RAI Revista de Administrao e Inovao ISSN: 1809-2039
DOI:
Organizao: Comit Cientfico Interinstitucional Editor Cientfico: Milton de Abreu Campanario Avaliao: Double Blind Review pelo SEER/OJS Reviso: Gramatical, normativa e de Formatao
CAPACIDADE DE INOVAO EM PMES DO SEGMENTO INDUSTRIAL DE CONFECES
Cristina Hillen
Mestre em Administrao pela Universidade Estadual de Maring UEM
Professor do Ensino Superior da Universidade Estadual do Paran UNESPAR
mailto:cristina.hillen@gmail.com
Web End =cristina.hillen@gmail.com (Brasil)
Hilka Pelizza Vier Machado
Doutora em Engenharia de Produo pela Universidade Federal de Santa Catarina UFSC
Professora do Centro Universitrio Cesumar UniCesumar
mailto:hilkavier@yahoo.com
Web End =hilkavier@yahoo.com (Brasil)
RESUMO
A inovao importante atualmente no apenas para grandes, mas tambm para pequenas e mdias
empresas (PMEs). Esta pesquisa analisou a capacidade de inovao de PMEs de indstrias de
confeces do municpio de Maring, considerado um plo do vesturio paranaense e brasileiro, cujas
empresas so predominantemente de pequeno e mdio porte. A investigao utilizou o modelo de
Julien et al. (2009). A natureza da pesquisa exploratria e quantitativa, tendo sido realizada por meio
de survey, com questionrio estruturado aplicado junto a 34 empreendedores, cujos resultados
mostraram que o setor apresenta baixa capacidade de inovao. As inovaes apresentaram-se como
fracas, no associadas capacidade de absoro da informao.
Palavras-chaves: Inovao; Capacidade de Inovao; PMEs.
Capacidade de inovao em PMEs do segmento industrial de confeces
1. INTRODUO
A capacidade de inovao dependente de capital estrutural e relacional. Ela depende dos recursos financeiros, humanos, tecnolgicos, informacionais, da capacidade de absoro da informao e de uma cultura organizacional que promova e gerencie competncias estratgicas e organizacionais, para pr em prtica ideias e mtodos diferentes, que resultem em novos produtos e processos inovadores (Damanpour & Shneider, 2006), bem como da criao de valor (Varis & Littunen, 2010).
A mensurao da inovao em pequenas e mdias empresas (PMEs), de modo geral, considera as orientaes da Organizao para Cooperao Econmica e Desenvolvimento (OCDE) (2005), nas quais se incluem informaes de P&D e informaes contbeis. Modelos especficos para avaliao da inovao em PMEs tm demonstrado melhor efetividade, como por exemplo, o radar de inovao, utilizado para mensurar a inovao setorial e utilizado por Oliveira, Gois, Cavalcanti, Paiva Junior e Marques (2014). Outro modelo o de Julien, Leyronas and Moreau (2009), que busca mensurar a capacidade de absoro da informao em PMEs, tendo por base as fontes de informaes organizadas em redes, a capacidade de absoro da informao e a transformao de informao em inovao. O modelo propicia a mensurao da inovao em PMEs por meio de outras bases, que no as informaes de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e contbeis, mas utiliza-se de variveis que interferem diretamente na capacidade de inovao das empresas e que so de conhecimento dos empreendedores.
O segmento industrial de confeces de artigos do vesturio, foco do presente estudo, faz parte da cadeia produtiva da indstria txtil e de confeco. Caracteriza-se como segmento que possui processos pouco automatizados e dependentes de mo de-obra direta, produz uma diversidade de produtos e apresenta-se como altamente competitivo. Neste segmento, de modo geral, grandes empresas dedicam-se a produtos padronizados que requerem modificaes secundrias diante de mudanas da moda e de estaes do ano, enquanto as PMEs voltam-se para produtos mais influenciados pelas variaes da moda e pela sazonalidade (Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2008).
No Brasil, 99% das indstrias do segmento industrial de confeces de artigos do vesturio so PMEs (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, IBGE, 2012). Especificamente na regio de Maring, Estado do Paran, considerada plo do vesturio paranaense, essas empresas so em maioria PMEs, possuindo elevada representatividade econmica e sendo responsvel por alta empregabilidade (Federao das Indstrias do Estado do Paran, FIEP, 2011). Tais caractersticas, aliadas inexistncia
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e pesquisa sobre capacidade de inovao em PMEs, especificamente nesse segmento e nessa regio deram origem a esta pesquisa, influenciada tambm pela representatividade regional do setor e pela importncia da capacidade de inovao para essas empresas. O modelo de Julien et al. (2009) foi anteriormente utilizado no setor de vesturio junto a PMEs no Congo-Brazzaville, propiciando tambm uma possibilidade de comparao dos resultados.
Esta pesquisa teve por objetivo analisar a capacidade de inovao de um grupo de PMEs do segmento industrial de confeces de artigos do vesturio na regio de Maring, no Estado do Paran, utilizando o modelo de pesquisa de capacidade de absoro da informao adaptado a PMEs, criado por Julien et al. (2009) e validado em estudos anteriores (Julien et al., 2009; Leyronas & Moreau, 2006).
Este artigo apresenta os pressupostos que deram origem ao modelo de Julien et al. (2009), bem como o detalhamento dos procedimentos da pesquisa realizada e os resultados encontrados.
2. CAPACIDADE DE INOVAO DE PMES
A capacidade de inovao pode ser entendida como o conjunto de competncias, conhecimentos, ferramentas e recursos financeiros. formada pela tecnologia utilizada pela empresa, pelas habilidades inovadoras dos trabalhadores e pelos processos que diretamente promovem a inovao (Jardon, 2012; Rejeb, Guimares, Boly & Assilou, 2008). Portanto, o que leva uma empresa a inovar sua capacidade de inovar. Todas as empresas tm capacidade para inovar, sendo que os empreendedores influenciam as capacidades organizacionais, estabelecendo a cultura organizacional, motivando funcionrios e capacitando-os para a mudana e para a inovao (Rejeb et al., 2008).
A continuidade e crescimento da empresa dependero da sua capacidade de inovao em uma base contnua. O pr-requisito de cada inovao a gerao de novos conhecimentos ou a combinao de conhecimentos existentes. Cada entidade (indivduo, grupo e organizao) tem a sua prpria base de conhecimento e seu prprio processo de aprendizagem, sendo que as multiplicidades de processos de aprendizagem que as organizaes possuem baseiam-se em diferentes fontes de informao. E nesse sentido, cabe destacar que nem toda informao suficiente por si mesma e supe atualizao constante da capacidade de absoro da informao por parte das organizaes, o que resulta da interao de seus processos de aprendizado, da intensidade de retroaes positivas e da qualidade das redes que as organizaes constroem (Julien, 2010; Varis & Littunen, 2010).
2.1 Fontes de informaes e redes
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Ao inovar, as PMEs processam informaes de fora para dentro, buscando resolver os problemas existentes e se adaptarem ao ambiente em transformao. Tambm criam novos conhecimentos e informaes, de dentro para fora, para redefinir tanto os problemas quanto as solues e, nesse processo, recriar seu meio, tendo por base as fontes de informaes. As fontes de informaes, tomando por referncia o processo de inovao, podem ser divididas em pessoais e impessoais, formais e informais (Julien, 2010) ou ainda tradicionais, no tradicionais e intermedirias (Julien et al., 2009; Leyronas & Moreau, 2006).
As redes, por sua vez, se caracterizam como fontes de informao para a inovao. As redes suportam e criam espaos de interaes, confrontos e enriquecimento de diferentes tipos de conhecimentos e habilidades disponveis cuja interao com diversos atores enriquece a empresa a partir de uma base de conhecimento complementar a sua prpria base (Julien, 2010). Elas permitem ampliar os recursos ou adaptar a informao s necessidades dos interlocutores, tanto para transmiti-la como para receb-la, produzindo uma massa crtica que gera efeitos de sinergia propcios inovao (Julien, 2010; Julien et al., 2009; Leyronas & Moreau, 2006).
no desenvolvimento de ligaes estabelecidas pelas PMEs, na forma de redes, que se consegue acesso a recursos diversos e escassos, bem como, apoio ao processo de inovao. O acesso s informaes atreladas aos relacionamentos com diferentes atores, incentiva o empreendedorismo e a mobilizao permanente de recursos (Castilla, Granovetter & Granovetter, 2000).
De acordo com a natureza das relaes que se estabelecem as redes podem se constituir como redes pessoais de negcios, redes de negcios propriamente e redes informacionais (Julien, Andriambeloson & Ramangalahy, 2004; Julien, 2010). Ao diversificar os relacionamentos tem-se acesso a diferentes informaes independentes dos laos existentes. Informao e inovao tm relao com os tipos de laos estabelecidos e com sua qualidade. Os laos fortes, por se relacionarem a pessoas prximas, geram informaes redundantes ao passo que laos fracos, que se relacionam com pessoas no to prximas, do acesso a informaes diferenciais que possibilitam a gerao de novas ideias (Julien, 2010).
Os laos fortes acentuam as relaes, criando cada vez mais redundncia e cada vez menos informaes novas, pois criam zonas fechadas que reproduzem as mesmas informaes (Julien, 2010; Julien, Andriambeloson & Ramangalahy, 2004). Os laos fortes agem pela confiana que criada pelas interaes. E, informaes novas fluem mais por meio de laos fracos e estes so mais propensos a desempenhar o papel de transmitir informao nica e no redundante (Granovetter, 2005).
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Do ponto de vista econmico e no sentido informacional, as redes so de sinais fortes ou fracos ao invs de laos fortes e fracos. Como as redes de laos fortes trazem informaes facilmente compreendidas, podem ser chamadas de sinais fortes. Ao passo que as redes de laos fracos proporcionam informaes mais difceis de serem compreendidas em funo da desateno ou falta de confiana, assim se caracterizam como de sinais fracos. As redes de sinais fracos requerem mais ateno e interpretao a partir do conhecimento acumulado, pois trazem informaes estratgicas que levam a inovao e a melhoria de desempenho, enfim, a inovao facilitada pelos sinais fracos (Julien et al., 2004; Julien, 2010, Leyronas & Moreau, 2006).
Relacionando-se as fontes de informaes com os sinais por ela gerados tem-se que as tradicionais so geralmente de sinais fortes. As no tradicionais so consideradas de sinais fracos. E as intermedirias, que so mais difceis de especificar e baseadas no nvel de facilidade de compreenso de sinais e dependentes da freqncia de utilizao, podem fornecer sinais fracos ou fortes, porm geralmente so de sinais fracos (Julien et al., 2009; Leyronas & Moreau, 2006).
Como explicitado anteriormente, a mudana ou a inovao facilitada pelos sinais fracos, contudo adicionando ou questionando os sinais fortes, combinando-se e esmiuando as informaes recebidas geram-se novas ideias. Tal fato se caracteriza como a transformao da informao que tem origem na capacidade de absoro da informao ou na capacidade das empresas para processar e converter as informaes em conhecimento e estratgia de ao (Cohen & Levinthal,1990; Julien et al. 2004; Leyronas & Moreau, 2006).
A capacidade de absoro da informao crtica para a capacidade de inovao, pois est relacionada com a habilidade organizacional em reconhecer o valor das informaes, assimil-las e aplic-las. Empresas com alta capacidade de absoro so proativas e hbeis em explorar oportunidades (Cohen & Levinthal, 1990). Nesse contexto, os indivduos recebem estmulo inovao. Portanto, os sujeitos influenciam a capacidade de inovar, que por sua vez, influencia a performance da inovao. A inovao est ligada capacidade de absoro da informao, sendo que ela tem relao com capital humano, ou seja, com conhecimento, nvel educacional e experincias dos empreendedores e funcionrios (Laforet, 2011).
2.2 PMEs e capacidade de absoro da informao e inovao
Ao observar o cenrio econmico e a inovao necessariamente se observa as PMEs, pois em virtude de suas trajetrias diversificadas e por enfrentarem competio mais intensa, tendem a se arriscar mais e a lidar melhor com a incerteza e a diversidade, o que contribui para lev-las a percorrer o caminho da produo de inovaes (Guimares, 2011). As PMEs so vistas como intervenientes no
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processo de inovao, caracterizando-se como impulsionadoras do desenvolvimento econmico e responsveis por alta empregabilidade (Forsman & Rantanen, 2011; Guimares, 2011; Julien, 2010; Nieto & Santamara, 2010).
As PMEs, segundo Julien (2010), esto bem posicionadas para inovar, devido ao seu carter empreendedor e conseqentemente menos burocrtico do que as grandes empresas. Elas implementam inovaes no mercado com maior rapidez e facilidade do que grandes empresas. Uma das maiores vantagens das PMEs em relao s grandes empresas, no que diz respeito inovao, o comportamento sistmico interdepartamental, que favorece o envolvimento sutil ou proximidade dos indivduos, possibilitando trocas, o estabelecimento de relaes diretas e informais com o mercado para captar as ideias e um sistema de comunicao rpido e gil, baseado em informao tcita, proporcionando flexibilidade e encorajando a iniciativa e a criatividade (Julien, 2010). As PMEs tm flexibilidade para adaptao dos trabalhadores em projetos relacionados inovao e estruturas de gesto menos complexas para implementao de novos projetos (Bhattacharya & Bloch, 2004).
Porm, importante ressaltar que o custo relativo da inovao mais significativo para PMEs do que para grandes empresas devido limitao de recursos disponveis, tais como mo-de-obra, recursos financeiros e materiais (Laforet, 2011), alm da desvantagem no que diz respeito aos recursos intangveis, em funo do menor acesso a gama de conhecimentos e competncias de capital humano em relao s grandes empresas. Elas tambm encontram restries no acesso aos recursos de qualidade para inovar e na capacidade de inovao (Julien, 2010; Nieto & Santamara, 2010). Apesar das limitaes em termos de investimentos e facilidades de pesquisa e acesso a recursos de forma geral, a inovao em PMEs aparece de forma contnua, apresentando relativo impacto sobre o desempenho financeiro (Laforet, 2011).
Assim, a inovao em PMEs dificultada pelas restries de recursos. Os custos envolvidos na descoberta, avaliao, adaptao e transformao de informao para as necessidades especficas de cada empresa so considerados altos, limitando a qualidade das fontes de informaes e a capacidade dessas empresas para extrarem do ambiente toda a informao que necessitam para o processo de inovar. Para minimizar os custos e aumentar a qualidade da informao muitas PMEs utilizam redes, sendo que os padres de ligao em rede de inovao dependero do tipo de oportunidades que elas buscam (Jong & Hulsink, 2012).
Cabe destacar que as PMEs com maior capacidade de absoro da informao tendem a ser mais bem sucedidas, pois podero desenvolver sua capacidade de inovao. Para PMEs, redes sociais e capacidade de absoro so fatores que maximizam o desempenho da inovao. Em geral, as PMEs
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com maior capacidade de absoro iro se beneficiar com maior exposio aos diversos laos em redes sociais do que as empresas com menor capacidade de absoro (Ahlin, Drnovsek & Hisrich, 2012).
2.3 O modelo de Julien et al. (2009)
Julien et al. (2009) criaram um modelo para mensurar a capacidade de absoro da informao adaptado s PMEs. Esse modelo tem por base as variveis fontes de informao (varivel independente), a capacidade de absoro (varivel moderadora) e a inovao (varivel dependente). O modelo consiste na avaliao da utilizao das fontes de informaes mais ou menos organizadas em redes ou conectadas diretamente ao contratante, na capacidade de absoro da informao e na transformao de informao em inovao. O modelo considera a capacidade de absoro chave para compreenso da relao entre fontes de informaes e o grau de inovao, como pode ser visualizado na figura 1.
Figura 1 - Modelo de pesquisa da capacidade de absoro
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Fonte: Adaptado de Julien et al. (2009).
Com relao s fontes de informaes, Julien et al. (2009) consideram trs nveis: tradicionais, intermedirias e no tradicionais. Quanto s redes, consideram as redes pessoais, de negcios e informacionais, bem como, sinais fracos ou fortes que cada fonte ou rede pode gerar. Fontes tradicionais (redes pessoais) geram sinais fortes, enquanto fontes intermedirias (redes de negcios) produzem sinais fracos ou fortes e fontes no tradicionais (redes informacionais) geram sinais fracos.
Segundo Julien et al. (2009), a anlise da capacidade de absoro da empresa depende da capacidade de absoro dos membros individuais (Cohen & Levinthal, 1990), e construda e difere entre as empresas (Lane, Balaji & Pathak, 2006), sendo a anlise dos nveis de educao do pessoal e propenso para inovar recomendados por Gray (2006). O modelo, como pode ser visualizado na figura 1, para a anlise da capacidade de absoro considera trs dimenses: C1: a capacidade de absoro do empreendedor, apenas o tomador de deciso das PMEs; C2: a capacidade de absoro do empreendedor com um ou dois dos seus colaboradores mais prximos (profissional ou pessoal altamente experiente); e C3: a capacidade de absoro do empreendedor com a maioria ou todos os funcionrios.
Por fim, com relao inovao Julien et al. (2009) consideram mudanas nos produtos, equipamentos, organizao ou processos e expanso ou outras mudanas exteriores. So considerados
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trs nveis de inovaes: inovao fraca; inovao intermediria e inovao forte, bem como os impactos (fortes, intermedirios ou fracos) produzidos por essas inovaes.
3. PROCEDIMENTOS METODOLGICOS
A pesquisa, de natureza quantitativa, consistiu em um estudo exploratrio, tipo survey. Para tanto foi aplicado um questionrio junto a empreendedores de PMEs do segmento industrial de confeces do vesturio na regio de Maring, Estado do Paran, com o objetivo de analisar a capacidade de inovao dessas empresas por meio do modelo de Julien et al. (2009).
O questionrio replicou o modelo criado por Julien et al. (2009), que busca identificar a capacidade de absoro como chave da relao entre informao e inovao de PMEs. Ele composto por quatro partes, abrangendo 50 questes, distribudas entre perguntas fechadas e escalas tipo Likert, com variao de 1 a 5. A primeira parte do questionrio incluiu perguntas sobre a estrutura da empresa e sobre o perfil do empreendedor, como: data de incio das atividades, principais produtos vendidos, alm de idade, nvel de formao, e experincia profissional do empreendedor. A segunda parte continha questes sobre as inovaes que foram feitas na empresa nos ltimos dois ou trs anos, sobre fontes de informaes que facilitaram essas inovaes, bem como condies de acesso a estas fontes e os obstculos a essas inovaes. A terceira parte inclua questes sobre as redes e as necessidades de informaes habituais do negcio. A ltima parte do questionrio abordou aspectos relativos s redes de sinal fraco ou fontes informativas remotas ou no habituais.
Do universo de empresas do segmento industrial de confeces do vesturio da regio de Maring/PR, foram pesquisadas as empresas filiadas ao Sindicato da Indstria do Vesturio de Maring (SINDVEST). O SINDVEST possua, ano de 2012, 168 empresas filiadas, das quais 103 eram indstrias de confeces do vesturio. Destas, 34 aceitaram participar, correspondendo a uma amostra de 33%. Os questionrios foram aplicados junto aos empreendedores no perodo de outubro de 2012 a fevereiro de 2013, aps ter sido traduzido e validado por meio de pr-teste realizado com 6 empreendedores.
Os dados foram organizados e tratados estatisticamente utilizando o software Excel e o SPSS 21. Como foi utilizado o modelo de pesquisa de capacidade de absoro de informao de Julien et al. (2009), a anlise dos resultados foi feita em consonncia com os critrios tambm utilizados pelos autores. Cada um dos construtos tem variveis explicativas, distribudas entre a capacidade de absoro (varivel moderadora), as fontes de informao (varivel independente); e inovao (varivel dependente).
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4. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS
As empresas foram classificadas pelo nmero de funcionrios de acordo com a OCDE (2005) para estudos sobre inovao e conforme critrios do Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2011) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE, 2012) para tamanho da empresa industrial. Assim, utilizando esses critrios as empresas, na maioria- 64,7% so classificadas como microempresas, pois possuem menos do que 20 funcionrios, conforme disposto no Quadro 1.
Quadro 1 - Classificao das empresas por nmero de funcionrios Critrios da OCDE Critrio do SEBRAE e
IBGE
Total de empresas
Menos que 20 funcionrios Microempresa 22 64,7% De 20-49 funcionrios Pequena empresa 3 8,8%
De 50-99 funcionrios 4 11,8% De100-249 funcionrios Mdia empresa 4 11,8%
De 250-499 funcionrios 1 2,9% Total 34 100%
Fonte: Dados da pesquisa (2013)
Quanto idade das empresas a mdia encontrada foi 18 anos. Entre 3 e 10 anos estavam 29,41% das empresas. Entre 11 e 20 anos estavam 38,24% e 29,41% tinha entre 21 e 30 anos. Apenas 2,94% das empresas tinham acima de 30 anos. Sobre o percentual de empregados antigos e experientes, 73,5 % das empresas tinha entre 1 a 10 funcionrios nessa condio.
Em relao idade dos empreendedores a mdia foi 42 anos. Entre 21 e 31 anos situaram-se 17,6%; entre 32 e 42% estavam 38,2%. Entre 43 e 53 anos foram identificados 29,4%. Entre 54 e 64 anos o percentual foi de 11,9% e, ainda 2,9% tinha mais do que 64 anos de idade. Quanto experincia profissional dos empreendedores os dados mostraram que 82,4% tinha mais do que 5 anos de experincia. Os percentuais relativos formao educacional so apresentados no quadro 2.
Quadro 2 - Formao dos empreendedores
Quesitos % das empresas
% de Formao dos Empreendedores em Nvel Superior 55,9% % de Formao dos Empreendedores em Ps-Graduao 10,0% % de Participao dos Empreendedores em Treinamento Adicional h menos 21,4%
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Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Observa-se que a maioria dos empreendedores possui nvel superior e experincia profissional h mais de 5 anos, porm com pouca busca de educao continuada.
5. FONTES DE INFORMAES DAS EMPRESAS
Inicialmente foi feita anlise considerando as fontes prximas ou redes pessoais, em que se destacam os conhecimentos pessoais (82,35%) e a experincia profissional (55,88%) como as principais fontes de que utilizam regularmente os empreendedores para procurar, transformar, desenvolver e implementar mudanas. Em relao ao nvel de importncia atribudo por eles para essas fontes, a famlia (10,98% em mdia) apontada como a de maior importncia, seguida pela fonte relacionada aos conhecimentos pessoais (10,39% em mdia).
Tambm foram analisadas as fontes intermedirias ou redes de negcios que geram sinais fracos ou fortes para promoo de mudanas na empresa. De acordo com o modelo de Julien et al. (2009) se a mdia da rede de negcios for maior que 1,3 ou 1,5 representa que a rede emite sinais fracos. A mdia obtida na pesquisa foi de 4,5 para redes de negcios, portanto para as empresas pesquisadas essas fontes emitem sinais fracos. De acordo com os resultados, para promover mudanas nos negcios, os empreendedores se utilizam regularmente de relaes de negcios (67,65%), funcionrios ativos (61,76%), clientes (61,76%) e fornecedores (52,94%) como principais fontes intermedirias. Quanto ao nvel de importncia atribudo por eles para as fontes intermedirias, concorrentes e fornecedores (11,18%) aparecem como mais importantes, seguido de funcionrios ativos (10,78%).
Quanto s fontes distantes ou redes informacionais que geram sinais fracos, as que so as que tm maior nvel de importncia foram: viagens internacionais de negcios, correspondentes externos, seminrios, universidades e centros de pesquisa. Com menor nvel de importncia foram mencionadas: documentao especializada, redes sociais informais, regulamentos e leis, pesquisa de mercado e consultores ou especialistas e so aquelas em que o empreendedor tem maior possibilidade de utilizar sua experincia profissional, seus conhecimentos pessoais e se apoiar em quadros tcnicos especializados para interpretar e utilizar nos processos de mudana (Julien et al. 2004; Julien et al., 2009; Leyronas & Moreau, 2006).
Quadro 3 -Resumo das fontes de informaes
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de 1 ano
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CONTAGE M DE RECURSOS
Conhecimentos pessoais Fontes Tradicionais 34,0 1,0 Famlia e amigos Fontes Tradicionais 27,0 1,0
Experincia profissional Fontes Tradicionais 34,0 1,0
TOTAL DA CONTAGEM DE RECURSOS DAS REDES PESSOAIS 95,0 2,8
Clientes Fontes Tradicionais 44,4 1,3 Fornecedores Fontes Tradicionais 42,8 1,3 Concorrentes (ambiente) Fontes Tradicionais 29,0 0,9
Funcionrios Fontes Tradicionais 37,8 1,1
TOTAL DA CONTAGEM DE RECURSOS DAS REDES DE
NEGCIOS 154,0 4,5*
Correspondentes externos Fontes No
Tradicionais 43,0 1,3
FontesIntermedirias 37,5 1,1 Viagens ao exterior paranegcios
FontesIntermedirias 23,0 0,7
Feiras e exposies Fontes
Intermedirias 109,0 3,2
Fontes NoTradicionais 96,0 2,8 Associaes de pessoas denegcios
Consultores ou especialistas
Internet e bancos informatizados
Fontes NoTradicionais 65,0 1,9 Universidades e centros depesquisa
Fontes NoTradicionais 16,0 0,5
TOTAL DA CONTAGEM DE RECURSOS DAS REDES
INFORMACIONAIS 432,0 12,7 TOTAL DA CONTAGEM DE RECURSOS DE TODAS AS
REDES 681,0 20,0
Nota. * Mdia da Rede de Negcios maior que 1,3 ou 1,5 representa que a rede emite sinais fracos (JULIEN et al., 2009).
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
De forma geral, do total de recursos informacionais obtidos pelas empresas pesquisadas, 14% so das redes pessoais, 23% das redes de negcios e 63% das redes informacionais.
6. CAPACIDADE DE ABSORO DA INFORMAO
Sobre a capacidade de absoro da informao por parte do empreendedor (C1), identificou-se que 55,9% possuem curso superior, dos quais 10% realizaram ps-graduao; 35,3% possuem ensino
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DIMENSESDE ANLISE INDICADORES
REDES PESSOAIS SINAIS FORTES
MDIA CONTAGEM DE RECURSOS
REDES DE
NEGCIOS SINAIS FORTES OU
FRACOS
Documentao especializada
REDES INFORMACIONAIS
SINAIS FRACOS
FontesIntermedirias 42,5 1,3
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mdio, 5,9% possuem curso tcnico e 2,9% ensino fundamental. Em termos de experincia profissional, 20,6% dos empreendedores possuem experincia prvia no setor com menos de 5 anos e 79,4% com mais de 5 anos.
Na anlise da capacidade de absoro da informao considerou-se, tambm, a presena de pessoal especializado (engenheiros, tcnicos ou funcionrios bem treinados e funcionrios antigos e experientes C2). Das empresas pesquisadas, 88,2% possuem nenhum engenheiro e 11,8% possuem apenas um. Em relao presena de tcnicos constatou-se que 67,6% das empresas no possuem tcnico, 17,6% possuem apenas 1 tcnico e 14,7% possuem entre 2 e 4 tcnicos. Em relao presena de funcionrios antigos e experientes as empresas apresentaram em mdia 11 funcionrios. Por fim, foi constatado que na totalidade das observaes a participao de outros funcionrios na transformao da informao em ideias novas (C3) nula.
Em sntese, salienta-se que 64,7% das empresas so microempresas, com menos do que 20 funcionrios e a capacidade de absoro da informao em grande parte determinada pelo nvel de qualificao dos empreendedores, pois a equipe de funcionrios no contribui para a capacidade de absoro da informao e no foi observado a participao de outros funcionrios.
7. GRAU DE INOVAO
Para anlise do grau de inovao das PMEs desta pesquisa foram consideradas as inovaes implementadas ao longo dos trs ltimos anos nas empresas. Os resultados foram: inovaes em produtos (64,7%), inovaes em equipamentos (79,5%), inovaes em gesto organizacional ou processos (85,3%). Com relao a expanso ou outras mudanas externas (94,1%), as empresas apresentaram at 5 inovaes ou mudanas.
Na avaliao dos empreendedores, os principais impactos das inovaes implementadas nas empresas em comparao com as dos concorrentes e com as do setor foram: (a) no nvel mdio de rentabilidade, em 67,65% das empresas o impacto foi mdio; (b) o grau de satisfao dos clientes se apresentou forte para 55,88% das empresas; (c) o crescimento da participao da empresa no mercado teve impacto mdio em 64,71% das empresas; (d) o impacto sobre a capacidade de conquistar novos clientes se apresentou mdio em 47,06% das empresas e (e) a capacidade de reter pessoal competente se apresentou como mdio em 55,82% das empresas. Assim, mesmo com baixo nvel de implementao de inovaes ou mudanas nas empresas (de at 5 inovaes), elas apresentaram mdio impacto na comparao com concorrentes e com empresas correlacionadas nos nveis de rentabilidade, satisfao de clientes, participao de mercado, conquista de novos clientes e reteno de pessoal capacitado. Do total das empresas, 32,4% dos empreendedores desistiram de implementar inovaes
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Capacidade de inovao em PMEs do segmento industrial de confeces
nos trs ltimos anos por motivos que vo desde falta de informaes e de recursos at no acreditarem no processo ou por falta de estrutura.
Quanto s inovaes nos produtos, estas so consideradas mdias (55,9%) e que somente ocasionalmente elas modificam os produtos (52,9%), expandem sua gama (61,8%) e criam novos produtos (50%). Em relao aos impactos das mudanas nos equipamentos, a constatao foi semelhante, ou seja, impacto mdio (52,9%) sendo que ocasionalmente ocorrem melhorias de equipamentos sugeridas pelos funcionrios (70,6%), aquisio de equipamentos usados (88,2%), aquisio de novos equipamentos no informatizados (70,6%) e aquisio de novos equipamentos informatizados (79,4%). Com relao aos processos de expanso ou outra mudana externa os impactos so baixos. Quanto ao grau de informatizao da contabilidade gerencial e administrao esta apresentou forte impacto 50% das empresas.
Com relao inovao em produtos, 70,6% das empresas apresentaram inovao intermediria, enquanto 14,7% apresentaram inovao fraca e 14,7% inovao forte. Das empresas, 97,1% apresentaram inovao intermediria em equipamentos e 2,9% inovao forte. Inovaes em organizao ou processos foram encontradas em 50% das empresas identificou-se inovaes fortes, em 35,3% inovaes intermedirias e em 14,7% inovaes fracas. Inovaes relativas expanso ou outra mudana externa configuraram-se em 67,6% das empresas como inovaes baixas e em 32,4% como inovaes intermedirias. Em sntese, a inovao de forma geral, se apresentou como fraca, de acordo com os parmetros do modelo de Julien et al. (2009).
8. RELAO ENTRE FONTES DE INFORMAES, CAPACIDADE DE ABSORO DA INFORMAO E INOVAO
A partir da mensurao das fontes de informaes, da capacidade de absoro da informao e da inovao, obteve-se a contagem geral dos elementos que caracterizam as variveis. Com base nesse total, apurou-se a mdia dos elementos tendo em vista uma anlise geral das empresas pesquisadas (Quadro 4).
Quadro 4 - Grade Geral
Recursos informacionais* Natureza das
redes*
2,8
is
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Capacidade deabsoro* Nvel de inovao*
Fontes de informaes/mdia Fontes agrupadas Dimenso /
mdia Item/mdia
Conhecimento pessoal1 1,0
Redespesso a
4
Cristina Hillen & Hilka Pelizza Vier Machado
Famlia e amigos1 0,8 Produtos7 2,5
Experinciaprofissional1 1,0
Funcionrios1 1,1
4,6
C2 2,2
Documentaoespecializada3 1,1
Viagens ao exteriorpara negcios3 0,7
12,8
2,4
Universidades/centrosde pesquisa2 0,5
Total 20,2 7,111 10,310
Nota. 1 Fontes Tradicionais; 2 Fontes No Tradicionais; 3 Fontes Intermedirias; 4 Sinais Fortes; 5 Mdia > 1,3 ou 1,5 = Sinais Fracos; 6
Sinais Fortes; 7 Inovao Intermediria; 8 Inovao Intermediria; 9 Inovao Forte; 10 Inovao Fraca; 11 Baixa capacidade de
absoro da informao.
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Observando os dados mostrados na grade de anlise geral das variveis (Quadro 4) conforme o modelo de Julien et al. (2009) foi realizado um estudo descritivo e inferencial dessas variveis, a fim de investigar a correlao linear da varivel independente, por meio do teste de correlao de Pearson, conforme pode ser observado nos quadros 5, 6, 7 e 8.
Quadro 5 - Correlao linear da varivel independente fontes agrupadas em redes
Redes Pessoais Negcios Informacionais Informao
Pessoais
Correlao de Pearson 0,175 1 0,299* 0,484** Sig. (1 extremidade) 0,162 0,043 0,002
N 34 34 34 34
Correlao de Pearson -0,273 0,299* 1 0,978** Sig. (1 extremidade) 0,059 0,043 0,000
N 34 34 34 34
Informao Correlao de Pearson -0,157 0,484** 0,978** 1
Sig. (1 extremidade) 0,187 0,002 0,000
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C1 3,0 Clientes1 1,3 Fornecedores1 1,3 Equipamentos8 2,3 Concorrentes(ambiente)1 0,9
Correspondentesexternos2 1,3
Redes informacionais6
Correlao de Pearson 1 0,175 -0,273 -0,157 Sig. (1 extremidade) 0,162 0,059 0,187
N 34 34 34 34
Negcios
Redes de
negcios5
Organizao ou processos9 3,1
Feiras e exposies3 3,2 Consultores ouespecialistas2 2,8 C3 1,9
Associaes de pessoasde negcios3 1,3
Internet e bancosinformatizados2 1,9
Expanso ou outra mudana externa10
Informacionais
Capacidade de inovao em PMEs do segmento industrial de confeces
N 34 34 34 34
Nota. *. A correlao significativa no nvel 0,05 (1 extremidade).
**. A correlao significativa no nvel 0,01 (1 extremidade).
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Ao correlacionar a varivel: fontes de informaes agrupadas em redes pessoais, de negcios e informacionais, no se observa correlao significativa das fontes de informaes com redes pessoais. Todavia se observa uma correlao significativa entre redes de negcios e redes informacionais. As informaes provenientes das redes pessoais so influenciadas pelas informaes das redes de negcios e informacionais que possuem sincronismo. Tal fato favorece o processo de inovao, tendo em vista que tanto as redes de negcios quanto informacionais geram sinais fracos. Na seqncia buscou-se a correlao entre a capacidade de absoro, como mostra do quadro 6.
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Cristina Hillen & Hilka Pelizza Vier Machado
Quadro 6 - Correlao linear da varivel moderadora capacidade de absoro
Capacidade de absoro da informao C1 C2 C3 Absoro
C1
Correlao de Pearson 0,113 1 -0,098 0,542**
Sig. (1 extremidade) 00,263 0,291 0,000 N 34 34 34 34
Correlao de Pearson 0,160 -0,098 1 0,702**
Sig. (1 extremidade) 0,183 0,291 0,000
N 34 34 34 34
Correlao de Pearson 0,546** 0,542** 0,702** 1 Sig. (1 extremidade) 0,000 0,000 0,000
N 34 34 34 34
Nota. **. A correlao significativa no nvel 0,01 (1 extremidade).
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
A correlao entre a capacidade de absoro da informao e os construtos que deram sua origem significativa. Prevalece melhor correlao da varivel capacidade de absoro da informao e capacidade de absoro do empreendedor (C1) com a maioria ou todos os funcionrios (C3) e seqencialmente com a capacidade do empreendedor (C1) e do empreendedor com funcionrios mais prximos envolvidos no processo de mudana (C2) - engenheiros, tcnicos, funcionrios bem treinados e mais antigos e experientes. Esse resultado pode ser associado ao tamanho das empresas, sendo 84% microempresas (at 19 funcionrios) e ao envolvimento dos empreendedores e da maioria dos funcionrios.
Por outro lado, a correlao entre a inovao e os construtos que deram sua origem significativa, como pode ser observado no quadro 7.
Quadro 7 - Correlao linear da varivel dependente inovao
Inovao Produtos Equipamentos Organizao Expanso Inovao
Produtos
Correlao de
Pearson 0,267 1 0,084 0,401* 0,519** Sig. (2extremidades) 0,127 0,635 0,028 0,002
N 34 34 34 30 34
Correlao de
Pearson 0,197 0,084 1 0,104 0,646**
Sig. (2extremidades) 0,264 0,635 0,585 0,000
N 34 34 34 30 34
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Correlao de Pearson 1 0,113 0,160 0,546**
Sig. (1 extremidade) 0,263 0,183 0,000 N 34 34 34 34
C2
C3
Absoro
Correlao de
Pearson 1 0,267 0,197 0,291 0,446**
Sig. (2extremidades) 0,127 0,264 0,119 0,008
N 34 34 34 30 34
Equipamentos
Organizao
Capacidade de inovao em PMEs do segmento industrial de confeces
Correlao de
Pearson 0,291 0,401* 0,104 1 0,638** Sig. (2extremidades) 0,119 0,028 0,585 0,000
N 30 30 30 30 30
Correlao de
Pearson 0,446** 0,519** 0,646** 0,638** 1 Sig. (2extremidades) 0,008 0,002 0,000 0,000
N 34 34 34 30 34 Nota. **. A correlao significativa no nvel 0,01 (2 extremidades). *. A correlao significativa no nvel 0,05 (2 extremidades).
Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Finalmente, no quadro 8 apresentam-se os resultados da anlise de correlao do conjunto das variveis.
Quadro 8 - Correlao linear das variveis fontes de informaes, capacidade de absoro da
informao e inovao
Informaes Absoro Inovao
Informaes
Pearson Correlation 0,168 1 -0,011
Sig. (2-tailed) 0,344 0,951
N 34 34 34
Pearson Correlation 0,096 -0,011 1
Sig. (2-tailed) 0,590 0,951
N 34 34 34 Fonte: Dados da pesquisa (2013).
Como se visualiza no quadro 8, no foram identificadas correlaes estatisticamente significativas entre as variveis: fontes de informaes, capacidade de absoro da informao e inovao duas a duas. No h uma associao linear entre as variveis fontes de informaes, capacidade de absoro da informao e inovao, o que existe uma intensidade muito fraca de associao entre elas. Por exemplo, as variveis fontes de informaes e inovao (Quadro 8) apresentam o coeficiente de correlao r = 0,096, em uma variao de 0 a 1, quanto mais prximo de zero o valor de r mais fraca a associao.
Como no h correlao entre fontes de informaes, capacidade de absoro da informao e inovao nas empresas, elas inovam, apesar da baixa capacidade de inovao, mas no influenciadas pela capacidade de absoro da informao. Os empreendedores utilizam as redes de sinais fracos (de
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Expanso
Inovao
Pearson Correlation 1 0,168 0,096
Sig. (2-tailed) 0,344 0,590
N 34 34 34
Absoro
Inovao
Cristina Hillen & Hilka Pelizza Vier Machado
negcios e informacionais) favorveis inovao, porm no captam ou no transformam as informaes em ao, dada a baixa capacidade de absoro apresentada por essas empresas.
9. CONSIDERAES FINAIS
A anlise da capacidade de inovao de um grupo de empresas do setor de confeces, mostrou que as fontes de informaes prximas, sobre as quais se apiam os empreendedores, so constitudas pela capacidade pessoal deles (conhecimento pessoal e experincia profissional), pelas redes de negcios, que se mostraram importantes so as redes constitudas por: funcionrios, clientes, fornecedores e concorrentes, caracterizando-se como elementos ativos em trazer novas ideias e informaes para o processo de inovao nessas empresas. Estas redes emitem sinais fracos, de acordo com o modelo de Julien et al. (2009), o que favorece a capacidade de inovao, pois as informaes no so redundantes. Nas principais redes informacionais, que tambm beneficiam o processo de inovao (Julien et al., 2009; Leyronas & Moreau, 2006), eles utilizam regularmente documentao especializada (mdias, revistas escritas ou eletrnicas), regulamentos e leis (tcnica, segurana e sade) e redes sociais informais (Facebook, Twintter, Linkedin). Destacando que das fontes informacionais a maioria dos empreendedores nunca recebeu informaes dos correspondentes externos, nunca fez viagens internacionais para negcios, bem como nunca participou de seminrios e nunca utilizou servios de universidades ou centros de pesquisa.
Quanto capacidade de absoro da informao, esta advm dos prprios empreendedores e de funcionrios antigos e experientes, dado que a presena de tcnicos especializados baixa e que a participao de outros funcionrios na transformao da informao em ideias novas nula. Esse resultado refora os achados de Gray (2006) e Ndiege, Herselman & Flowerday (2012) sendo a capacidade de absoro da informao das PMEs influenciada pela capacidade de absoro do empreendedor, bem como, pelo tamanho e restries de recursos, apresentando baixos nveis de capacidade de absoro da informao.
No que se refere relao entre fontes de informaes, capacidade de absoro da informao e inovao, e esta no foi significativa. A inovao baixa, mas no derivada das fontes de informaes ou da capacidade de absoro da informao, que tambm se apresentou baixa pelo modelo de Julien et al. (2009). Isso pode estar associado ao tamanho das empresas, pois 64,7% so microempresas.
A inovao em produtos e equipamentos na maioria das empresas apresenta-se como intermediria, de acordo com os parmetros de Julien et al. (2009). Inovaes em organizao ou
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Capacidade de inovao em PMEs do segmento industrial de confeces
processos apresentaram-se em 50% das empresas, sendo inovaes fortes. Em 35,3% observou-se inovaes intermedirias e em 14,7% inovaes fracas. Inovaes relativas expanso ou outra mudana externa configuraram-se em 67,6% das empresas como baixas e em 32,4% como inovaes intermedirias.
importante salientar que PMEs com modesta capacidade de absoro tendem a ser mais reativas (Liao, Welsh & Stoica, 2003; Heeley, 1997), o que pode explicar a tendncia do segmento industrial de confeces no Brasil, caracterizando-se mais pela imitao do que pela inovao, adaptando os produtos lanados no mercado internacional de acordo com as tendncias e variaes de moda e sazonalidade (Costa & Rocha, 2009; Garcia, Motta, Scur, Lupatini e Cruz-Moreira, 2005; UNICAMP, 2008;) e incorporando e adaptando tecnologias ao invs de implementar inovaes originais (BNDES, 1996; Costa & Rocha, 2009). Porm, mesmo sendo mais imitadoras do que inovadoras, essas empresas seguem em certa medida o gosto do consumidor, nvel de concorrncia e mudanas tecnolgicas conforme resultados apresentados em pesquisa do Congo-Brazzaville (Julien et al., 2009).
O modelo de avaliao da capacidade de absoro da informao de PMEs de Julien et al. (2009) apresentou-se adaptado para anlise das PMES do setor de confeces, mas para melhor validao sugere-se a aplicao em outro setor de atividades.
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Cristina Hillen & Hilka Pelizza Vier Machado
INNOVATION CAPACITY IN SMEs SEGMENT INDUSTRIAL CONFECES
ABSTRACT
Innovation is important today not only for large but also for small and medium enterprises (SMEs).
This research analyzes the innovation capacity of SMEs in the clothing industries from Maring,
considered a pole clothing of Parana State and Brazilian, whose businesses are predominantly small
and medium sized. The research used the model of Julien et al. (2009). The nature of research is
exploratory and quantitative, have been conducted through a survey using a structured questionnaire
addressed to 34 entrepreneurs, whose results showed that the sector has low capacity for innovation.
The innovations presented themselves as weak, not associated with the absorption capacity of the
information.
Keywords: Innovation; Innovation Capacity; SMEs.
___________________
Data do recebimento do artigo: 05/10/2014
Data do aceite de publicao: 12/09/2015
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Copyright Milton de Abreu Campanario 2015
Abstract
Innovation is important today not only for large but also for small and medium enterprises (SMEs).
This research analyzes the innovation capacity of SMEs in the clothing industries from Maring,
considered a pole clothing of Parana State and Brazilian, whose businesses are predominantly small
and medium sized. The research used the model of Julien et al. (2009). The nature of research is
exploratory and quantitative, have been conducted through a survey using a structured questionnaire
addressed to 34 entrepreneurs, whose results showed that the sector has low capacity for innovation.
The innovations presented themselves as weak, not associated with the absorption capacity of the
information.
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