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Introdução
Os estudos sobre movimentos sociais têm incorporado o conceito de frames (enquadramentos interpretativos), de Erving Goffman (2012), para a operacionalização de pesquisas sobre as interpretações atribuídas a processos de mobilização. Em âmbito internacional, diversos autores têm se vinculado a essa perspectiva teórica (Benford, 1997; Snow & Benford, 1988; 1992; Koenig, 2004; 2006).
Ao se considerar que o ato de atribuição de sentido às ações de movimentos sociais é levado a cabo por diversos atores (sejam os próprios ativistas, sejam as autoridades políticas ou os veículos midiáticos), constituiu-se um campo específico, dedicado ao estudo dos enquadramentos midiáticos aos processos de mobilização. As propostas de Gitlin (1980) e de Entman e Rojechi (1993) são paradigmáticas de tal perspectiva.
No entanto, o desenvolvimento dessa abordagem no Brasil perpassa alguns desafios: embora haja um debate internacional profícuo sobre o conceito de frames, essa abordagem tem sido praticamente ignorada pelas pesquisas brasileiras em movimentos sociais (Silva, Cotanda & Pereira, 2013); o estudo de enquadramentos midiáticos à ação coletiva exige a interlocução entre o campo da ação coletiva e os estudos em comunicação; mesmo em âmbito internacional, a literatura aponta a falta de precisão do termo frame e a ausência de sistematização para a operacionalização do conceito (Entman, 1994; Benford, 1997; Scheufele, 1999).
Tendo em vista as configurações explicitadas, o presente estudo busca enfrentar esses desafios, respondendo ao seguinte questionamento: como desenvolver um modelo analítico que confira precisão conceitual e rigor metodológico para o estudo dos enquadramentos midiáticos a processos de mobilização?
Para enfrentar essa questão, o presente trabalho foi subdividido em três seções. Na primeira, resgata-se o conceito de frame em Goffman e se demonstra como o conceito tem sido incorporado aos campos dos movimentos sociais e da comunicação. Na segunda seção, apresenta-se, a partir de um objeto empírico específico - a cobertura de jornais ao ciclo de protestos de 2013 em Porto Alegre (RS) -, o percurso metodológico que culminou na construção de um modelo analítico para o estudo dos enquadramentos midiáticos a processos de mobilização. Por fim, na conclusão, são explicitados os avanços teórico-metodológicos resultantes da utilização do referido modelo.
O conceito de enquadramento interpretativo e sua incorporação ao estudo da ação coletiva
Enquadramentos interpretativos da ação coletiva
O primeiro autor a tratar sociologicamente a noção de...
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