Content area

Abstract

A obesidade é uma condição médica altamente prevalente. Além de se assumir como fator de risco cardiovascular, está frequentemente associada a outras patologias que constituem fatores de risco cardiovascular.

Os objetivos deste trabalho de investigação foram os seguintes: a) Identificação de fatores de risco para a obesidade; b) Avaliação do papel de várias hormonas nos mecanismos de controlo do peso corporal; c) Avaliação do papel do tecido adiposo como órgão endócrino; d) Avaliação da relação existente entre obesidade, diabetes tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial; e) Avaliação do papel da obesidade como fator de risco cardiovascular; f) Avaliação da síndrome metabólica como fator de risco cardiovascular; g) Avaliação da influência da perda ponderal sobre o risco cardiovascular e metabólico.

Para tal, procedeu-se à análise comparativa de 112 mulheres com obesidade e 100 mulheres normoponderais, ajustadas para a idade, caucasianas, pré-menopáusicas e sem diagnóstico prévio de comorbilidades.

Foi efetuada uma história clínica, aplicado um questionário de atividade física (IPAQ) e um registo detalhado do consumo alimentar. Procedeu-se à caraterização antropométrica, registo da pressão arterial (método convencional e monitorização ambulatória - MAPA) e colheita de sangue, após jejum de 10 horas, para determinação da concentração de glicose, trigliceridos, colesterol total, LDL e HDL, insulina, péptido C, pró-insulina, glucagon, glucagon-like peptide 1(GLP-1), ácidos gordos livres, apolipoproteínas A-I, A-II, B, C-II, C-III e E, leptina, adiponectina, resistina, inibidor 1 do ativador do plasminogénio (PAI-1), proteína 4 de ligação ao retinol (RBP-4), fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina 6 (IL-6), proteína 1 quimiotáxica dos monócitos (MCP-1), molécula 1 de adesão intercelular (ICAM- 1), molécula 1 de adesão vascular-celular (VCAM-1) e proteína C reativa de alta sensibilidade (hs-CRP). Foi ainda determinada a hemoglobina glicada e a atividade da paraoxonase 1 (PON-1).

As mulheres com obesidade foram submetidas a prova clássica de tolerância à glicose oral, com determinação das concentrações de glicose e insulina.

Recorreu-se a quatro modelos matemáticos de avaliação da resistência à insulina (HOMA-IR, QUICKI, fórmula de McAuley e fórmula de Matsuda) e a dois modelos matemáticos de avaliação da capacidade de secreção pancreática (HOMA-%beta e índice insulinogénico). Procedeu-se ao diagnóstico de síndrome metabólica de acordo com a definição conjunta, de 2009, da IDF, NHLBI, AHA, WHF, IAS e IASO.

Para estudo genético, consideraram-se 19 polimorfismos de 13 genes diferentes.

O grau de atividade da aterosclerose foi determinado através da espessura da íntima-média carotídea e o risco cardiovascular estimado através do cálculo das equações de Framingham e PROCAM.

Foi possível demonstrar determinismo genético na obesidade, tornando a pessoa mais suscetível às influências ambientais com acréscimo de risco para obesidade de 2,27 com o polimorfismo rs9939609 do gene FTO, de 3,53 com o polimorfismo rs266729 do gene da adiponectina e de 2,23 com o polimorfismo rs662 do gene da PON-1. Adicionalmente, verificou-se maior grau de sedentarismo associado à obesidade.

Na obesidade, foi demonstrado aumento nos níveis circulantes dos dois principais sinais de adiposidade (leptina e insulina), bem como do GLP-1. Contudo, os níveis de insulina e de GLP-1 eram determinados pela supremacia da sua ação no metabolismo dos hidratos de carbono.

Alternate abstract:

Obesity is a medical condition with a high prevalence worldwide. Besides being itself an important cardiovascular risk factor, obesity is also frequently associated with other medical disorders that are per secardiovascular risk factors.

The aims of this work were: a) To identify risk factors for obesity; b) To evaluate the role of some hormones at the mechanisms of weight control; c) To study adipose tissue as an endocrine organ; d) To evaluate the relationship between obesity, type 2 diabetes, dyslipidemia and high blood pressure; e) To evaluate the cardiovascular risk associated with obesity; f) To evaluate metabolic syndrome as a cardiovascular risk factor; g) To assess the influence of weight loss on cardiometabolic risk.

One hundred and twelve obese women and 100 lean women were compared. The groups were adjusted for age and fertile status.

All women were Caucasian and presented no known health condition at the baseline. All women were submitted to an anamnesis, fulfilled the short form of the International Physical Activity Questionnaireand answered to a full detailed 24 hours food intake questionnaire, referring to an ordinary day.

Each woman was characterized for anthropometrics and blood pressure was assessed by conventional method (at the medical office) and by ambulatory blood pressure monitoring (24h). After an overnight fasting, a blood sample was collected for the assessment of a vast array of biochemical and endocrinological parameters: glucose, triglycerides, total cholesterol, LDL and HDL cholesterol, insulin, C peptide, proinsulin, glucagon, glucagonlike peptide 1 (GLP-1), free fatty acids, apolipoproteins A-I, A-II, B, C-II, C-III and E, leptin, adiponectin, resistin, plasminogen activator inhibitor-1 (PAI-1), retinol-binding protein 4 (RBP-4), tumor necrosis factor alpha (TNF-α), interleukin 6 (IL-6), monocyte chemotactic protein 1 (MCP-1), intercellular adhesion molecule 1 (ICAM-1), vascular-cellular adhesion molecule 1 (VCAM-1), high-sensitivity C reactive protein (hs-CRP), glycated hemoglobin and paraoxonase 1 (PON-1) activity. After fasting blood collection, obese women were submitted to a classic oral glucose tolerance test for assessment of glucose and insulin every 30 minutes.

Insulin resistance was determined through 4 mathematical indexes (HOMA-IR, QUICKI, McAuley formula and Matsuda formula) and insulin secretion by 2 indexes (HOMA-%beta and insulinogenic index). Women were classified for metabolic syndrome accordingly to the 2009 IDF, NHLBI, AHA, WHF, IAS and IASO joint definition.

Nineteen genetic polymorphisms (13 genes) were considered in this study.

Atherosclerosis activity was assessed by the carotid intima-media thickness (IMT). Cardiovascular risk was determined by the use of Framingham and PROCAM equations through website calculators.

It was possible to demonstrate a genetic background for obesity risk, generating a greater susceptibility to the obesogenic environment. Three polymorphisms showed more than doubling the risk for obesity: 2.27 for the rs9939609 of FTO gene, 3.53 for the rs266729 of adiponectin gene and 2.23 for the rs662 of PON-1 gene. It was also found that obese women showed less physical activity rates.

It was confirmed that obesity associates with higher circulating levels of leptin, insulin and GLP-1. However, insulin and GLP-1 levels were driven by the supremacy of its actions on carbohydrate metabolism.

Details

Title
Contribuição Para o Estudo da Obesidade e Implicações Sobre o Risco Cardiovascular e Metabólico
Author
da Silva Nunes, José António
Publication year
2012
Publisher
ProQuest Dissertations & Theses
ISBN
9798382524139
Source type
Dissertation or Thesis
Language of publication
Portuguese
ProQuest document ID
3059428702
Copyright
Database copyright ProQuest LLC; ProQuest does not claim copyright in the individual underlying works.