RESUMO
Objetivamos refletir sobre a presença e influência das redes sociais digitais na sociedade e educaçâo, buscando identificar sua importância enquanto ferramenta de comunicaçâo e informaçâo, bem como também aspectos ideológicos inerentes a esse fenómeno. Para tanto, foi feito levantamento bibliográfico e urna pesquisa exploratoria com usuários e docente de urna escola pública da zona urbana de urna cidade norte-riograndense, buscando respostas à problemática deste estudo, ou seja: quai a influência das redes sociais digitais na sociedade e na educaçâo contemporáneas? Dessa forma, pudemos constatar, dentre outros resultados suas influências na organizaçâo política dos cidadâos quanto à luta por melhorias sociais; na maneira de perceber o espaço-tempo-atual; na concepçâo de autonomía e de vivência; no consumo; na aquisiçâo do conhecimento, bem como no processo de ensino e aprendizagem, fenómenos que precisam ser pensados, sobretudo pelas instituiçôes de ensino.
PALAVRAS-CHAVE: Redes Sociais Digitais, Sociedade, Educaçâo.
THE DIGITAL SOCIAL NETWORKS AND THEIR INFLUENCE ON SOCIETY AND CONTEMPORARY EDUCATION
ABSTRACT
We aim to reflect on the presence and influence of the online social networks in society and education, search to identify its importance as a communication and information tool, and also ideological aspects inherent to this phenomenon. Therefore, it was done bibliographic and user exploratory research with teaching in a public school of the urban area of a town norte-rio-grandense, seeking answers to the problems of this study, in other words: what is the influence of digital social networks in contemporany society and in education? Thus so, we observed, among other results their influence in the political organization of the citizens how much the struggle for social improvements; in the way they of perceive the current space-time; in the concept of autonomy and experience; in the consumption; in the acquisition of knowledge, and also in the teaching and learning process, phenomena that need to be thought, especially by educational institutions.
KEYWORDS: Digital Social Networks, Society, Education.
1 INTRODUÇAO
"Para ter eficacia, o processo de aprendizagem deve, em primeiro lugar, partir da consciéncia da época em que vivemos"
(Milton Santos em: Técnica, Espaço, Tempo, 2008, p. 115).
A advertência que o geógrafo Milton Santos faz, na epígrafe acima, nos é oportuna e extremamente necessária no mundo de hoje, haja vista o processo de aprendizagem está inserido numa realidade socioeconómica e política cada vez mais complexa e desafiadora, exigindo do profesional docente e daqueles que buscam pensar a sociedade, extremo esforço e dedicaçao para, a partir da consciéncia da época em que se vive, buscar a apreender a realidade (FREIRE, 2006), em que se está inserido e, "em nossa época, o que é representativo [...] é a chegada da técnica da informaçao por meio da cibernética, da informática, da eletrónica" (SANTOS, 2010, p. 25). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é refletir sobre a presença e influéncia das redes sociais digitais, fruto deste período e meio técnico-científico-informacional, na sociedade e educaçao, buscando identificar sua importância enquanto ferramenta de comumcaçao e informaçao, bem como também suas consequências decorrentes dessa nova realidade socioespacial, refletindo alguns aspectos ideológicos, já que essas ferramentas possibilitam novas maneiras de participaçao na/da sociedade, permitindo troca de informaçôes e opiniôes, encontros, disponibilizaçao e troca de fotos/arquivos, dicas, namoro, proposta de emprego etc., ou seja, possibilitam novos sistemas de açôes.
O período técnico-científico-informacional, atual período do espaço geográfico e da sociedade, começa praticamente após a Segunda Guerra Mundial, porém se dando de fato nos anos 1970. É o período em que vivemos, caracterizado por um meio produzido e em produçao pela indissociabilidade e presença cada vez mais intensa da técnica, da ciência e da informaçao, como componentes dos sistemas de objetos e dos sistemas de açôes que formam o espaço geográfico e a sociedade contemporáneos (SANTOS, 2009); (SANTOS; SILVEIRA, 2002).
A componente informaçao é quem vai ser, nesse período, o grande regedor/desencadeador "[...] das açôes definidoras das novas realidades espaciáis" (SANTOS, 2008, p. 89), sendo difundida por computadores e aparelhos celulares, dando ao meio e aos seus objetos e sociedade urna organizaçao típica desse processo, tornando esse meio um territorio corn a açao direta ou indireta da ciência, da tecnología e da informaçao.
Tal realidade socioespacial é um fenómeno decorrente da implementaçao, no substrato económico e social, político e espacial, dos novos sistemas de objetos e sistemas de açôesl pautados na técnica, na ciência e na informaçao, proporcionando açôes e formas de comunicaçôes diversas. Em outras palavras, é o período de novas redes técnicas, que configura novas relaçôes sociais, que acabam permitindo a circulaçao de ideias, mensagens2, pessoas e mercadorias, num ritmo acelerado, criando a interconexao entre os lugares de maneira sincrónica, muito embora se dando essa instalaçao desses aparatos técnicos, científicos e informacionais, nos lugares e na vida das pessoas, de forma diacrônica, pois "os processos espaços-temporais näo sao homogéneos, nem tampouco homogeneizam [...]" (CASTRO, 2008, p. 320) todos os territorios ao mesmo tempo.
Com efeito, isso fez corn que tivéssemos urna realidade socioespacial caracterizada com novos comportamentos e com novas necessidades que do ponto de vista das intencionalidades parece insaciáveis. Nesse sentido, Milton Santos nos lembra que, "O meio geográfico atual, graças ao seu conteúdo em técnica e ciéncia [e diríamos nós em informaçao], condiciona os novos comportamentos humanos, e estes, por sua vez, aceleram a necessidade da utilizaçao de recursos técnicos, que constituem a base operacional de novos automatismos sociais3" (SANTOS, 2009. p. 256; grifos nossos).
Já que é fato que as redes sociais estáo presentes em nosso día a día, até que ponto elas podem influenciar a sociedade e a educaçao? Assim sendo, as redes sociais digitais, como estáo sendo desenvolvidas e utilizadas pelos usuários, sao dinamizadoras de novos saberes e/ou conhecimentos, identidades e formas de relaçao? De que maneira poderáo alterar as relaçôes sociais e sua formaçao ao longo da vida, no sentido de que há outras interferéncias ou instâncias coexistentes e intermitentes, sobre o usuário, que estimulam mudanças de pensamento e de açôes, é o caso da familia e da escola?
Quanto a estrutura, este trabalho está assim organizado: num primeiro momento, fazemos alguns apontamentos sobre redes sociais digitais, buscando conceituá-las e discuti-las a partir de alguns autores que demarcam, sobremanera, a presença desses meios comunicacionais no espaço-tempo-atual, buscando destacar aínda neste subitem, as redes digitais mais conhecidas e acessadas pelos usuários brasileros, quais sejam, Orkut, Facebook, Twitter e Instagram, suas especificidades e funçôes.
Num outro momento, trazemos à tona a discussao sobre as redes sociais digitais e sua influéncia na sociedade e educaçao contemporáneas. Para podermos entender tal fenómeno enfocamos "a Sociedade em Rede" e as redes sociais digitais para além do espaço virtual - sua influéncia no processo de ensino e aprendizagem, apresentando os resultados decorrentes da pesquisa, refletindo suas possibilidades enquanto mecanismo de apoio à açao didáticopedagógica, valendo ressaltar, portanto, que as ideais e reflexöes discutidas nao se constituem como arcabouço axiomático, isto é, um conjunto de reflexöes encerradas em si mesmas, mas abertas à críticas e sugestöes.
2 REVISÄO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Redes Sociais Digitais: conceitos e exemplos
Podemos afirmar, sem equívoco, que neste período técnico-científico-informacional, a internet, através das tecnologías da informaçao e comunicaçao (computador, celulares, smartphones, tablets), enquanto possibilidade de comunicaçao e informaçao está modificando a maneira como as pessoas se relacionam, aprendem e se comunicam. Nesse sentido, urna "convergência dos momentos" (SANTOS, 2009, p. 196) se configura no substrato socioespacial em que se conjugam, num mesmo direcionamento, mídia e tecnologías de informaçao e comunicaçao configurando, em grande medida, o aumento das redes sociais digitais que se tornam cada día mais latentes na cultura e sociedade contemporáneas.
Consideramos as redes sociais digitais como um meio de possibilidades, estabelecido a partir dos elementos virtuais e das relaçôes entre os individuos usuários. Estáo inseridas no ciberespaço (LÉVY, 1999), cujo crescimento é agenciado pela conexáo entre computadores e celulares. Por assim dizer, "as redes consistem nao apenas em pessoas e grupos sociais, mas também em artefatos, dispositivos e entidades" (SANTAELLA; LEMOS, 2010, p. 40), ou seja, consistem na inter-relaçao entre sistemas de objetos dos quais citamos, e, pessoas, pois "urna rede social é sempre um conjunto de atores e suas relaçôes" (RECUERO, 2009, p. 69), caracterizando-se como "[...] sites na internet que permitem a criaçao e o compartilhamento de informaçôes e conteúdos pelas pessoas e para as pessoas [...]" (TORRES, 2009, p. 113), onde os consumidores dos conteúdos ai veiculados (criaçao e compartilhamento coletivo de textos, imagens, sons e vídeos) säo, ao mesmo tempo, produtores e consumidores dos mesmos através da informaçao. Ademáis,
urna rede, assim, é urna metáfora para observar os padröes de conexäo de um grupo social, a partir das conexöes estabelecidas entre os diversos atores. A abordagem de rede tem, assim, seu foco na estrutura social, onde nao é possível isolar os atores sociais e nem suas conexöes. O estudo das redes sociais na internet, assim, foca o problema de como as estruturas sociais surgem, de que tipo sao, como sao compostas através da comunicaçao mediada pelo computador e como essas interaçôes mediadas säo capazes de gerar fluxos de informaçao e trocas sociais que impactam suas estruturas (RECUERO, 2009, p. 24).
Passando por processos de evoluçao, a sociedade esteve sempre a se metamorfosear. Nesse interim, da revoluçao industrial ocorrida nos sáculos XVIII e XIX até o tempo presente, os homens sempre buscaram novos processos, evoluindo-se no seu processo existencial, ao ponto de nos dias atuais termos diferentes formas de trabalhar, produzir, comprar, relacionar, graças a essas (re)evoluçôes no nosso modo de existir. Para esta finalidade é que também foram criados diversos sites de relacionamentos (redes sociais digitais) que precisam ser tomados como reflexáo diante das dinámicas sociais e educacional nesse período técnico-científicoinformacional, usadas por grande parte das pessoas que se conectam à internet. Dentre aqueles mais importantes por serem mais conhecidos e acessados, destacamos o Orkut, o Facebook, o Twitter e o Instagram.
2.1.1 Orkut
A rede social Orkut é uma filiada ao Google (site de busca líder mundialmente da internet), criada no ano de 2004. Em tal ferramenta de comunicaçao e informaçao, promotora de gostos, difusora de consumos e criadora de hábitos de relacionamentos, notamos que é possível o usuário entrar em uma determinada comunidade, interagir online com amigos e outros usuários que compartilham o mesmo intéressé, de acordo corn Torres (2009).
Aínda segundo esse autor,
O conceito do Orkut é bastante simples: você cria um perfil, composto por uma série de informaçôes pessoais, fotos e vídeos, e pode convidar membros para serem seus amigos. Esses amigos passam a poder ver as atualizaçôes de seu perfil e a trocar mensagens corn você. Além disso, você pode criar uma comunidade, corn fórum de discussäo, eventos e enquetes, ligada a qualquer tema que imaginar, e convidar pessoas a participarem delà. A entrada na comunidade é feita por meio de um pedido de participaçao, e o seu perfil mostra as comunidades das quais participa (TORRES, 2009, p. 137).
Como fica claro na afirmaçao, duas partes estabelecem relaçôes: o usuário através do seu perfil e a comunidade. Tal característica é uma porta aberta para a propaganda de empresas que, buscando aproveitarem-se dos gostos e hábitos desses usuários, lançam seu poder de persuasáo na rede. Em outras palavras, "[...] o virtual nao é táo virtual quanto parece ser [...]" (SANTOS, SANTOS, 2013, p. 7), já toda uma lógica está por traz dessas ferramentas e que se almejamos uma sociedade e educaçao crítica e reflexiva, precisamos fazer corn que essa questäo seja discutida, juntamente com as outras formas de comunicaçao e informaçao, presentes na sociedade e nos espaços educacional.
2.1.2 Facebook
O Facebook, outra rede social digital é considerada pelos entrevistados e pelo público usuário dessas ferramentas de comunicaçao e informaçao a mais usada nos días atuais, constituindo-se no maiorsite de relacionamento do mundo. É uma rede social digital semelhante ao Orkut, no entanto, com alguns aplicativos e ferramentas diferentes. Foi criado por Mark Zuckeberg, um estudante de Harvard e lançado em 4 de fevereiro de 2004 (TORRES, 2009, p. 140).
Aínda conforme esse autor, "no inicio, o Facebook era restrito aos estudantes de Havard, e aos poucos foi se expandindo para outras universidades. O Facebook se tornou aberto a todos somente dois anos depois, quando passou a aceitar estudantes, pessoas e empresas." (TORRES, 2009, p. 140).
Em termos de privacidade, o Facebook se apresenta mais consistente do que o Orkut, urna vez que tem mais restriçôes e controles4, já que segundo Torres (2009), só se pode ver o perfil completo de alguém se for ou se pertencer ao mesmo grupo dessa pessoa. Percebemos, nesse sentido, que a rede social digital Facebook "[...] é mais privado que outros sites de redes sociais [digitais], pois apenas usuários que fazem parte da mesma rede podem ver o perfil uns dos outros" (RECUERO, 2009, 172), sendo fundamental ser tomada como elemento de reflexáo na sociedade e na Educaçao.
2.1.3 Twitter
O Twitter utilizado por muitos, incluindo celebridades, intelectual e políticos, é urna ferramenta que impressiona pelos números, desde sua criaçao no ano de 2006 (SANTAELLA; LEMOS, 2010). Atualmente, por exemplo, conta com mais de 200 milhöes de usuários, espalhados ao redor do mundo, conforme sitio eletrônico do Jornal O Globo5. Sua funcionalidade específica é a de permitir que os usuários divulguent informaçôes pessoais em tempo real, em textos de 140 caracteres (tweets), bastando para isso criar urna conta gratuita, seguir outras pessoas e ser seguido. Para este último aspecto a popularidade do usuário vai estabelecer o número de seguidores; outros, porém adotam a lógica "sigo quem me seguir".
Os tweets variant conforme o usuário e suas especificidades, no entanto, percebemos que em muito dos casos os conteúdos é do tipo contextual, ou seja, os usuários prezam pelos acontecimientos ocorridos no momento do acesso, aqueles que estäo em alta na mídia. Em outro momento, os usuários costumam divulgar o seu cotidiano, açôes corriqueiras, como é o caso do tweet do usuário abaixo, Figura 1.
Como urna arena de conversaçoes e espago colaborativo (SANTAELLA; LEMOS, 2010), possui na sua plataforma várias ferramentas que possibilitam a interaçao entre os usuários, é o caso do RT (Retweet), Responder, Curtir, Retweetar e da Hashtag (#), além do mais, se pode adicionar foto e localizaçao. No caso do Retweet "o uso das letras RT no inicio de um tweet significa que esse tweet é proveniente de outro usuário e exige a mençao do autor logo após essas letras" (p. 107). Já as hashtags "[...] sao indexadores de temas, tópicos e/ou palavras-chave que agregam todos os tweets que as contém em um mesmo fluxo [...]" (p. 108)6.
Ademáis, na medida em que os usuários se apoderam dos recursos disponíveis (curtir, comentar, retwittar, linkar pelas hashtags, jogar), cria-se urna falsa transferência de poder aos mesmos "cedida" por parte das redes. Com base nisto, e de posse das escolhas dos mesmos, passam, esses sujeitos, a selecionarem aquilo que lhe é apresentado, seja na forma de aplicativos, jogos, publicaçôes ou seleçao de amizades, muito embora cogitem que através de breves cliques tudo podem.
2.1.4 Instagram
O Instagram, por sua vez, é urna rede social criada em 2010 por Kevin Systrom e pelo brasllelro Mike Krieger (PIZA, 2012), para o compartllhamento de fotos e vídeos. No entanto, percebemos durante seu uso que a opçao fotos é a mais utilizada pelos usuárlos como forma de compartllhar os momentos do cotidiano. Seja em casa, no trabalho ou no lazer as pessoas se sentem a vontade para demonstrar a sua vida para os amigos, familiares e até mesmo desconhecldos.
Suas funçôes säo simples e rápidas. Basta urn clique e a escolha de um filtro para que as fotos e/ou vídeos se tornem visualizadas pelos usuárlos do Instagram e de demals redes socials (Facebook, Twitter, Tumblr, Foursquare e Fllckr). Asslm como as outras redes socials digitals mencionadas é "gratuito"7, porém, para ser utilizado é necessárlo o uso de urn smartphone ou tablet com o apllcatlvo Instalado dlsponlblllzado para sistema Android ou iOS.
Com o Instagram é possível aínda o contato com novas pessoas, através das ferramentas: Explorar e Seguir, Curtir e Comentar posts e da vlsuallzaçao de conteúdos mais populares por meló das hashtags (#).
Como se pode evidenciar, mediante essa rápida exposlçao sobre as principals redes socials digitals em uso na socledade brasllelra, o perfil dos membros usuárlos dessas ferramentas de comumcaçao e Informaçao é a grande questäo de se colocar em reflexáo. Em prlmelro lugar, o Individuo que se propöe fazer parte de urna dessas redes é convidado a preencher um cadastro completo que pode Ir de Informaçoes básicas da pessoa usuárla, até Informaçoes proflsslonals, preferênclas, gostos esportivos, evidenciando quem é aquele usuárlo, facilitando ao usuárlo ser encontrado por outros, bem como facilitando, também, a açao dos grupos económicos que buscam obter lucro com a dlfusäo de seus produtos nesses ambientes de comumcaçao e Informaçao. Em segundo lugar, nessas redes é possível as empresas aumentarem o seu potencial de venda.
3 METODOLOGIA
Para refletlrmos melhor essa realldade, bem como atlnglrmos o objetivo aquí proposto, realizamos algumas etapas metodológicas que compôs esta pesquisa. A prlmelra fol urna pesquisa bibliográfica acerca da temática, e anállse crítico-reflexiva dos principals debates e conceltos que constltuíram nossa forma de ver e apreender o temárlo em dlscussáo. Para tanto, nos fundamentamos em Recuero (2009); Lévy (1999); Castells (1999); Santos (2008, 2009, 2010), dentre outros, que fornecem elementos críticos e reflexivos da problemática aquí abordada, posslbllltando um entendimiento malor sobre a realldade empírica estudada.
Urna segunda etapa constltulu-se de levantamento de dados prlmárlos, em que através das ferramentas de pesquisa: a) questlonárlo e b) entrevista, obtlvemos arcabouço fundamental de comprovaçao do Intento proposto.
O questionário, composto com perguntas abertas e fechadas, desenvolvido através da ferramenta Google Drive e divulgado por meio do Facebook, foi aplicado com sujeitos usuários comuns das ferramentas de comunicaçao e informaçao (Orkut, Facebook, Twitter e Instagram). Como resultado, obtivemos um universo de 63 usuários partícipes dessa atividade, nos dando, dessa maneira, urna ampliaçao do leque de informaçôes discutidas mais adiante nesta pesquisa.
Desenvolvemos aínda conversas nao formais com usuários destas redes sociais digitais e, realizamos entrevista semiestruturada com docente de urna rede pública de ensino, no sentido de refletirmos as consequências e/ou influéncias dessas ferramentas no espaço escolareducacional resultante da inserçao das novas tecnologías na educaçao formal. Cumpre lembrar aínda que a escolha desses sujeitos da pesquisa se deve ao fato de representarem a sociedade e a educaçao, dimensöes que buscamos refletir, fazendo parte do próprio universo dos autores deste trabalho.
No que se refere aos métodos aquí utilizados, é importante ressaltarmos que se caracteriza este trabalho como urna investigaçao exploratoria, a qual, segundo Gil (1999) possibilita urna maior familiaridade com os objetos de estudo. Mediante isso, foi preconizado explicitaçao de abordagens existentes aos temas citados, para assim aprimorar nosso entendimiento e oportunizar urna reflexäo melhor sobre o mesmo, servindo de base de análise a outros trabalhos. Configura-se, também, este trabalho, como urna abordagem quantitativa no sentido de fazer uso de questionário com perguntas fechadas e abertas, aplicado aos sujeitos mencionados a fim de produzir estatísticas que pudessem auxiliar as análises concomitantes à bibliografía e teoría adotadas.
4 RESULTADOS E DISCUSSÖES
4.1 Redes Sociais Digitais e sua influência na sociedade e educaçio contemporáneas
Este subitem tem por objetivo tecer algumas consideraçôes a cerca da influência das redes sociais digitais na sociedade e na educaçio contemporáneas a partir dos debates já anteriormente tecidos e de urna pesquisa de campo realizada em 2013, com usuários e docente de urna escola da rede pública municipal de ensino, localizada no estado do Rio Grande do Norte, Brasil.
Em nosso levantamento, pudemos constatar que dos usuários pesquisados, 60%, ou seja, 38 deles eram do sexo femimno; e o restante, 40%, isto é, 25 eram do sexo masculino. Em sua maioria, (51%), apresentavam urna idade entre 21 e 26 anos; enquanto isto, 30% disseram ter entre 15 e 20 anos. Ademáis, tivemos pessoas entre 27 e 31 anos, (11%) e outros (8%) que assinalaram outra idade, nao mencionada.
Percebemos com esse diagnóstico que a maioria dos usuários pesquisados é do sexo femimno, fato que atribuimos ao tempo de maior ociosidade da mulher em relaçao ao homem, perante o mercado de trabalho8. Verificamos aínda que a camada populacional que mais faz uso dessas ferramentas de comunicaçao é considerada jovem, já que a juventude, sendo urna fase da existéncia humana, é compreendida dos 18 aos 25 anos de idade. As redes sociais digitais que utilizam corn mais assiduidade säo o Facebook, Twitter, E-mails em geral, Tumblr, Whatsapp, Skype e Instagram, nessa ordern.
Aínda segundo a pesquisa feita, constatamos que o grau de escolaridade dos usuários dessas redes é elevado, pois cerca de 87% estao ou já estiveram cursando o Ensino Superior ao passo que 13% cursaram ou estäo cursando o Ensino Médio. Sendo assim, a maioria desses sujeitos faz parte de um grupo seleto, que acabam, de certa forma, influenciando os demais usuários, na busca pela popularidade e autoridade (RECUERO, 2009). Nesse sentido, podemos recordar também Sartre (2002, p. 240), quando discute aspectos da existéncia humana afirmando que, "[...] cada urn no interior do campo social definido existe e age em presença de todos e de cada um".
É sabido que as redes sociais digitais possibilitam o encaminhamento a novos espaços de relaçôes, através do acesso a outros "perfis", por meio de links, algo denominado por Recuero (2009, p. 36) como capaddade de migragdo9. Mesmo assim, ressaltamos que muitos usuários com essa garantía, 89%, aínda buscam aqueles(as) que tém vínculo com o seu cotidiano de alguma forma, quer seja pelo mesmo gosto musical, tipo de trabalho, ou outro tipo de afinidade. Isso denota continuidades ñas redes sociais digitais, em virtude dos grupos criados e/ou selecionados democráticamente.
Em relaçao aos conteúdos que os usuários pesquisados costumam publicar e 1er constatamos que, em sua maioria, sao publicaçôes que possuem ligaçao com noticias em geral, encontradas em diversos sites, pois 51% dos entrevistados afirmaram isto. Outros, 31%, publicam conteúdos voltados para o entretenimiento; 7% desses sujeitos preferem a publicaçao de conteúdos voltados para o meio académico; enquanto isto, 11% afirmaram divulgar outros conteúdos nao informados no questionário aplicado.
Quanto ao quesito leitura, a maioria dos sujeitos pesquisados (69%) leem mais noticias em geral. Apenas 15% afirmaram 1er conteúdos voltados para o entretenimiento; 8% as publicaçôes vinculadas ao meio académico e 8% disseram ter outras preferências. Dessa forma, numa relaçao "todos-todos" (LÉVY, 1999), tal fenómeno pode ocasionar urna espécie de cegueira, no sentido de que os individuos podem näo vir analisar e refletir aquilo que está disposto/publicado, mas apenas aglutinaren! e/ou desperceberem determinadas informaçôes.
Outro aspecto relevante neste trabalho é o fato das publicaçôes serem direcionadas, ou seja, apesar de estarem ao "alcance de todos", sao destinadas a atingirem um determinado grupo de pessoas, sejam eles estudantes, religiosos, profissionais, dentre outros exemplos, fato que comprova a hipótese de que existem fronteiras ñas redes sociais digitais, ocasionadas pelo uso que se fazem destas. Nesse sentido, tais ferramentas comumcacionais possuem aspectos de um territorio, já que sao configuradas também por um limite ou demarcaçôes que Servern para restringir ou possibilitar relaçôes sociais, portanto, säo tidas, aquí, como espaços de poder e de controle.
Por assim dizer, é observado que para uma solicitaçao de amizade ser aceita é preciso um conhecimento sobre a pessoa a ser adicionada. Cerca de 89% dos entrevistados apontaram isto. Já 5% responderam que nao é preciso conhecer a pessoa; ao passo que 3% deles afirmaram a necessidade de haver a indicaçao de terceiros, como anuncia o Gráfico 1.
A partir do momento em que o sujeito escolhe e/ou seleciona quem pode ser o seu "amigo" em uma rede social digital, no caso do Facebook, se está demarcando um territorio, (re)construindo a subjetividade/identidade. Nesse sentido, o usuário cria suas próprias regras e/ou normas, resultando nos critérios de aceitaçao das relaçôes, estabelecendo, dessa forma, por exemplo, que tipo de conteúdo é importante em sua leitura, o que deve ser publicado para os outros (compartilhamento) e com quem pode promover a comunicaçao, ou seja, estabelecer interaçao.
Apesar disso, os vínculos, criados pelas redes sociais digitais säo permeados pela fluidez, no sentido de que, como diría Granovetter (1983), os laços serem fraco. Esse autor, ao estudar a nova sociología económica busca dar ênfase às relaçôes sociais enfatizando, dentre outros aspectos o impacto dos laços fracos constituidos pelas relaçôes sociais na vida dos individuos, o que se aproxima da nossa abordagem, dada a fluidez, liquidez (BAUMAN, 2004), que essas ferramentas constituem no plano social e educacional. Os laços fracos seriam uma oposiçao aos laços fortes. Os primeiros seriam relaçôes sociais construidas em diferentes contextos sociais marcados pela ausência de relaçôes de parentesco. Os segundos, os laços fortes, seriam as relaçôes sociais caracterizadas por relaçôes de parentesco, ou por um vínculo de amizade mais forte (GRANOVETTER, 1983).
Como espaço de acontecimientos e relaçôes, as redes sociais digitais podem ser consideradas como um dos elementos condicionantes da existéncia humana moderna, pois a partir do momento em que o homem escolhe utilizar-se de uma dada rede social (projeta-se), ele está assumindo as consequências de sua escolha, (SARTRE, 1984), assim, "o homem nada mais é do que o seu projeto; só existe na medida em que se realiza; nao é nada além do conjunto de seus atos, nada mais que sua vida" (p. 13).
É possível a existência no mundo virtual10? Nesse trabalho, isto é admissível, pois é evidente a continuidade e a construçao de novas historias de cada membro assíduo ou näo. Entendemos aquí a capacidade de o homem se fazer presente no virtual por meio de um sistema de açôes e objetos que é a rede, (SANTOS, 2009). Deste modo, podemos manifestar as redes sociais digitais como um lugar situado, fluido e ao mesmo tempo rígido.
De inicio os usuários sao atraídos pelo modismo. Ao se cadastrarem no universo virtual säo conduzidos a um novo territorio e seu desbravamento depende dos intéresses e vontades do entáo membro deste sistema rígido, mas ao mesmo tempo, aberto e flexível. A partir daí, sua maneira de se comunicar e construir amizades muda da mesma forma que a sua rotina, isto porque, há, dentro do mundo virtual, a possibilidade da continuidade e da mudança, ou seja, da totalizaçâo em andamento (SARTRE, 2002). Sendo assim, alguns preferem utilizar de sua identidade, em construçao, para persistir na sua vivência. Enquanto isto, sao movidos a conhecer o diferente, a partir da leitura de publicaçôes dos amigos adicionados, da participaçao em grupos de discussóes, no uso de aplicativos e jogos, o que pode resultar em alteraçôes de pensamento, tidos até entáo como inquestionáveis, por se fazer presente em suas práticas no mundo real.
A utilidade dessas redes em discussao, que vai além do entretenimiento, é formulada em conjunto, tendo em vista o uso do compartilhamento, da opçao RT (Retweetar), do ícone Curtir e dos mecanismos para Comentános e Respostas, disponíveis para uso, o que pode ser considerado como um importante fenómeno, por possibilitar aquilo que Lévy (1999) chama de inteligência coletiva.
Nesse sentido, é preciso saber quem sao os usuários? O que buscam? Como resposta, por meio do questionário e através de acessos feitos em diversos perfis que foram criados no Orkut, Facebook, Twitter e Instagram, foi possível constatar a presença marcante da diversidade na forma de género, idade, cultura e classe social. No tocante ao fato de que estas redes sociais digitais estáo sendo usadas em múltiplos espaços e ou regiöes com suas especificidades culturáis e físicas. De certa maneira, os usuários, buscam por entretenimiento, manter novas relaçôes, informaçôes diversas. De outro modo, procuram fazer parte de um grupo preexistente que cresce e chama a atençao por ser inovador e também ideológico.
Destacamos aínda o fato de que persiste o uso improprio dessas redes digitais. Isto ocorre quando o individuo perde a noçao de tempo e espaço durante o acesso. Neste caso, o membro priva-se do autocontrôlé na conexäo e torna-se objeto deste meio, no sentido de que, passa a ser mero usuário dessas ferramentas, haja vista o controle técnico e económico e, sobretudo, intencional näo Ihes pertencer. Algo que carece ser analisado, pois a historia da relaçao do homem com a técnica demonstrou a necessidade de o primeiro dominar o segundo.
A maioria dos entrevistados pesquisados, (43%), gastam até 2 horas de seu tempo diário no acesso a urna rede digital. Outros, porém, afirmaram até 1 hora de uso, (33%). Diferentemente, (15%), considerado aquí um percentual alto e relevante para a pesquisa, apontaram que chegam a navegar até 4 horas. Ademáis, tiveram aqueles que optaram por nao determinar o tempo de acesso, o que representa cerca de (8%) e que também pode ser um tempo maior ou menor dos descritos.
Nas relaçôes estabelecidas pelas redes sociais digitais existe "o poder simbólico", ou seja, um "[...] poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que nao querem saber que Ihe estäo sujeitos ou mesmo que o exercem" (BOURDIEU, 2000, p. 7-8). Neste sentido, em sua forma estruturante (meio comunicacional) é possível encontrar a força das empresas e suas propagandas diante da óptica do mercado, que dominam sobremaneira as funçôes e ideais, escamoteando a realidade e tornando a opiniao homogénea, fato que precisa ser compreendido a partir da visao crítica, de inicio em sala de aula e/ou em outros espaços de diálogo, em conversaçôes formais ou até mesmo informais.
A atuaçao das empresas económicas nas redes sociais digitais é semelhante ao que se praticava no Período Colonial, no Brasil. Neste espaço-tempo a busca pela conquista de novos territorios (exploraçao) era o principal objetivo daqueles que detinham o poder, como forma de conseguir riquezas. As redes sociais digitais, atualmente, considerada aquí como um territorio, tornaram-se um meio global ambicionado por diversas empresas, principalmente as internacionais, cujo intuito é o de espalhar o "consumo conspicuo" (VEBLEN, 1965, p. 74) ou consumo desenfreado, desnecessário e formas ideológicas de pensamento, o que carece ser percebido pelos mecanismos de formaçao crítica, no caso a escola. Nesse sentido, se pode afirmar que rede é poder, por se constituir de urna disputa entre grupos, instituiçôes, empresas e mais do que isto, por está inserida numa lógica mercantil, pois através da uniäo de pontos até entáo desconexos se pode haver a disseminaçao de ideologías, pensamentos unívocos, que correspondem à sobreposiçao do pensamento crítico e a instauraçao da alienaçao completa.
De antemäo, suas propagandas, quando divulgadas, costumam ser acessadas e consumidas, através de breves diques, 16% das pessoas corroboram isto. Notamos aínda outra situaçao, 23% afirmaram que as propagandas sao acessadas, mas nao consumidas. Algo que impressiona aínda é o fato de que 63% dizem nao dar importáncia para as propagandas. Neste caso, prevalece a opiniäo de que existem outros mecanismos que chamam mais a atençao dos usuários, dentre eles a informaçao, comunicaçao, diversäo e lazer; sem falar também no fato de que muitos näo clicam nas propagandas por acharem ser virus.
Todas as redes sociais digitais possuem um determinado termo de uso em que os usuários se comprometem a nao infringir nenhuma regra disposta. Inclusive, o usuário poderá ter seu perfil bloqueado, através do cancelamento da conta, permanentemente. Urna das principáis razôes para isso acontecer, segundo declaraçao de direitos e responsabilidades do Facebook, acessada em 21 de julho de 201311, é o envío de spam por meio da rede, a prática de Bullying ou a presença de publicaçôes pejorativas e pornográficas.
Outra questao pertinente a isso (de que rede é poder) é o fato de alguns usuários terem as suas publicaçôes censuradas, sem qualquer nexo, conforme caso que segue abaixo, Figura 2.
Percebemos na Figura 2, que, mais do que urna repressäo ao usuário, se estabeleceu um abuso de poder, segundo comentário do mesmo, já que ele näo infligiu nenhuma regra estabelecida na declaraçao de direitos e responsabilidades do Facebook, para que sua publicaçao viesse a ser removida, conforme se pode constatar no link usado pelo usuário para fazer a crítica ao governo (http://oglobo.globo.com/saude/remedio-que-ajudou-curar-cancer-de-dilma-vetadoem-parecer-de-comissao-do-sus-8121615). Assim, o mesmo publicou em forma de protesto, em 20 de julho de 2013: "Censura no Facebook. Fui vítima, sim vítima" e aínda menciona "tive urna postagem removida por criticar o Governo".
Baseado nisso e em outras afirmaçôes dispostas acima podemos concluir que as redes sociais digitais säo formadoras de opiniáo, o que resulta em pensamentos submissos, alheios a realidade. Os próprios usuários puderam comprovar isto ao afirmarem, cerca de 95%, que essas ferramentas influenciam as pessoas, enquanto que apenas 5% disseram o contrário. Esta situaçao implica que é urgente e necessária a reflexáo crítica e reflexiva a cerca do grau de coerçao que as redes digitais constroem na sociedade, sobretudo, por parte das instituiçôes formais de ensino.
4.2 "A Sociedade em Rede": Comunicaçio e Agio
Para Santos e Santos (2013, p. 20), as redes sociais digitais alteram as escalas, "desfazem" fronteiras e sao extremamente usadas, nesse meio técnico-científico-informacional, como mecanismo de poder e lutas por melhorias. É nesse sentido que talvez Castells (1999), afirme que a revoluçao da tecnología da informaçao, juntamente corn a reestruturaçao do capitalismo tenham introduzido urna nova forma de sociedade, a sociedade em rede.
Essa configuraçao pode ser melhor exemplificada quando observamos as camadas populacionais e/ou de pessoas da sociedade com a faixa etária mais nova. Tal camada populacional, essa camada mais jovem de pessoas, é protagonista de urna nova geraçao altamente imbuida em redes sociais digitais, tornando-se informada, "mais escritora" e "mais leitora" de conteúdos veiculados nessas ferramentas comumcacionais do atual período, sendo capaz, portanto de se comunicar de forma impressionante e de maneira que em alguns anos atrás nao era possível e/ou sequer imaginada.
Deve ficar claro para o leitor que a internet é urna das grandes responsáveis por essa mudança evidentemente aliada à capacidade de escolha e suborno das imperéis do sistema vigente. Diante disso é possível falarmos em um poder de comunicaçao instantáneo, que evidencia que o mundo agora se organiza desse ponto de vista, em redes de comunicaçao e informaçao antes nao possíveis e que essa sociedade virtual parece ter se estabelecido e se tornada para ficar e desenvolver-se junto corn a populaçao. Para um melhor aprofundamento dessa realidade consultar Warschauer (2006) e Castells (1999). O primeiro, assim como o segundo entende que estamos organizados em urna sociedade em rede, que tem como elemento fundamental relaçôes sociais permeadas pela instantaneidade da comunicaçao, possibilitada pela informática e que, a partir do enfoque dado sobre a obra de Warschauer (2006), apesar da exclusáo digital que aínda existe, é preciso que se criem mecanismos de inclusao social. Compreendemos, para tanto, que nao basta a presença de novas tecnologías de informaçao e comunicaçao é preciso que as pessoas saibam utilizá-las em suas relaçôes interpessoais, na produçao de informaçôes, na construçao de novos conhecimentos e no processo de aprendizagem.
Exemplos de práticas/atos/movimentos sociais ocorridos, mediante a articulaçao proporcionada por redes sociais digitais podemos destacar, as manifestaçôes ocorridas no Brasil a partir de junho de 2013 e os populares "rolezinhos" (aglomeraçao de jovens em shoppings resultante de encontros marcados nessas redes). Para Wenger (1998) isto pode ser denominado como comunidades de prática, grupo de pessoas que partilham dos mesmos intéresses e criam laços entre si, através da interaçao, engajamento e aprendizagem coletiva. Tais acontecimientos condizem também com as observaçôes de Pierre Lévy quando este afirma que "[...] a emergéncia do ciberespaço é fruto de um verdadeiro movimiento social, com seu grupo líder (a juventude metropolitana escolarizada), suas palavras de ordern (interconexao, criaçao de comunidades virtuais, inteligéncia coletiva) e suas aspiraçôes coerentes" (LÉVY, 1999, p. 125), se fazem concreta nessa sociedade em rede.
Para Castells (1999, p. 497) as redes sociais digitais se configuram como a nova forma de organizaçao social, quando diz que as "redes constituem a nova morfología social de nossa sociedade, e a difusäo da lógica de redes modifica de forma substancial a operaçao e os resultados dos processos produtivos e de experiéncia, poder e cultura".
Corn esta breve reflexao, percebemos as alteraçôes gradativas pelas quais vive a sociedade em seus paradigmas de interaçao e relaçao social, hoje pautados pela popularizaçao da internet, e ñas formas de interaçao, comunicaçao e informaçao que a mesma géra a seus usuários. A comunicaçao mediada por computador, celulares e outros meios já alterou hábitos da cultura de boa parte da populaçao de nossa sociedade, pois a estrutura temporal e espacial que se partilha subjetiva e intersubjetivamente, resultante de um período da historia da humamdade marcado pela técnica, ciência e informaçao (SANTOS, 2009) presente em todos os ámbitos da vida social, impóe "no mundo da vida cotidiana" (BERGER; LUCKMANN, 2012, p. 45) dinámicas e relaçôes significativas, constituindo-se numa feiçao que "[...] é parte da realidade global da vida cotidiana, e como tal maciça e irresistível" (Idem, ibidem p. 47). Estas mudanças também estáo afetando as organizaçôes e instituiçôes, as quais precisam se adaptar a essas inovaçôes, como é o caso das escolas12, preocupaçao já apontada por Santos e Santos (2011) quando discutem a influência desse período no ensino de Geografía. Assim, compreender (ou investigar) as reais influências que as redes sociais digitais, como variáveis desse momento, estäo a promover na estrutura escolar é necessidade que se faz.
4.3 As Redes Sociais Digitais para Além do Espaço Virtual - Sua Influência no Processo de Ensino e Aprendizagem: Breves Considerares
Conforme já mencionado neste artigo, o período atual denominado técnico-científicoinformacional imprimiu mudanças abruptas e significativas tanto do ponto de vista social, político, económico e cultural na sociedade contemporánea, quanto da realidade que se configurou e que está se configurando, demandando novas maneiras de ensinar e aprender. Nesse rol está o desafio do lecionar, pois este desafio deverá possibilitar ao educando diferentes maneiras de entendimientos do territorio que se encontra em constante movimiento dados os processos sociais, políticos e económicos do presente que repercutem diretamente e decisivamente na Educaçao.
Diante dessa realidade que ai está posta, novas formas de se ensinar e aprender precisam ser valorizadas, em detrimento do conhecimento fragmentado e do saber que se faz presente, desde o sáculo XVIII, com a supremacía do racionalismo.
A valorizaçao de um saber reflexivo como diría Freire (2006) deve ser encarado como urna apropriaçao necessária competente capaz de dar autonomía ao individuo para tornar-se contextualizador e crítico e saber que a competiçao que se impóe mediante os imperativos do mundo do trabalho precisa ser mais humana e menos agressiva, pois a estruturaçao de urna sociedade em redes que se configurou nos convida a produzirmos urna educaçao pautada e instrumentalizada no conhecimento construido coletivamente. Tal realidade demanda comprometimiento com urna educaçao para a vida, para a existência mais humana, sendo urna das competências dos docentes o saber-fazer-uso dos conteúdos técnico-científico, político, pedagógico e sociais ai dispostos, como pode ser representado pelas redes sociais digitais que fazem parte do cotidiano dos alunos que frequentam a educaçao formal no atual período.
Jamais a necessidade de saber Iidar com essas ferramentas de comunicaçao e informaçao foi täo urgente quanto esta que ai se apresenta, fazendo corn que formaçao continuada seja uma necessidade (SANTOS, 2012) em todas as áreas profissionais da educaçao, tanto quanto aquela necessidade de comer e beber. Tal fato se deve à velocidade corn que as novas informaçôes, as novas tecnologías, linguagens e comunicaçôes se tomaram, neste período técnico-científicoinformacional, no cotidiano das pessoas. E essa realidade precisa ser incorporada pelos educadores em suas práticas didático e pedagógicas como forma de auxiliar nos processos de ensino e aprendizagem.
Com a reflexäo a partir dessas ferramentas em sala de aula, o professor pode demonstrar o quanto é significativo o aumento da participaçao popular na internet, evidenciando também e, sobretudo a estratégia de empresas dos mais diversos tipos de setores, que a partir de um uso de apelaçôes das mais variadas possíveis buscam se aproximar de seus públicos de intéressé (massa de consumidores) ou fabricá-los, estregando relaçôes, aumentando o lucro com as vendas e desenvolvendo novas estratégias de difusäo do consumo que merecem ser pensadas, em todas as disciplinas curriculares, se se quer formar e/ou contribuir com urna formaçâo de sujeitos crítico-reflexivos e autónomos.
Embora percebendo que o poder de comunicaçâo entre as pessoas aumentou nos últimos anos, urna vez que consideramos a comunicaçâo como um poder, sendo que quem a detém passa a ter um diferencial em relaçâo àqueles que näo têm, a lógica de estruturaçâo das redes sociais digitais precisa ser discutida e refletida. Nos dias atuais, é notorio que as pessoas, por mais simples que sejam e nos lugares mais distantes que habitam, ocupando posiçôes diferentes na sociedade, mediante o aumento significativo de comunicaçâo que têm através das relaçôes sociais e comumcacionais que estabelecem, se posicionam, questionam, se articulam, fazem política. Notamos com essa realidade, portanto, que urna configuraçâo nova implementada e/ou proporcionada pelas redes sociais digitais, é a permissäo para qualquer individuo transmissor de informaçâo, ser produtor e ser consumidor de informaçâo (MANIERI, 2011), fato de urna realidade socioespacial que precisa ser questionada, refletida e pensada.
Aínda conforme esse autor, "enquanto sujeito de um processo social e de trocas simbólicas, o individuo torna-se partícipe do processo de comunicaçâo organizacional num contexto digital" (MANIERI, 2011, p. 6), o que nos leva a reforçar nossas ideias em trabalho anterior (SANTOS, SANTOS, 2013) de que as redes sociais digitais contribuem para a participaçâo social.
No quesito educaçâo, as redes sociais digitais, conforme Chartier (2007) estäo a promover maior prática de leitura, bem como aínda a promoçâo da escrita, apesar de acontecerem numa linguagem informal. Este fato se configura como um deslocamento, pois está a surgir "novos leitores assíduos", näo mais aos livros didáticos e ou literáríos impressos, mas ao mundo virtual com seus materials digitais, constituido por informaçâo e comunicaçâo síncrona e assíncrona. Conforme Recuero (2009, p. 32) "urna comunicaçâo síncrona é aquela que simula urna interaçâo em tempo real", ao passo que a assíncrona se caracteriza por urna resposta näo imediata, segundo essa mesma autora.
Nesse sentido surge, por parte das instituiçôes de ensino, a necessidade de se inserirem nestas redes digitais, como forma de se aproximarem dos alunos-usuários. Para tanto, devem ser criados grupos, páginas, eventos, aplicativos, com o intuito de desmistificar tais ferramentas educativas e também a ideia de educaçâo ultrapassada ou arraigada às tendéncias, fazendo com isso um aproveitamento das possibilidades educacional que esses recursos possam oferecer. Em torno disto, os alunos säo convidados a refletirem e conhecer melhor os ambientes virtuais em que estäo inseridos socialmente, complementando assim, essa forma de aprender com as demais tecnologías educacional presentes no ambiente escolar, a exemplo do livro didático.
Quanto a isso, é notorio que os professores estäo tendo problemas no que se refere à introduçâo das redes sociais digitais no cotidiano dos alunos. A formaçâo inicial do docente näo atende a essas necessidades, o que é um desafio, como resultados surgem profissionais despreparados para a prática. Sua relaçâo com a turma deixa de ser contextualizada e passa a ser fragmentada. Näo se quer dizer com isto que os profissionais docentes säo obrigados a participar de urna rede social digital, contudo, que estejam atentos a este fenómeno; saibam conduzir o aluno a crítica, através do diálogo e ou debates em sala de aula. O papel do educador neste caso é o de mediador.
A realidade tem demonstrado o distanciamento entre professores e alunos no que diz respeito ás redes sociais digitais, porém isto pode ser superado. Com urna formaçao inicial insuficiente é preciso a busca por urna formaçao continuada (reciclagem, atualizaçao) (SANTOS, 2012), que prepare o profesional docente para os desafios do período técnico-científicoinformacional.
No entanto, näo é isto que entendem grande parte dos docentes. Encontramos discursos desses profissionais que contribuem para a näo disseminaçâo das redes sociais digitais ñas escolas, em virtude destas estarem a produzir, nos alunos, desconcentraçâo, erros gramaticais e a falta de tempo para estudos e ou pesquisas. Durante entrevista com urna professora de escola pública, a mesma assegurou que a internet é muito mais atraente e interessante, a leitura de livros é totalmente rechaçada e detestada pela maioria dos adolescentes [...], percebe-se que os jovens se atêm mais ao superficial das redes, ao chamado lixo virtual. Em suma, näo percebo avanço qualitativo na leitura e escrita formais em decorrência do uso das mídias (Pl). Em contrapartida, compreendemos que é justamente em cima dessas falhas dos alunos que se devem debruçar o trabalho do docente, já que muitos alunos näo conseguem se absterem do seu uso no cotidiano.
O uso que estamos instigando quanto a incorporaçâo das redes sociais digitais nos processos didáticos e pedagógicos na educaçâo formal näo pode ser entendido única e exclusivamente como referência a ser seguida, sem questionamentos e/ou mudanças. Ademáis, näo estamos querendo reforçar a antipatía dos alunos pelos livros, mas levarmos os sujeitos educandos e educadores a um pensamento reflexivo que os possibilitem pensar os atores de imposiçâo dessas ferramentas de comunicaçâo, extraindo délas aquilo que é importante para a formaçâo humana e profesional, já que vivemos imbuidos nesses sistemas de objetos, comunicaçôes e informaçoes.
No atual contexto de presença das redes sociais digitais nos espaços escolares, a metodología de ensino e aprendizagem corn ênfase no computador e/ou outras tecnologías näo podem ser desprezadas pelos docentes. A esse respeito há vários trabalhos que ajudam nessa empreitada, como é o caso de Kozinets (2010), que em seu capítulo terceiro aponta métodos de pesquisa online que ajudaräo o professor nessa atividade com seus alunos; Flick (2004), que discutindo a pesquisa qualitativa, em seu capítulo segundo ao abordar o plano de pesquisa, auxilia o professor nessa tarefa, bem como Lüdcke e Andre (1986); Hiñe (2005), que na segunda parte dessa obra discute os sites de pesquisa e estratégias de uso dessas ferramentas de ensino e pesquisa; Passerino (2011); Frade (2005), para quem se vive grandes alteraçôes dos conceitos e dos processos que envolvem a leitura e a escrita, devendo o professor atentar-se para essa realidade e, entendemos, buscar ñas redes sociais digitais relaçôes com os processos que envolvem a leitura e a escrita, ou seja, aproveitar as múltiplas possibilidades oferecidas pelo momento atual. Todas essas possibilidades se bem aproveitadas pode contribuir para o que Pretto (2013) chama de escola do futuro, ou seja, um ambiente de ensino e aprendizagem que aproveita bem as possibilidades do presente, pois o uso dessas variáveis configura-se como um elemento estruturador carregado de conteúdo, sobretudo porque
[...] a presença das Tecnologías da Informaçao e Comunicaçao (TIC) na educaçao, hoje com computadores portáteis, smartphone, tablets e urna enorme parafernália tecnológica que, presente na escola, nao está conseguindo, em linhas gérais, promover as täo necessárias radicáis transformaçôes da educaçao em nosso país e, sem medo de errar, no mundo (PRETTO, 2013, p. 23).
Tal realidade constituí urna nova forma de ser, de pensar e agir. Nesse sentido, surge, entäo, um problema por parte daqueles sujeitos que estäo mais inter-relacionados a esse ambiente, como é o caso dos docentes, ou seja, como o professor poderá intervir nessa situaçao, se em sua maioria os acessos säo feitos em casa ou pelos aparelhos movéis (Gráfico 2), até mesmo durante o intervalo das aulas? Os pais têm responsabilidade neste caso? Ou é algo que ultrapassa estas instâncias e se torna urna questáo global?
Como é notorio no Gráfico 2, cerca de 81% dos entrevistados afirmaram utilizar as redes sociais digitais em casa. Um outro dado importante é que 14% faz uso deste meio através de aparelhos movéis (celular, tablets). No mais, 3% acessam durante o trabalho; 2% na Lan House e nenhum dado foi encontrado referente ao uso na escola. Mesmo assim, diante de conversas informais com professores, notamos que os alunos sao envolvidos neste universo mesmo em sala de aula por meio das ferramentas supracitadas (os aparelhos movéis). Dessa forma, urna certa porcentagem de uso dessas ferramentas se configuram no ambiente escolar, sendo ai que o professor deve preocupar-se, atentando-se, sobretudo para aqueles alunos que possuem aparelhos movéis.
Encontrar urna resposta para os questionamentos acima é demasiado difícil. Porém, é imprescindível a discussao na sala de aula para que o aluno perceba que diante de um sistema interativo, flexível e aberto, existe também a domestificaçao do pensamento, parafraseando Morin (2004), diante de um sistema de objetos e açôes (SANTOS, 2009) escamoteados no atual meio técnico.
De um modo gérai, as redes sociais digitais e a sua presença, mesmo que abstrata, dinamiza o fazer pedagógico, logo, transforma o ensinar em urna arte aínda mais complexa. Curiosamente, mesmo diante deste contexto, o professor, é um dos poucos profissionais que conseguiu se sobrepor à cultura do descartável. Muitas profissöes näo existem mais e outras estäo para ser extintas, mediante a influéncia das máquinas, é o caso do datilógrafo, telegrafista, alfaiate, ferreiro, dentre outras. Porém, isto näo significa dizer que o docente é valorizado socialmente, pelo contrário, sua permanéncia resultou em diversas crises existenciais, portanto, teve que passar por transformaçôes metodológicas, do contrário, seria deixado para trás.
Nesse sentido, compreendemos que estäo sendo priorizadas as coisas (objetos) e näo os sujeitos em si em solo educativo. Algo que pode ser fácilmente notado quando da inserçâo de computadores ñas escolas, decorrente de toda urna política educacional voltada para este fim. Durante sua incorporaçâo, houve profunda estranheza, por parte dos professores. No entanto, isto näo foi suficiente para questionamentos ou incertezas, pois "o que nós estamos vivendo hoje é que o homem deixou de ser o centro do mundo" (SANTOS, 1995, n/p, apud TEND LE R, 2006) em detrimento de materialidades existentes que constituem a vida cotidiana nesse mundo moderno (LEFEBVRE, 1991).
As redes sociais digitais, como resultado da introduçâo das telecomunicaçôes nas escolas passam a ser instrumento e conteúdo ao mesmo tempo. De fácil acesso, ocasionam dentre outras coisas a comunicaçâo e a informaçâo imediata, de acordo com as atividades dos usuários. Resta saber se säo dinamizadoras de novos conhecimentos e para chegarmos a urna ideia comum é importante investigar a opiniäo dos usuários.
As redes sociais digitais que engodam por ser instrumento (coisa) que possibilita a informaçâo, comunicaçâo e lazer, segundo resposta dos usuários, correspondem urna nova lógica de relaçâo social, por assim dizer, desafiadora para as práticas de ensino e aprendizagem, no sentido de que há urna disseminaçâo de valores e atitudes homogeneizantes, que implicam em mudanças de pensamento e comportamentos, ou seja, o desenvolvimiento de identidade coletiva do tipo negativa, que atinge os ambientes escolares, marcada pela escassez de um pensamento individual e com o dominio de uns sobre os outros, näo havendo personalidade, porém copias, semelhanças, o que merece a atençâo dos educadores quanto ao desenvolvimiento de urna contra-racionalidade.
Ademáis, compreender a importáncia que a informaçâo e a comunicaçâo tém neste período técnico-científico-informacional é urna realidade que se faz urgente no campo educacional e na vida dos professores que vislumbram novas estratégias de ensino e aprendizagem com seus alunos, em que a comunicaçâo e relacionamento mediadas pelas redes sociais digitais entram como conteúdos significativos desse processo.
5 CONCLUSÄO
O objetivo deste trabalho foi contextualizar a influéncia que as redes sociais digitais exercem sobre os individuos, em que foram discutidos possíveis impactos na sociedade e educaçâo decorrentes dessa nova expressäo da sociedade contemporánea, a partir de urna pesquisa realizada com usuários e profissionais do ensino.
Tais ferramentas de comunicaçâo e informaçâo representam urna simbiose extremamente significativa entre empresas que desejam colocar no mercado seus produtos e o desejo latente dos individuos por se relacionarem através dessas ferramentas comunicacionais, desejo de se interconectarem. Além disso, representam no ámbito educacional a maneira como se däo as políticas educacional em voga, que buscam cada vez mais permear os espaços escolares com as tecnologías de informaçao e comunicaçao, que somado à presença dessas materialidades na vida cotidiana da maior parte da populaçao, configura urna nova problemática que os profissionais da educaçao predsam se debruçar, se déla quiserem extrair bons éxitos.
Nos días atuais, é notorio que as redes digitais, possibilitadas pelos diversos objetos comumcacionais (computadores, celulares com acesso à internet etc.), permite ás pessoas criarem novos espaços sociais de relacionamento.
As redes possibilitadas pela internet estáo sendo usadas, gerando novas maneiras de participaçao política, novas formas de entretenimiento, novas formas de contato social etc., sendo um fato em que suas estratégias predsam ser discutidas em ambientes formais de ensino, urna vez que diversos aspectos da existéncia humana, neste período técnico-científicoinformacional, encontram-se sobre influéncia dessas ferramentas, dentre eles a organizaçao política dos cidadaos quanto à luta por melhorias sociais; o entendimiento dos acontecimientos históricos que se passam no mundo; a concepçao de autonomía e de vivéncia no tempo e no espaço; o consumo; a aquisiçao do conhecimento, bem como o processo de ensino e aprendizagem etc. Nesse sentido, em funçao da rápida ascensáo dessas ferramentas comumcacionais e de inter-relaçôes diversas em evoluçao continua, impoem-se a necessidade de instrumentos adequados quanto ao seu desvelamento e entendimiento.
1 "O espaço é hoje um sistema de objetos cada vez mais artificiáis, povoado por sistemas de açôes igualmente imbuidos de artificialidade, e cada vez mais tendentes a fins estranhos ao lugar e a seus habitantes. Os objetos nao tém realidade filosófica, isto é, nao nos permitem o conhecimento, se os vemos separados dos sistemas de açôes. Os sistemas de açôes também nao se dao sem os sistemas de objetos. Sistemas de objetos e sistemas de açôes interagem. De um lado, os sistemas de objetos condicionam a forma como se dao as açôes e, de outro lado, o sistema de açôes leva à criaçâo de objetos novos ou se realiza sobre objetos preexistentes. É assim que o espaço encontra a sua dinámica e se transforma" (SANTOS, 2009, p. 63).
2 A distribuiçâo das mensagens e a interatividade como resposta deste processo só existem de acordo com o diagrama de Paul Baran, discutido por Franco (2009), porque as redes sociais digitais, aqui em questio, sao distribuidas, ou seja, se configuram a partir do padrio todos-com-todos, sem hierarquias. Baseado nisto, e tendo como referências as mudanças sociais, coagulamos com o pensamento de que o local se torna global (FRANCO, 2003).
3Entenda-se por automatismos sociais o conjunto de sistemas de açôes sociais que hoje se dá amparado ñas novas tecnologías, que tem a internet como elemento constitutivo possibilitando, assim, um raio de açôes e práticas que invadem a sociedade e a educaçâo de forma a condicionar os individuos.
4 De uma maneira geral, percebemos que as redes sociais digitais (que se perpetuam no mundo virtual e se tornam parte da cultura dos individuos em formaçâo) apresentam fronteiras, difíceis de serem ultrapassadas, apesar de fluidas. Cada usuário possui publicaçôes que demarcam o espaço vivido. É lógico que tais aspectos podem ser transpostos diante das possibilidades que a internet apresenta, mas isso só se solidifica corn a sobreposiçâo da subjetividade do indivíduo-usuário e o desejo de conhecer o novo.
5 JORNAL O GLOBO. O Twitter em números. Disponivel em: http://oglobo.globo.com/tecnologia/o-twitter-emnumeros-10704107. Acesso em 23 de novembro de 2013.
6 Para saber mais sobre as outras opçôes, pesquisar na obra aqui mencionada.
7 Resolvemos aspear a palavra gratuito por urna razio simples: para criar urna conta no Instagram ou outra rede social digital, o sujeito precisa de aparatos técnicos comunicacionais, a exemplo do smartphone, tablet e computador, tato que movimenta grandes indústrias desses bens no mercado mundial. Dessa forma, as relaçôes sociais que os usuários estabelecem nessas redes nio sio tio gratuitas quanto parecem ser.
8Conforme informaçôes contidas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografía e Estatística (IBGE) de 2013, em relaçâo ao género, as mulheres aínda sao as que mais sofrem com o desemprego no país.
9 Segundo esta autora, "[...] fator característico da interaçâo mediada pelo computador é sua capacidade de migraçâo. As interaçôes entre atores sociais podem, assim, espalhar-se entre as diversas plataformas de comunicaçâo [...]" (RECUERO, 2009, p. 36).
10Para Lévy (1999, p. 49), "é virtual toda entidade 'desterritorializada', capaz de gerar diversas manifestaçôes concretas em diferentes momentos e locáis determinados, sem contudo estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular". Aínda segundo o seu pensamento apesar de nao "[...] fixá-lo em nenhuma coordenada espaçotemporal, o virtual é real" (p. 50).
11Disponivel em: https://www.facebook.com/note.php7note_ichl0151420061025301.
12A cerca da influência dessas ferramentas no ambiente escolar, consultar dentre outras fontes, as ediçôes da Revista Teias, disponíveis em: http://www.periodicos.proped.pro.br/index.php/revistateias/issue/archive; e da Revista de Novas Tecnologías na Educaçâo (RENOTE), disponíveis em: http://seer.ufrgs.br/index.php/renote/ issue/archive.
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V. L. C. SANTOS' e J. E. SANTOS
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Artigo submetido em janeiro/2014 e aceito em dezembro/2014
DOI: 10.15628/holos.2014.1936
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Copyright Instituto Federal de Educacao Ciencia e Tecnologia do Rio Grande do Norte 2014
Abstract
We aim to reflect on the presence and influence of the online social networks in society and education, search to identify its importance as a communication and information tool, and also ideological aspects inherent to this phenomenon. Therefore, it was done bibliographic and user exploratory research with teaching in a public school of the urban area of a town norte-rio-grandense, seeking answers to the problems of this study, in other words: what is the influence of digital social networks in contemporany society and in education? Thus so, we observed, among other results their influence in the political organization of the citizens how much the struggle for social improvements; in the way they of perceive the current space-time; in the concept of autonomy and experience; in the consumption; in the acquisition of knowledge, and also in the teaching and learning process, phenomena that need to be thought, especially by educational institutions.
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