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Abstract
Introdução: a anemia é o distúrbio hematológico mais comum na gravidez e considerado pela Organização Mundial de Saúde como um problema de saúde pública a nível mundial. Está associada a diversos outcomes materno-fetais negativos, como o parto pré-termo e o baixo peso à nascença.
Objetivos: este estudo procura determinar a prevalência da anemia nas grávidas do Centro Hospitalar Universitário Cova da Beira, bem como investigar fatores de risco para o desenvolvimento de anemia. Pretende avaliar os outcomes materno-fetais daí resultantes, tendo como objetivo último fundamentar intervenções clínicas precoces.
Metodologia: realizou-se uma investigação observacional retrospetiva através da consulta do Livro de Partos do ano de 2018, onde constam os processos clínicos de todas as grávidas e recém-nascidos cujos partos ocorrerem nesse ano. Foram incluídas 478 grávidas, tendo sido os critérios de exclusão a gemelaridade e ausência de análises do terceiro trimestre. Desta população estabeleceram-se dois grupos: grávidas com e sem anemia no terceiro trimestre; através dos processos clínicos identificaram-se potenciais fatores de risco e consequências materno-fetais. Aplicando o SPSS Statistics 25, efetuou-se uma análise estatística comparativa entre os dois grupos e posteriormente calcularam-se os Odds Ratio às variáveis com significância estatística, de modo a identificar os fatores de risco mais determinantes.
Resultados: a prevalência de anemia nas grávidas foi de 7,3% (23 anemias ligeiras e 12 moderadas). A prevalência aumentou sequencialmente nos três trimestres de gravidez (1,3; 6,2 e 7,3%), assim como a prevalência da carência de ferro (3,9; 18,8 e 23,1%). As grávidas com anemia apresentaram associação estatística com a ausência de formação universitária (p < 0,007); idade inferior a trinta e cinco anos (p < 0,001); paridade igual ou superior a dois (p < 0,001); número de gestações superior a um (p < 0,018) e antecedentes pessoais de anemia (p < 0,001). A análise dos Odds Ratio determinou que os fatores de risco mais relevantes foram os antecedentes de anemia (OR: 24,444) e paridade igual ou superior a dois (OR: 3,992). Não foram encontradas associações estatísticas entre anemia e parto pré-termo e baixo peso à nascença.
Conclusões: A manutenção da saúde materno-fetal deve ser uma preocupação constante. A identificação destes fatores de risco deve preparar os profissionais de saúde a reconhecê-los e agir preventivamente sobre eles.