao falta o apelo à iniciativa humana, e mesmo ao protagonismo dessa açao. Deus ajuda quem cedo madruga. Deus ajuda a quem trabalha. Ajuda a Deus que ele te ajudará! Mais vale quem Deus ajuda do que quem muito cedo madruga. Faça a sua parte que Deus faz a dele!
Mesmo assim, com frequência essa parceria apenas realça a incompetência humana e o seu limite diante da transcendência divina. É o caso da frase de para choque de caminhao: Guiado por mim, dirigido por Deus.
Na mesma linha de pensamento, para exaltar alguém, com qualidades extraordinárias, a quem se devota muita admiraçao, usa-se o termo comparativo: É Deus no céu e fulano na terra.
Raramente um provérbio questiona Deus, e quando o faz é de maneira irónica, exaltando a sua grandeza. Um ditado do Ceará ilustra bem este pensamento: Se Deus sabia que nao ia dar conta desse mundo, porque o fez tao grande?
Para concluir, trazemos dois exemplos literários, da poesia brasileira, que ilustram ditos sobre o Deus criador e o êxtase humano diante da criaçao. A natureza é vista como palavra de Deus, o livro primeiro, com letras que evidenciam os traços da mao divina.
Esta beleza,
que se chama natureza,
é meu livro predileto.
Nao precisa de alfabeto,
pois foi escrito por Deus (Catulo da Paixao Cearense).
A criaçao humana, renovada em cada nascimento, oferece a certeza de que Deus continua a sua obra criadora e a conserva constantemente, com seu divino alento:
Minha senhora dona,
uma criança nasceu
e o mundo tornou a começar... (Guimaraes Rosa).
Concluindo
Os provérbios filtram a sabedoria popular, de milênios. Nascidos de maneira espontánea e anónima, transmitem-se oralmente, de geraçao em geraçao, e nao raro sao fixados por escrito. É o caso do livro de Provérbios, bíblico, assim como de coletáneas modernas de ditos e expressoes populares. Refletem, num e noutro caso, a sabedoria vivenciada por pessoas, familias e povos, ao longo de séculos de historia.
Dentre tantas e tantas gotas de sabedoria, os provérbios sobre Deus poderiam constituir uma das mais ampias coletâneas. O nome de Deus ocorre, com surpreendente frequência, na linguagem cotidiana dos povos de todos os tempos. Mais que uma prática cultural, isso reflete a fé que move a vida em suas mais diversas circunstâncias.
Se, por um lado, a Bíblia proíbe o uso do nome de Deus em vao, e veta qualquer representaçao sua, por meio de imagem esculpida, por outro, abusa da linguagem, com metáforas e representares, para descrever sua natureza, atributos e açoes. Essa linguagem, representada em provérbios e ditos populares, o presente artigo procurou evidenciar.
1 Artigo em homenagem ao colega de longos anos no estudo da Bíblia, Haroldo Reimer.
2 Embora, de fato, o nome de Yhwh em forma plena nao ocorra em Ester, Rodrigo P. Silva discute, a partir de manuscritos massoréticos, a presença de quatro acrósticos que poderiam aludir às quatro letras do tetragrama divino (SILVA, 1996, p. 62-7).
3 A nota f a Ct 8,6 da Biblia de Jerusalém afirma que este "É o único emprego do nome de Iahweh em todo o Cántico". Na verdade, o versículo cita o nome divino Yah, nao Yhwh, que seria o tetragrama normalmente referido ao nome de Deus, em hebraico, e que esta Biblia traduz em portugués, estranhamente, como Iahweh. No Brasil, tem se popularizado a fórmula Javé, e em ambiente protestante usa-se mais Jeová, sob influéncia da vocalizaçao hebraica do nome Adonai (REIMER, 2009, p. 16-7). Este artigo mantém a transliteraçao do original hebraico, Yhwh.
4 O referido autor, em um "Excurso sobre Deus e o temor de Deus em Qohélet" (VÍLCHEZ LÍNDEZ, 1999, p. 444-9) faz um balanço das diversas opiniöes sobre o assunto.
5 Mettinger (2015, p. 249-80) conclui seu estudo sobre os nomes de Deus na Biblia com um capítulo sobre "Jó e seu Deus", no qual discute très concepçoes: o Deus dos amigos de Jó, o Deus de Jó e o Deus da tormenta.
6 Este artigo cita, normalmente, os textos bíblicos segundo a traduçao da Biblia de Jerusalém (2002).
7 Providencialismo é a confiança cega em Deus, como se ele resolvesse mecanicamente todos os problemas do mundo, independentemente da colaboraçao humana. A Bíblia afirma, inequivocamente, a Providencia divina, mas nao dispensa a colaboraçao humana. "Se a Providência firma o homem na esperança, também exige dele que seja seu colaborador" (LACAN, 1972, Col. 844).
8 Há vários elencos de provérbios portugueses e brasileiros, dentre os quais foram consultados, sobre Deus, os livros de Costa (2009) e o de Pinto (2000). Franco (sd., p. 310-2) elenca algumas expressöes e tece pequenos comentários. O site portugués Citador (2015) possui um bom elenco de 77 provérbios "deus".
9 "A fatalidade, personificada pelos gregos com o nome de Moira, significava no mundo antigo o poder invisível que rege o destino humano... No pensamento clássico, bem como na religiao oriental, a fatalidade é um poder sombrio e sinistro que se relaciona com a visao trágica da vida. Denota, nao a ausencia da liberdade, mas a sujeiçâo da liberdade. É a necessidade transcendente na qual a liberdade está emaranhada (Tillich). A fatalidade é cega, inescrutável e inevitável" (BLOESCH, 1990, p. 152). Rangel (2003, p. 71-4) estabelece esta relaçao do fatalismo com a "Religiao dos provérbios e ditos populares".
10 Etnocentrismo, na definiçao de Sumner (apud HOEBEL, 1987, p. 437) é a "visao de mundo na qual o centro de tudo é o próprio grupo a que o indivíduo pertence, tomando-o por base, sao escalonados e avahados todos os outros grupos".
11 "A Biblia ensina explicitamente que a justiça é fonte de felicidade e que o pecado é causa de infelicidade. Esse laço entre a justiça e a felicidade, entre o pecado e a infelicidade é elaborado, como regra geral, com base numa concepçao concreta e até material da bênçao e da maldiçao... em última análise, porém, esse laço repousa sobre a justiça de Deus, cujo julgamento infalível dá a cada um segundo suas obras" (LIPINSKI, 2013, p. 1116).
12Lyu (2012) distingue claramente o conceito de retidao (righteousness) do conceito de justiça (justice). O livro de Provérbios, segundo ele, trata de retidao (raiz hebraica tsdq), nao de justiça (tsedaqah), o que consideramos, novamente, questionável, pois a abordagem sobre justiça social, em Provérbios, é uma evidencia que se impöe por si mesma.
13 O tema do temor de Yhwh, frequente na Bíblia Hebraica e amplamente explorado nos comentários bíblicos, nao caberia nos limites do presente artigo.
REFERÊNCIAS
ALONSO SCHÖKEL, Luis; VÍLCHEZ LÍNDEZ, José. Proverbios. Madrid: Cristiandad, 1984.
Bíblia de Jerusalém (A). Sao Paulo: Paulus, 2002.
BLOESCH, D. G. Fatalidade, fatalismo. In: ELWELL, Walter A. (Editor). Enciclopédia Histérico-Teológica da Igreja Crista. Vol. II. Traduçao de Gordon Chown. Sao Paulo: Vida Nova, 1990. p. 152.
BOSTRÖM, Lennart. The God of the Sages: The Portrayal of God in the Book of Proverbs. Stockholm: Almqvist & Wiksell, 1990.
CITADOR. Provérbios "deus". http://www.citador.pt/proverbios.php?cit=2&op=7&theme=deus&firstrec=70. Consulta em 05/11/2015, 8:50h.
COSTA, Joao José da. A sabedoria dos ditados populares. Sao Paulo: Butterfly, 2009.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
FRANCO, Cid. Dicionário de expressöes populares brasileiras. Vol. I. Sao Paulo: Editoras Unidas, [197?].
HOEBEL, E. Adamson. Etnocentrismo. In: SILVA, Benedito (Coordenaçao). Dicionário de Ciências Sociais. 2.ed. Rio de Janeiro: Fundaçao Getúlio Vargas, 1987. p. 437-438.
JENNI, Ernst. Yhwh Yahvé. In: JENNI, Ernst; WESTERMANN, Claus (Editores). Diccionario Teológico Manual del Antiguo Testamento. Tomo I. Madrid: Cristiandad, 1978. Col. 967-975.
LACAN, Marc-François. Providência. In: LÉON-DUFOUR, Xavier. Vocabulário de Teologia Bíblica. Petrópolis: Vozes, 1972. Col. 843-846.
LELIÈVRE, André. La sagesse des Proverbes: une leçon de tolérance. Genève: Labor et Fides, 1993.
LIPINSKI, Édouard. Retribuiçao. In: MAREDSOUS. Dicionário Enciclopédico da Bíblia. Traduçao de Ary E. Pintarelli e Orlando A. Bernardi. Sao Paulo: Loyola, Paulinas, Paulus, Academia Crista, 2013. p. 1160-1165.
LYU, Sun Myung. Righteousness in the Book of Proverbs. Tübingen: Mohr Siebeck, 2012. (Forschungen zum alten Testament 2. Reihe 55).
MANDEL, Gabriele. Os 99 nomes de Deus no Alcoräo. Traduçao de Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis: Vozes, 1999.
METTINGER, Tryggve N. D. O significado e a mensagem dos nomes de Deus na Bíblia. Santo André: Academia Crista, 2015.
NIMER, Miguel. Influências orientais na língua portuguesa: os vocábulos árabes, arabizados, persas e turcos: etimologias, aplicaçôes analíticas. 2.ed. Sao Paulo: EDUSP, 2005.
PIMENTA, Reinaldo. A casa da mäe Joana: curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
PIMENTA, Reinaldo. A casa da mäe Joana 2: mais curiosidades nas origens das palavras, frases e marcas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
PINTO, Ciça Alves. Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins. Sao Paulo: Senac, 2000.
PREUSS, Horst Dietrich. O conceito de Deus na sabedoria mais antiga de Israel. In: GERSTENBERGER, Erhard S. (Organizador). Deus no Antigo Testamento. Sao Paulo: ASTE, 1981. p. 313-344.
RANGEL, Paschoal. Provérbios e ditos populares: a sabedoria da nossa gente. Belo Horizonte: O Lutador, 2003.
REIMER, Haroldo. Inefável e sem forma: estudos sobre o monoteísmo hebraico. Goiânia: UCG; Sao Leopoldo: Oikos, 2009.
SILVA, Rodrigo P. O nome de Deus no livro de Ester. Estudos Bíblicos, Petrópolis, n. 48, p. 62-7, 1996.
VICTORIA, Luiz A. P. Dicionário da origem e da vida das palavras. Rio de Janeiro: Livraria Império, 1958.
VÍLCHEZ LÍNDEZ, José. Eclesiastes ou Qohélet. Sao Paulo: Paulus, 1999.
Valmor da Silva*
* Doutor em Ciências da Religiäo, mestre em Teologia e em Exegese Bíblica, professor titular de Teologia e Ciências da Religiäo da PUC Goiás. Pesquisador bolsista FAPEG/CAPES. Pós-Doutorando da FAJE. País de Origem: Brasil. E-mail: lesil@terra.com.br.
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer
Copyright Pontificia Universidade Catolica de Minas Gera, Programa de Posgraduacao em Ciencias da Religiao Jul-Sep 2016
Abstract
From the observation that God is "ineffable and formless", this article analyzes the use of the name of God in popular sayings of the Bible and of the present days. Although the Bible forbids making graven images of divinity, it abuses in the usage of the divine name and the metaphors of his attributes and his actions. This study aims to analyze the extensive use of the name of God in proverbs, both of biblical antiquity as of today life. After the introductory considerations about the name of God in some religions, in the Bible and in the mouth of the people, it explains the wide citation of the name of God in the biblical book of Proverbs, in the context of all the Hebrew Bible. To analyze this reality, in parallel, the proverbs are grouped around the following issues: God in spontaneous popular interjections, God as provident creator, God as retributive for good and evil, and God as partner of humans in his ethics proposal for a good coexistence.
You have requested "on-the-fly" machine translation of selected content from our databases. This functionality is provided solely for your convenience and is in no way intended to replace human translation. Show full disclaimer
Neither ProQuest nor its licensors make any representations or warranties with respect to the translations. The translations are automatically generated "AS IS" and "AS AVAILABLE" and are not retained in our systems. PROQUEST AND ITS LICENSORS SPECIFICALLY DISCLAIM ANY AND ALL EXPRESS OR IMPLIED WARRANTIES, INCLUDING WITHOUT LIMITATION, ANY WARRANTIES FOR AVAILABILITY, ACCURACY, TIMELINESS, COMPLETENESS, NON-INFRINGMENT, MERCHANTABILITY OR FITNESS FOR A PARTICULAR PURPOSE. Your use of the translations is subject to all use restrictions contained in your Electronic Products License Agreement and by using the translation functionality you agree to forgo any and all claims against ProQuest or its licensors for your use of the translation functionality and any output derived there from. Hide full disclaimer