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Abstract
A presente investigação examina os efeitos da recente crise financeira no comportamento individual na procura de seguros e perfis dos segurados (seguros do ramo vida). A investigação empírica é baseada em dados do Survey of Health Ageing and Retirement in Europe (SHARE), wave 2 (2007) e wave 4 (2010). O SHARE destina-se a indivíduos com idade igual ou superior a 50 anos, pelo que apenas foram considerados na presente investigação inquiridos entre os 50 e 86 anos. Foram definidas três amostras:
(i) países comuns em ambas as waves (conjunto de 12 países);
(ii) novos países estudados na wave 4 (incluindo Portugal);
(iii) e mesmo indivíduo inquirido em ambas as waves. As diferentes especificações foram testadas através de modelos Probit, adotando como variável dependente a posse de seguros de vida. Foram ainda estudados dois tipos de seguros de vida que são analisados de forma autónoma pela literatura: term life e whole life. Os resultados obtidos sugerem a existência de alterações comportamentais, após a crise, a nível da procura individual de seguros de vida, pois características como o género, a aversão ao risco financeiro e a situação face ao emprego, ganham importância. Por sua vez, fatores como a existência de filhos e o estado civil perdem relevo. O estudo das categorias de seguro term life e whole life revelou ser uma mais-valia, pois verificam-se distinções no comportamento dos indivíduos que procuram especificamente cada um dos dois tipos. Entre os fatores estudados na procura de seguros de vida destacaram-se: a riqueza real e financeira, a educação e a aversão ao risco financeiro. Variáveis como a idade e o endividamento associado à habitação também se revelaram igualmente importantes, mas essa importância resulta com forte probabilidade de fatores associados à oferta.