Contribuição da Colaboração Terapêutica para a Mudança ao Longo da Terapia em Diferentes Diagnósticos e Abordagens Psicoterapêuticas

Abstract

Os estudos da presente tese foram fundamentados no pressuposto de que a qualidade da colaboração terapêutica é de suma importância para a construção de um relacionamento interpessoal significativo e para a mudança do cliente. Nesse contexto e norteados pelo modelo de assimilação de Stiles et al. (1990) e pelo modelo de colaboração terapêutica de Ribeiro et al. (2013), analisámos todo o processo terapêutico de casos com diferentes resultados, seguidos em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e Psicodinâmica por recurso metodológico a Escala de Assimilação de Experiências Problemáticas (EAEP) e ao Sistema de Codificação da Colaboração Terapêutica (SCCT).

No primeiro estudo comparativo, analisámos como as interações terapêuticas estavam associadas à mudança das clientes, com diagnóstico de depressão e tratadas a partir da Terapia Cognitivo Comportamental. O caso de sucesso alcançou níveis de mudanças mais altos. O aumento das interações terapêuticas com respostas de ambivalência no caso de insucesso é um resultado inovador, sugerindo uma dificuldade da cliente em manter os ganhos terapêuticos das primeiras sessões e uma resistência à mudança. No segundo estudo, caracterizamos o padrão da colaboração terapêutica e a mudança, em um caso de desistência da Terapia Psicodinâmica para perturbação de personalidade borderline. O cliente não apresentou mudança e a díade trabalhou dentro da zona de conforto do cliente. Isto sugere que permanecer mais de 80% das interações numa zona focada no problema parece não favorecer o avanço para a mudança.

No terceiro estudo identificamos as interações terapêuticas que caracterizaram os avanços e os retrocessos tanto no processo de mudança quanto, especificamente, em momentos de insights em um caso de sucesso, com diagnóstico de depressão e seguido em Terapia Psicodinâmica. Verificámos um irregular progresso na assimilação de experiências problemáticas, um trabalho colaborativo e intervenções da terapeuta sintonizadas com as necessidades e capacidades da cliente. Os resultados encontrados são consistentes com os modelos norteadores do estudo e sugerem que o desenvolvimento de uma colaboração terapêutica suficientemente boa parece ter suportado a mudança da cliente.

Alternate abstract:

The studies of this thesis assumed that the quality of therapeutic collaboration has major importance for the construction of a meaningful interpersonal relationship and the client’s change. In this context and guided by the assimilation model of Stiles et al. (1990) and the therapeutic collaboration model by Ribeiro et al. (2013), we analyzed the entire therapeutic process of cases with different results, followed by Cognitive Behavioral Therapy (CBT) and Psychodynamic Therapy, and using the Assimilation of Problematic Experiences Scale (APES) and the Therapeutic Collaboration Coding System (TCCS).

In the first comparative study, we analyzed how therapeutic interactions were associated with clients' change, diagnosed with depression, and treated by Cognitive Behavioral Therapy. The successful case reached higher levels of change. The increase in therapeutic interactions with ambivalence responses in the case of poor outcome case is new, suggesting a client's difficulty in maintaining the therapeutic gains of the first sessions and resistance to change.

In the second study, we characterized the pattern of therapeutic collaboration and the change in a case of dropout for borderline personality disorder by Psychodynamic Therapy. The client did not show change and the dyad worked within the client's comfort zone. This suggests that focusing more than 80% of interactions in a zone focused on the problem does not seem to foment progress toward change.

In the third study, we identified the therapeutic interactions that characterized the advances and setbacks both in the process of change, and specifically, in moments of insight in a good outcome case, with a diagnosis of depression and followed by Psychodynamic Therapy. We observed irregular progress in the assimilation of problematic experiences, collaborative work, and therapist’s interventions attuned to the client's needs and abilities. The results found are consistent with the study's guiding models and suggest that the development of a good enough therapeutic collaboration seems to have supported the client’s change.